Furnas iniciou, em Aparecida de Goiânia, o desenvolvimento de um projeto que busca viabilizar uma nova opção de geração de energia elétrica a partir dos raios solares com sistema solar heliotérmico. A iniciativa é inédita no Brasil, tem R$ 7,5 milhões em investimentos e um protótipo é construído no Centro Tecnológico de Engenharia Civil na cidade goiana para possibilitar que testes tenham início a partir de 2022. O objetivo é chegar a uma usina termossolar e nesse processo há produção de uma das estruturas necessárias para o sistema: coletor heliotérmico. Ele é semelhante a uma calha, onde a energia é concentrada. Mas esse equipamento não existe à venda no País, dessa forma, será o primeiro brasileiro. A partir disso e com outras peças importadas, será possível gerar 1 megawatt (MW), o suficiente para abastecer cerca de mil residências. Essa geração funciona a partir de espelhos parabólicos que refletem a luz do sol e a concentram num único ponto. O calor acumulado é usado para aquecer um líquido, o vapor movimenta turbinas, que, por sua vez, acionam um gerador, que produzirá a energia elétrica. A energia termossolar é uma das formas de aproveitar os raios solares; outra opção é a fotovoltaica, que utiliza placas solares para a geração direta. Gerente do Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas, Renato Cabral lembra que outro uso da geração térmica solar é aquele utilizado para aquecer água para residências ou piscinas, o que é mais comum. A diferença com o projeto, conforme explica, é incorporar uma nova tecnologia que o País ainda não utiliza e de que outros países já fazem uso, como Espanha, Estados Unidos e China. A necessidade de redução do uso de combustíveis fósseis e geração de energia limpa motiva a pesquisa desenvolvida por Furnas, que tem parceria com Eudora Energia, empresa que desenvolve tecnologias para essa área de energias renováveis, e participação do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). “As tecnologias têm vantagens e desvantagens, a (geração) fotovoltaica tem a questão do tempo de vida do equipamento e capacidade de geração, porque há perdas. Já a heliotérmica aproveita mais os raios e em uma área menor para a mesma produção.”Por outro lado, ainda não ganhou o mercado pelo preço. A importação de todas as peças torna a opção menos vantajosa diante da disponibilidade que há dos painéis solares. “Grandes produções mundiais mostram que pode passar a ser uma tecnologia viável, mas primeiro precisamos trazê-la para o País”, pontua o gerente. Dessa forma, parte do projeto de Furnas é verificar a viabilidade da implantação desse sistema em larga escala e a comercialização para outras empresas do setor. Com o desenvolvimento do coletor, que é um dos itens mais importantes e caros, a intenção é verificar toda a cadeia de produção e checar se é possível baratear a implantação do sistema para que possa ser adotado no Brasil.“Baseado nisso, vamos verificar se é possível caminhar para a usina, por isso o projeto é dividido em etapas.” Renato defende que uma tecnologia não é melhor do que outra, por isso a ideia é possibilitar maior diversidade no mercado brasileiro para que, ao implantar uma geração solar, seja possível avaliar qual modelo pode ser mais viável para cada situação. “A principal questão é o custo, porque a tecnologia existe há décadas. Só que o Brasil deu foco na fotovoltaica e a heliotérmica foi deixada em segundo plano.” Os protótipos serão construídos entre maio e novembro de 2021 e a expectativa é que no início do ano que vem comece a fase de testes da usina. “A geração no Brasil é mais eficiente do que na Europa, por isso temos a visão de que qualquer tecnologia aliada a solar tem um amplo campo e Goiás tem uma demanda por energia tremenda”, pontua ao citar as falhas na distribuição que afetam o agronegócio.-Imagem (1.2220470)