A Enel Distribuição Goiás voltou a ter prejuízo, o segundo desde a privatização da antiga Celg-D, em 2017. O relatório econômico-financeiro de 2021 mostra que a distribuidora teve resultado negativo de R$ 118,284 milhões. Isso mesmo com incremento tanto no número de clientes efetivos faturados (2,4%) quanto no consumo de energia (1,9%) no ano passado em relação à 2020, quando a pandemia com as medidas mais severas de isolamento social levaram à redução no volume comercializado. Por nota, a companhia explica que o balanço foi impactado pela continuidade da realização de forte volume de investimentos nos últimos anos, aumento da dívida e do custo dela com a alta de juros. Tudo isso levou a um consequente aumento de gastos financeiros que afetou o caixa em 2021, quando houve o maior prejuízo da empresa até aqui. Em 2020, o lucro líquido registrado foi de R$ 134,6 milhões, com aumento de receita e redução de custos.Já em 2019, quando ocorreu o primeiro prejuízo registrado, com R$ 100 milhões negativos, o que mais impactou a trajetória de lucro da empresa foi a mudança realizada pelo governo de Ronaldo Caiado (União Brasil) na legislação que trata do Fundo de Aporte (Funac), que fazia parte dos benefícios oferecidos pelo Estado no contexto de venda da antiga estatal. Despesas No ano passado, o incremento nas despesas financeiras chegou a R$ 231 milhões, com aumento líquido de R$ 153 milhões nas rubricas de dívida, o que inclui R$ 147 milhões de encargos devido principalmente à alta de 1,63% do indicador CDI somado ao maior volume de empréstimos contratados em 2021. Além disso, há efeitos da inflação e até aumento de R$45,4 milhões em atualização de provisão para riscos tributários, cíveis e trabalhistas, reflexo, segundo relatório da Enel, da normalização da rotina de processos judiciais com o abrandamento da pandemia. A dívida bruta encerrou o quarto trimestre em R$ 5,611 bilhões, com um incremento de R$ 2,763 bilhões em relação ao mesmo período do ano anterior, que é explicado principalmente pelas novas captações com o objetivo de financiar capital de giro, investimentos e refinanciamento de débitos. Investimento Os investimentos realizados pela Enel Goiás em 2021 registraram um total de R$ 2,1 bilhões, volume 72,3% superior ao investido em 2020, com aumento em quase todas as linhas. O maior patamar desde o início da atuação do grupo italiano no Estado.No balanço econômico, a companhia detalha que para tanto e diante dos efeitos no caixa trazidos pela pandemia de Covid-19 e pela crise hidrológica foi preciso ter recursos adicionais que alteraram o planejamento. Somente para conexão de novos clientes, foram destinados R$ 728 milhões e para a rede R$ 962,9 milhões. A empresa informa ainda que foram destinados para a qualidade do sistema 65,4% a mais de recurso, o que representou R$ 587,6 milhões. Ainda assim, o desempenho operacional piorou e foi percebido pelos consumidores. Queda de energiaOs indicadores de Duração Equivalente de Interrupção (DEC) e Frequência Equivalente de Interrupção (FEC) trazem o termômetro sobre o serviço da companhia. No último ano, o DEC teve crescimento de 13,8%, ou seja, aumentou o tempo em que os goianos ficam no escuro. Enquanto o FEC recuou 6%. A justificativa apresentada para a piora é de que houve aumento de ocorrências devido às condições climáticas adversas. Segundo a empresa, a área de concessão foi significativamente atingida por chuvas fortes e constantes, acompanhadas de ventos e descargas atmosféricas, o que causou dificuldade de acesso a algumas localidades. Por nota, a empresa informou à reportagem que o “compromisso da companhia com a qualidade do serviço e com o desenvolvimento do Estado de Goiás norteou a trajetória de aumento dos investimentos realizados em 2021”.