O comércio goiano está sentindo no caixa os reflexos da inflação, que corrói o poder de compra do consumidor. No último mês de setembro, o volume de vendas foi 7,5% menor que no mesmo período do ano passado, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE. Os estabelecimentos que tiveram as maiores quedas foram os supermercados e hipermercados, postos de combustível e as lojas de móveis e eletrodomésticos. Em relação à agosto de 2021, a queda foi de 1,9%. Nos nove primeiros meses deste ano, o comércio varejista goiano ainda acumula um crescimento de apenas 1,8% nas vendas.Nos supermercados e hipermercados, o volume de vendas foi 9,6% menor que em setembro de 2020. O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que a inflação reduziu o tamanho do mercado consumidor. “É um recuo muito significativo nas vendas em geral porque, no ano passado, os impactos da pandemia eram bem maiores”, destaca.Com os preços bem mais caros (inflação acumulada de 11,03% em 12 meses em Goiânia) e a renda estagnada ou até em queda, as pessoas hoje não têm mais condições de comprar o que compravam antes. Esta explicação também vale para a queda nas vendas de combustíveis, cujos preços elevados obrigam os motoristas a abastecerem cada vez menos.A queda de quase 25% nas vendas das lojas de móveis e eletrodomésticos também está diretamente relacionada ao menor poder de compra do consumidor, além da alta nos preços de vários artigos. Mas o superintendente do IBGE lembra que este é um setor muito dependente da oferta de crédito, que foi impactada pelas recentes altas dos juros no mercado. “As condições de crédito ficaram mais difíceis”, destaca Edson.Já o varejo ampliado, que considera também as vendas de automóveis, motos e peças e materiais de construção, registrou alta de 6,2% nas vendas. O bom desempenho foi puxado por um crescimento de 37,7% na comercialização de veículos e motos. “Este é um setor que foi muito prejudicado no ano passado, quando muitas fábricas ficaram meses sem produzir nada”, lembra.