O que tem alimentado a inflação no País?Os custos, que foram transferidos para a economia no início do ano passado pelo governo, além uma elevada taxa Selic, aliada a uma redução dos créditos de forma muito abrupta. Isso travou a economia muito fortemente, num cenário muito diferente de 2008 e 2009. Lá atrás, as empresas acreditaram na evolução continuada do País e captaram financiamento. O mesmo ocorreu com os Estados, que foram incentivados a captar recursos para investir em infraestrutura. Mas o aumento forte da Selic e a limitação das linhas de financiamento foram perversas tanto para a economia quanto para os governos, seja federal, municipal ou estadual. Uma das ferramentas do governo para tentar conter a inflação é a taxa de juros, que hoje está a 14,25%, mas não dá sinais de arrefecer. Na sua avaliação, qual a melhor estratégia?Nós estamos com um método de trabalho para conduzir a inflação totalmente diferente daquilo que é utilizado pelos países mais avançados. Os Estados Unidos, a Espanha e o México operam com taxas de juros anuais extremamente baixas, independente do comportamento da inflação. Em 2008, os Estados Unidos estavam com uma inflação em torno de 4%, operando com juros anuais no mesmo patamar. Quando veio a bolha imobiliária que afetou os bancos, o governo arriou os juros anuais para 0,25% e agora está a 0,5%. E há quem diga que está comprometendo as vendas. Aqui, operamos com 14,25%, e aí os economistas tradicionais ainda dizem que falta confiança no empresariado. Mas a verdade é que falta venda. É preciso diminuir os custos. Se o Brasil não passar a trabalhar com taxas de juros baixas, vai contabilizar dívidas absurdas, enquanto enche os cofres dos bancos. Estamos afundando. Assim, o Brasil quebra até o fim do ano. Falta confiança ao setor. É preciso destravar as vendas. Diminuir o custo do financiamento. Esse modelo atual é desacreditado. O que propõe o Fórum Democracia Ativa ? Hoje, o ajuste fiscal é menos urgente que o monetário. Do jeito que está, ninguém consegue pagar as contas. As mudanças das leis federais são um ponto subsequente, não é o prioritário. O prioritário é a queda de alíquota e concessão de crédito. Hoje, o custo do financiamento está 71% mais caro para as pessoas. O dinheiro do trabalhador não se multiplica nessa velocidade. No ano passado, 41% dos apartamentos foram devolvidos. As concessionárias estão fechando, porque não têm quem compre carros. Falta condições para o consumidor comprar e o consumo bem trabalhado é o melhor dos mundos. O senhor defende a taxa Selic a 3%, muito distante do que a atual, em 14,25%. Como seria essa mudança e o que ela promoveria?Em curtíssimo prazo, só depende do Copom. Se procurarmos soluções, como o reajuste fiscal, vai demorar porque é um imbróglio muito grande. Precisa de entendimento entre situação e oposição, o que não acontece. Mas a taxa de juros depende do Banco Central. Nos Estados Unidos ocorreu em 12 meses. No mês passado, o País contabilizou R$ 56 bilhões só em juros. A economia que o governo federal está querendo fazer, de forma burra, com a CPMF, renderia R$ 34 bilhões. Se tivéssemos a Selic a 3%, o custo seria reduzido para R$ 12 bilhões. Ou seja, só num mês, economizaríamos mais que toda a CPMF. Mas alguns economistas acreditam que, com a taxa tão baixa, haveria uma debandada dos investidores de fora...Na composição do bolo do País, somente 18% é de dinheiro estrangeiro. Então, não ficaríamos com as calças na mão, certo? Mas se quebrarmos, que dinheiro fica? Temos que ter peito para tomarmos as decisões corretas. Estamos na contramão do mundo. Estamos necrosando. Como o Estado de Goiás é afetado com esses juros altos?O Estado de Goiás captou recursos em 2013 para investir em infraestrutura. A dívida correspondia a 2% da receita do Estado, mas ano passado foi para 22%. Não dá para fazer milagre. O governo federal travou a busca por recursos. Aí não tem jeito, faltam recursos para a saúde, segurança, transporte. É preciso destravar a economia e o governo federal precisa destravar os Estados. Sem essa política do eu te dou, você me dá. Goiás tem possibilidade de pegar recursos. O nosso problema não está no Congresso, nesse momento de UTI. Temos que reposicionar a política monetária. E se não cair a ficha, nós vamos quebrar. Nós estamos num caminho de insolvência por burrice. Se mudarmos a política monetária, saímos dessa.[QUADRO]