Atualizada às 21h37O motorista goianiense foi surpreendido nesta segunda-feira (11) por mais um aumento nos preços dos combustíveis: o litro do etanol já podia ser encontrado por até R$ 5,39 e o da gasolina já custava até R$ 7,79 em algumas revendas da capital. O principal motivo para o reajuste teria sido o aumento nos preços do etanol hidratado e anidro nas usinas, que já estava sendo repassado pelas distribuidoras desde a semana passada.O preço do litro do combustível anidro nas usinas subiu de R$ 3,03, na semana entre os dias 7 e 11 de março, para R$ 3,59 na semana passada (de 4 a 8 de abril), uma variação de R$ 0,56 ou 18%. Já o etanol hidratado foi de R$ 2,71 para R$ 3,01 no mesmo período, alta de R$ 0,30 ou 11% na indústria. Na semana passada, o litro do etanol custava entre R$ 4,79 e R$ 4,99 na capital, segundo a pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Nesta segunda, o produto era encontrado por R$ 4,69 a R$ 5,39, segundo o aplicativo Economia Online (Econ), da Secretaria de Estado da Economia, que atualiza os preços em tempo real. “As distribuidoras estão reajustando o etanol absurdamente”, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade. RepassesDe acordo com o presidente do Sindiposto, nem sempre os repasses são imediatos como se imagina. Ele informa que o preço do etanol já vem subindo há algum tempo nas distribuidoras, mas os aumentos não tinham sido repassados integralmente ao consumidor. O Sindiposto apresentou notas fiscais de compra do combustível que mostram que o preço do litro do etanol hidratado, que foi vendido por R$ 3,85 no último dia 4 de março, na segunda já custava R$ 4,48 em algumas companhias.A velocidade de aumentos, segundo ele, depende muito do comportamento da concorrência e do nível de estoques das revendas. “Muitos aumentos recebidos das distribuidoras deixam de ser repassados por causa da concorrência. Vão sendo absorvidos pelos postos durante algum tempo e não são repassados na mesma proporção. Mas, em algum momento, essa situação fica insustentável e as revendas precisam recompor seus ganhos e voltar a praticar suas margens normais, que foram sendo reduzidas”, explica.GasolinaO reajuste ocorrido no preço do etanol anidro começou a impactar o preço da gasolina ainda na semana passada, quando os preços já haviam chegado a R$ 7,76 em alguns postos da capital, segundo o levantamento semanal da ANP. De acordo com o presidente do Sindiposto, o preço da gasolina também já seguia uma trajetória de alta nas últimas semanas, mesmo sem um novo reajuste da Petrobras. Notas fiscais de compra do combustível por postos da capital, também apresentadas ontem pelo Sindiposto, mostram que o preço do litro no atacado passou de R$ 6,05 no último dia 4 de março para R$ 6,78 ontem. “A gasolina sobe em função do etanol anidro, que tem aumentado muito”, justifica.A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) reduziu a projeção de crescimento do mercado de combustíveis para 2022. O consumo deve retornar este ano aos níveis de 2019, mas o aumento das vendas deve ser contido pela escalada de preços e as menores expectativas para a economia brasileira.Leia também:- Inflação de março em Goiânia é a maior para o mês em 28 anos- Usinas do setor sucroenergético geram 5 mil empregosAtraso na colheita da cana e alta demanda pressionam os preçosO atraso na colheita da safra de cana no início desta safra 2022/2023 e o aumento da demanda por etanol no mercado, por causa dos reajustes no preço da gasolina, são apontados como motivos para os reajustes desta segunda-feira (11). No início do ano, a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) já havia alertado que a cana deveria levar mais tempo para estar disponível para esmagamento este ano. O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol no Estado (Sifaeg), André Rocha, informa que apenas 7 das 37 usinas de Goiás já estão moendo a safra, que só começará a chegar em maior volume após o dia 20 de abril. Este cenário atípico ocorre num momento de crescimento da demanda por etanol, após a diferença em relação ao preço da gasolina aumentar. “Há uma combinação de alta demanda e baixa oferta hoje” destaca André. Ele lembra que a cana não ficou pronta para a colheita por problemas climáticos ocorridos em 2021, como seca e geadas, que reduziram a produtividade dos canaviais. Segundo a Unica, o volume de cana processada no Centro-Sul do Brasil de janeiro a março deve ser de 4 milhões de toneladas, uma redução de 50% sobre o mesmo período de 2021. Mas, para o presidente do Sifaeg, o reajuste da gasolina não ocorreu na devida proporção da mistura de 27% de etanol anidro. “O preço do anidro equivale de 13% a 14% do preço da gasolina. Portanto, o aumento não poderia passar dos R$ 0,06 ou R$ 0,07”, alerta.