O governo estadual busca diálogo com o grupo italiano Enel para apoiar uma possível mudança no controle da Enel Distribuição Goiás, antiga Celg-D. Processo que é considerado inevitável diante dos descumprimentos de metas. A empresa informou por meio de fato relevante ao mercado, na terça-feira (26), que não há oferta, acordo ou proposta de alienação das ações ou ativos. Porém, circulou no início da semana a informação de que a empresa iniciou sondagem para venda da distribuidora goiana. Secretário-geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima esteve nesta quarta-feira (27) em reunião na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quando foi discutido o processo de avaliação da empresa, que caminha para a caducidade da concessão. “O nosso desafio é garantir uma transição para outro controlador com rapidez e com condições de investir e recuperar a distribuição no Estado de Goiás”, afirma ele que acredita na hipótese de venda. Na possibilidade de caducidade ou oferta da empresa, o receio é de que a população seja penalizada, porque os prazos para ter uma melhoria efetiva na rede elétrica tendem a ser ainda mais esticados. Uma extinção do contrato pode ser considerada um marco para todo o setor elétrico. “Nunca aconteceu no Brasil para empresa de distribuição. Então é tudo muito novo, não há um histórico ou prática consolidada”, revela Adriano. Indicadores Conforme mostrou O POPULAR, a Enel Goiás descumpre consecutivamente as metas firmadas com o governo federal nos planos de melhoria no atendimento ao consumidor goiano. O último documento em vigor estipula prazo até setembro para alcance das metas para reduzir especialmente o volume de horas que os consumidores ficam no escuro. Porém, há consenso de que a empresa não deve conseguir cumprir. “Em fevereiro de 2023, sairá o relatório de 2022 e pelo nível que se tem hoje e pelo prazo é impossível. Faltam seis pontos para chegar e não dá mais tempo. O que a Aneel diz é que uma vez publicado o relatório e não atingido não há possibilidade de renegociação”, explica Adriano sobre o processo de perda da concessão que acredita ser automático. Uma situação que considera ruim para o Estado por criar um vácuo com possível administração federal até que outra empresa assuma. Do ponto de vista de mercado, uma venda depois de perder direito de operar também é um cenário visto como ruim. Para o secretário-geral da Governadoria, a Enel deveria ter aceitado a sugestão feita pelo governador Ronaldo Caiado (UB) no início de 2020 para a venda do ativo. Ele acredita, após reuniões em Brasília, que a única possibilidade de renegociar as condições contratuais seria pela transferência de controle acionário ou pela perda da concessão. Por outro lado, tramita no Congresso o Projeto de Lei 414 que cria condições de flexibilização e pode favorecer a permanência da Enel com a distribuidora goiana, caso aprovado. Para a venda, a empresa precisa comunicar o governo federal, o que ainda não foi feito. O processo em relação às melhorias também ainda está em análise pela Aneel. Resposta Em resposta, a Enel Distribuição Goiás informou por meio de nota que “dá sequência ao forte plano de investimentos que vem sendo implementado no Estado”. Para 2022, a companhia prevê aumento no plano de manutenção e poda como estratégia para contribuir com o atingimento das metas do contrato de concessão. “O alto volume de investimentos feitos ao longo dos últimos cinco anos permite que hoje a empresa registre resultados históricos de melhoria: a frequência média anual de quedas, por exemplo, já está bem melhor que a meta contratual, chegando a 8,3 vezes em fevereiro, uma redução de 52% em relação a dezembro de 2017”, aponta em nota. Mas a duração das interrupções ainda é um desafio mesmo com evolução registrada em relação aos primeiros anos pós-privatização. “Em 2017, os goianos ficavam 31,7 horas sem energia, ao passo que hoje esse número já caiu em torno de 40%, para 18,20 horas. Os investimentos feitos pela Enel estão associados a um plano de negócio que busca o atendimento das necessidades do sistema como um todo. A companhia tem buscado não só as metas de qualidade, mas também outros compromissos fundamentais para garantir a continuidade do desenvolvimento do Estado.” A nota encaminhada ainda ressalta redução da demanda reprimida de 617 MVA, aporte de tecnologia, construção de 16 subestações em quatro anos, modernização e ampliação de outras 116. Além disso, no período de atuação, também citam 17 mil quilômetros de redes de alta, média e baixa tensão, 9 mil equipamentos de automação na rede, entre telecontroles e tripsavers e novas conexões rurais. "A Enel tem transformado o sistema elétrico goiano e trabalhado, portanto, pelo avanço na qualidade do serviço de forma sustentável e duradoura, construindo a base necessária para que Goiás possa ter, em curto e médio prazos, a energia que vai impulsionar o progresso, com a qualidade que os goianos esperam e merecem. A companhia seguirá comprometida com esse propósito e aberta ao diálogo com todos os nossos parceiros, na busca de soluções que beneficiem todo o Estado e o povo goiano."Leia também: Governo estadual acompanha nos bastidores possível venda da Enel GoiásEnel Goiás descumpre de novo meta firmada com a Aneel Enel é de novo a 3ª pior concessionária de energia elétrica do País