A Enel Americas, subsidiária do Grupo Enel para a América Latina, reforçou ontem, em divulgação para imprensa, que não há interesse da multinacional italiana em vender a concessão de distribuição de energia elétrica em Goiás. A manifestação vem em reposta à última pressão por melhorias feita pelo governador Ronaldo Caiado (DEM). No último dia 14, ele propôs que a empresa repassasse a antiga Celg para outra empresa privada e ainda sugeriu que a portuguesa EDP teria interesse.A empresa reafirmou que mantém compromisso assumido desde aquisição da concessionária, que foi adquirida pelo grupo em fevereiro de 2017 após leilão feito no governo de Marconi Perillo (PSDB), e que trabalha pela “recuperação do sistema elétrico do Estado, depois de anos de baixos investimentos”. A condição precária da extensa rede que a Enel recebeu faz parte da principal justificava sobre a demora para melhoria da qualidade do serviço, especialmente no interior do Estado.Prestes a completar três anos no controle da empresa, a companhia garante que melhorou a qualidade até acima do histórico da distribuidora. Porém, o grupo é alvo de constante pressão do governo estadual tanto pelo atendimento à demanda reprimida quanto pelo tempo e frequência em que os goianos ainda ficam no escuro.“Vamos seguir dedicando todos os nossos esforços para continuar melhorando a qualidade do serviço, tal como anunciamos quando fomos os únicos ofertantes no leilão de privatização da distribuidora Celg. Somente este ano, a Enel Distribuição investirá mais de R$ 1 bilhão em sua área de concessão, montante aproximadamente cinco vezes maior do que os níveis históricos investidos antes da privatização”, explicou em nota o gerente-geral da Enel Américas, Maurizio Bezzeccheri.ClientesA Enel defende que os investimentos já realizados têm resultado em melhoria nos indicadores de qualidade medidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Cita que a duração das interrupções de energia (DEC) por cliente é indicador que teve melhora em mais de 20% em novembro do ano passado e a frequência média das interrupções (FEC) caiu em cerca de 40% naquele mês.De outro lado, conforme tem ressaltado o secretário de Desenvolvimento e Inovação de Goiás, Adriano da Rocha Lima, nas últimas entrevistas ao POPULAR, os indicadores não são tão favoráveis à empresa quando se analisa os conjuntos elétricos. Ou seja, quando se considera cada região goiana abastecida e não uma média geral.Houve piora em 72 dos 156 conjuntos elétricos da área de concessão em Goiás, segundo os últimos dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O presidente da Enel Distribuição Goiás, José Luis Salas, afirmou à reportagem, na semana passada, que até agosto conseguirão chegar à meta de 51% dos conjuntos dentro dos limites estabelecidos pela Aneel e firmados no plano emergencial assinado em fevereiro do ano passado.“Em 2019, a Enel Distribuição Goiás cumpriu todas as metas estabelecidas no plano de ação e investimentos acordados em agosto com o Ministério de Minas e Energia (MME), a Aneel e o governo estadual e, em 2020, continuará cumprindo o plano de forma acelerada. A companhia mantém reuniões periódicas com o MME, o órgão regulador e o Estado de Goiás para monitorar o avanço das ações estabelecidas no plano”, assegurou o gerente-geral da Enel Américas, Maurizio Bezzeccheri.Uma reunião de acompanhamento tanto do plano emergencial quanto do termo de compromisso (plano de ação e investimentos) está marcada para 10 de fevereiro.ResultadosA Enel Américas divulgou também que reafirma o “compromisso de transparência e, por isso, seguirá informando, tal como tem sido feito até o momento, trimestralmente ao mercado os resultados financeiros e operativos de Goiás nas apresentações de resultados”.No último relatório, divulgado em outubro e referente a informações de janeiro a setembro passado, os ativos da distribuidora goiana somavam R$ 2,995 bilhões, enquanto o documento referente a dezembro de 2018 eram de R$ 3,173 bilhões. A margem de contribuição também registrou queda, passou de R$ 435,787 milhões para R$ 345,226 milhões.