O governo de Goiás pretende cortar “gorduras” nos benefícios e incentivos fiscais a empresas em Goiás. Em reunião com empresários, ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fieg), a secretária da Economia, Cristiane Schmidt, disse que os cortes serão definidos com a participação do setor produtivo para evitar perda de competitividade.De acordo com Cristiane, o objetivo é sentar com a indústria, comércio e setor agropecuário para debater onde e quanto é possível cortar para reduzir os cerca de R$ 8 bilhões em renúncia fiscal, quase metade do orçamento. Ela acredita que muitos incentivos serão mantidos, mas que devem existir “gorduras”. “Ainda não fizemos os estudos para definir quais setores precisam de incentivos para terem competitividade e o retorno que eles estão trazendo para o Estado. Queremos ter uma agenda em conjunto com o empresariado para não errar”, afirmou. A medida faz parte do plano de ajuste fiscal que Goiás está elaborando para conseguir o aval do governo federal e poder acessar um plano de ajuda que está sendo desenhado. “Já fizemos um decreto de corte de 25% em nossos contratos, ajustes em funcionários comissionados e estamos otimizando custos com o corte de aluguéis”, lembrou a secretária. Segundo ela, outra medida importante é a reforma da Previdência estadual visando mudar a trajetória de crescimento exponencial do déficit, que chegou a R$ 2,5 bilhões ano passado. Hoje, 83% da receita vão para a folha de ativos e inativos.A secretária explica que o governo federal exige esse plano de ações para garantir ajuda em curto prazo aos Estados que enfrentam crise. Ela lembra que não será um empréstimo federal, mas um aval da União para que seja possível obter recursos junto à iniciativa privada. “Sem este aval, com nossa capacidade de pagamento C, indo para a D, será muito mais difícil”, alerta.CompetitividadePara os empresários, a manutenção dos incentivos é primordial para manter a competitividade das empresas locais. O presidente da Fieg, Sandro Mabel, lembrou que os incentivos não proporcionam aumento de lucro, mas a realização de investimentos e a equalização de custos e preços. “Como um produto lácteo goiano vai chegar a São Paulo para concorrer com os produtos de lá sem um incentivo? Sem isso, teremos apenas pequenas indústrias produzindo para o mercado interno.”De acordo com ele, os cortes que já foram feitos, como no Protege, estão desestimulando investimentos em Goiás, os quais estão sendo direcionados para unidades no Distrito Federal e Minas Gerais. “Goiás deve ficar de fora do processo de retomada da economia, sem receber novos investimentos”, criticou Mabel. Ele ressalta que nenhuma empresa vai optar por um Estado que está fazendo CPIs de incentivos fiscais e em sua companhia de energia elétrica. Para elevar a arrecadação, Mabel sugere o corte do benefício fiscal para a exportação de grãos in natura, como a soja, o que proporcionaria um incremento imediato de R$ 500 milhões na arrecadação e mais R$ 400 milhões em salários com o aumento da produção industrial no Estado. “O polo industrial de Anápolis nasceu por causa dos incentivos, que têm conceito diferente de renúncia”, diz o presidente da Associação Comercial e Industrial da cidade, Anastacios Apostolos Dagios.