A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (5) o sexto reajuste do ano sobre o preço do gás de cozinha, que ficou 5,9% mais caro nas refinarias. Com isso, o preço médio do botijão de 13 quilos na capital já chegou a R$ 105, mas o aumento pode ser ainda maior nos próximos dias. Isso porque a companhia anunciou também novos reajustes nos preços da gasolina, que ficará 6,3% mais cara, e do óleo diesel, que subirá 3,7%, o que deve impactar diretamente no preço do frete para os botijões. O gás de cozinha já havia subido 5,9% no fim do mês passado, fazendo com que o preço cobrado nos depósitos da capital chegasse aos R$ 100. Somente este ano, a gasolina já acumula aumento de 46%, enquanto o diesel soma alta de 39%, e o gás de cozinha, de 38%. Com tantos reajustes em plena pandemia, os revendedores se queixam de quedas de até 50% nas vendas, aumento de demissões e fechamento de empresas.Para o revendedor Uesley Luiz de Souza, da América Gás, o reajuste é ruim para quem compra e para quem vende o produto. Ele, que hoje vende o gás por R$ 100, prevê que o preço deve ficar entre R$ 105 e R$ 115, dependendo da região para a entrega, pois o custo do frete também vai subir. “Ainda não sabemos o valor exato do reajuste porque, com a alta dos combustíveis, o novo valor do frete também será repassado, ocasionando um reajuste ainda maior que o anunciado para o gás de cozinha”, alerta.Uesley garante que, a cada reajuste anunciado, a margem das revendas fica menor. Segundo ele, se todos os aumentos tivessem sido repassados, o botijão já estaria custando pelo menos R$ 130. Mesmo assim, as vendas já caíram cerca de 30% nos últimos meses e dois entregadores já tiveram que ser dispensados, relata. “Os clientes reclamam muito dos reajustes e muita gente já reduziu bastante o consumo para fazer o botijão render mais ao longo do mês”, conta o empresário.Aumento maiorO revendedor Fernando Rocha disse que ainda não sabia que índice de reajuste seria praticado, mas lembra que o último repasse foi de R$ 3,70. “O consumidor reclama pra gente porque pensa que a culpa é do depósito. Muitas vezes, o valor do aumento que chega pra gente é até superior ao que foi anunciado na refinaria”, afirma. O resultado, segundo ele, já foi uma queda de quase 40% nas vendas e um corte de funcionários: de cinco para apenas dois. “Também fomos muito afetados pela pandemia, pois atendíamos escolas, buffets, hotéis e restaurantes. Muitos fecharam”, ressalta Fernando.Algumas revendas já haviam reajustado o preço do gás ontem de R$ 100 para R$ 105. Para Mônica Helena de Ataíde, da GasLar, está cada diz mais difícil bater as metas de vendas por causa de tantos reajustes, pois as vendas já caíram 50%. A empresa já precisou fechar uma das revendas e demitir funcionários. “Os clientes reclamam muito das altas neste período de mais dificuldade por conta da pandemia e alguns chega pedindo descontos, principalmente os mais carentes”, conta.Para o presidente do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás na Região Centro-Oeste (Sinergás), Zenildo Dias do Vale, ficou impossível para os revendedores legalizados venderem o botijão por menos de R$ 100 e o preço médio deve ficar em torno dos R$ 105 na capital. “As pessoas estão revoltadas e ficam brigando na porta dos revendedores, como se culpa fosse nossa”, diz. Para Zenildo, o governo federal precisa segurar o preço do gás de cozinha, por ser um produto essencial. “Os mais pobres não estão conseguindo mais comprar e muitos depósitos estão fechando”, alerta. O número de botijões vendidos já teria sofrido uma redução de cerca de 80 mil unidades mensais na capital e quase 300 mil no Estado. “Você vende um gás hoje e não consegue mais comprar amanhã, por isso o estoque dos depósitos vem caindo”.O preço na refinaria vai subir de R$ 44,20 para R$ 46,80. O motivo seria o encarecimento do petróleo no mercado internacional. Em nota, a Petrobras afirma que evita fazer os repasses de forma imediata e que busca o equilíbrio com o mercado internacional e a taxa de câmbio. “O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões”, alega a estatal.