Goiás fechou 19.354 postos de trabalho no ano passado. O resultado negativo foi comum a todos os entes da Federação, mas Goiás foi o terceiro Estado que menos perdeu vagas, ficando atrás apenas de Roraima e Mato Grosso do Sul. Levantamento do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) divulgado ontem apontou que, dos 36 municípios goianos com mais de 30 mil habitantes, 12 cidades, ou seja, um terço, se sobressaiu diante da crise (veja quadro). E estas cidades têm em comum a presença das agroindústrias. Com comportamento sazonal típico da vocação econômica de Goiás, a tendência é de que ocorra forte geração de empregos no primeiro semestre. Tanto que o Estado liderava nacionalmente o ranking até o mês de junho, com 8.639 empregos. Por conta dos desligamentos comuns do setor sucroalcooleiro no último trimestre é normal que surjam números negativos. Entretanto, a redução deste ano teve forte alavancada do comércio, que demitiu 7.827 pessoas. Mas alguns municípios conseguem destoar dessa realidade econômica. Segundo o economista Marcos Arriel, essas regiões possuem indústrias que absorvem a matéria-prima local fazendo um elo direto entre a empregabilidade rural e urbana. “A agropecuária não foi tão afetada assim no ano passado”, diz. Entre as cidades com resultados positivos estão Cristalina, município que aposta na diversificação de culturas, que vão desde soja e feijão, até batata, alho, cebola. Com mais de 630 pivôs instalados que geraram aumento de produção ao longo das últimas safras, desde 2010 o município passou a industrializar sua produção. Outro destaque, a cidade de Formosa, que tem uma ligação intrínseca com o turismo, também dá os primeiros passos para fortalecer a agroindústria. “Lá existe indústria de sementes certificadas”, diz Arriel. Para o economista Edilson Aguiais, especialista em agronegócio, outras características beneficiam o setor: a longevidade dos contratos e o fato de se tratar de produtos perecíveis. “Plantou tem que colher e a indústria precisa absorver boa parte do que veio do campo por conta dos contratos mínimos que são feitos com os produtores rurais”, diz. Ele ressalta que o setor de serviços, que sentiu muito a crise em 2016, não é complexo nessas regiões. E as indústrias sucroalcooleiras, com alta contratação de mão de obra, têm grande influência em Quirinópolis, Santa Helena de Goiás e Morrinhos. Ranking Municípios de Goiás com mais de 30 mil habitantes que tiveram saldo positivo em 2016 Cristalina – 1.528 Formosa – 671 Quirinópolis - 415 Santa Helena de Goiás – 374 Morrinhos – 154 São Luis dos Montes Belos – 146 Goiatuba – 141 Iporá – 112 Cidade Ocidental – 109 Goianira – 105 Caldas Novas – 88 Inhumas – 44