Depois de quatro quedas consecutivas nas usinas, o preço médio pago pelo consumidor goiano no etanol caiu 4,13% nos postos na semana passada, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Até o dia 4 de dezembro, a média praticada no Estado era de R$ 5,26, enquanto de 21 a 27 de novembro o valor estava em R$ 5,49. A redução é explicada pelo recuo nas vendas do combustível ao longo do mês passado e pela desvalorização que ocorreu do petróleo.No entanto, quando se compara com o ano passado, o combustível está em média 66,67% mais caro. Alcançou em novembro o maior patamar registrado pela pesquisa da ANP, cuja série histórica tem início em 2001. Com o valor nas alturas, segundo especialistas, era esperado que pudesse ocorrer uma queda na demanda em Goiás, o que é parte da explicação para a redução atual do preço mesmo com a entressafra.“O problema não é a safra e sim a oferta e a demanda. Como tinha demanda constante, quando chegava na entressafra, com menor oferta, o preço subia”, pontua o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha. Ele explica que a menor produção de etanol hidratado elevou os preços ao longo de 2021 e entre outubro e novembro a reação do mercado foi de recuo expressivo das compras, pois compensa mais ao motorista abastecer com gasolina. “Aconteceu queda alta de consumo e a gente voltou a ter melhor balanço de oferta e demanda e o preço começou a cair. O que deve fazer voltar a consumir”, reforça sobre a mudança no cenário deste ano. Indicador semanal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que para vendas internas do combustível a partir das usinas o valor do litro teve redução de R$ 0,28 de 5 de novembro para 3 de dezembro. Nos postos, todavia, para o consumidor final, a trajetória de redução só começou a ser percebida a partir da última semana de novembro, com o recuo de R$ 0,22 até o dia 4 de dezembro, conforme acompanhamento da ANP. Sobre esse efeito menor nas bombas, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, lembra que há no meio do caminho – entre usina e revenda – a distribuição, que torna mais difícil a diminuição imediata de valores. “Temos redução na indústria que é divulgada toda semana pela Esalq (Cepea), mas nas distribuidoras não temos referência oficial que demonstre o comportamento dos preços. Tão logo os postos receberam etanol com preço mais baixo, foi repassado”, defende. Ele afirma que alguns empresários baixaram o preço até além do que fez o atacado pela necessidade atual do mercado e já na espera de novos recuos, que ele explica que podem não chegar de uma vez só. “Não é instantâneo e percebemos, como os consumidores, que sempre os aumentos chegam mais rápido do que as reduções. Isso é um fato que não tem como esconder”, confessa Márcio. “Quando você tem um estoque e há anúncio de reajuste, a tendência é de proteger o capital, porque precisa comprar o produto com preço mais caro e pensa em repassar mais rápido para ter menos perda. Quando cai o preço e tem um produto mais caro, tenta desovar o que pagou mais caro com o valor alto para não levar prejuízo.”De outro lado, o representante dos postos ressalta que a concorrência pode fazer com que empresários reduzam o preço mesmo fora desta lógica para não perder clientes. “Nossa expectativa, neste momento, é de mais reduções. Então, de forma geral, estamos reduzindo estoques”, completa Márcio ao incluir a gasolina também na espera por alívio nos valores. Nesta segunda-feira (6), já havia postos na capital com valores praticados no etanol hidratado menor do que na semana passada. A reportagem encontrou no Setor Vila Nova, por exemplo, litro à venda por R$ 4,69. O mesmo valor também foi encontrado em Goiânia na GO-70 e no Jardim Aritana.-Imagem (1.2367050)