Goiás desponta como mercado promissor no setor de franquias. No Centro-Oeste, o estado aparece em primeiro lugar em unidades abertas e na segunda colocação no avanço em faturamento, pouco atrás do Distrito Federal, no segundo trimestre deste ano em relação a igual período de 2021, mostra pesquisa de desempenho realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).Em unidades, Goiás registra avanço de 3,13% no segundo trimestre de 2022, ante 2,99% em 2021, enquanto o Distrito Federal teve, respectivamente, 2,38% e 2,45%. Já em faturamento, o Distrito Federal sai na frente com 2,80% e 2,76%, com Goiás pontuando 2,71% neste ano e 2,77% no ano passado. Os índices confirmam retomada após forte retração em 2020 devido às medidas de isolamento impostas pela pandemia.No Brasil, segundo a pesquisa, o segmento de franquias faturou R$ 48,05 bilhões no segundo trimestre de 2022, 16,8% a mais que no mesmo período do ano passado; na comparação com igual período de 2020, a alta no faturamento chega a 73,3%; e em relação a 2019, o avanço foi de 11,4%.No Centro-Oeste, o mercado de franquias faturou mais de R$ 4,6 bilhões no segundo trimestre de 2022, aumento de 14,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o número de unidades de franquia nos três estados e no Distrito Federal (DF) cresceu 8,2%, chegando a 15.900 operações.Com pouco menos de 9% em faturamento e em unidades, o Centro-Oeste só fica à frente do Norte, que registra cerca de 5% nos dois critérios. O Sudeste lidera com mais de 50% do total tanto em faturamento quanto em unidades, seguido pelo Sul, com cerca de 17%, enquanto o Nordeste atinge em torno de 15%.A timidez dos porcentuais da região no contexto nacional se torna um trunfo, na avaliação da diretora da Regional Centro-Oeste da ABF, Claudia Vobeto, que aponta a demanda reprimida e o grande potencial de consumo como atrativos para expansão da rede de unidades franqueadas na região. “Temos muito campo para crescer com diversas oportunidades de negócios”, afirma.“Negócio muito bom”Proprietária da franquia Majô Beauty Club, com unidades espalhadas no Brasil, Claudia comenta que na sua própria rede, o número de candidatos de Goiás interessados em investir é três vezes maior que o de outras regiões. Ela planeja continuar crescendo e à frente da marca no estado. “Como o negócio é muito bom, na minha região eu mesma tomo conta, quero lojas próprias aqui”, diz.Ela vê a logística, pela facilidade de acesso por estar no centro do país, como outro fator positivo para Goiás. “Somos uma oportunidade”, enfatiza, acrescentando que todos os setores têm demanda crescente, em especial alimentação, saúde, beleza e bem-estar.VantagensAos interessados em investir, a diretora regional da ABF destaca vantagens. “Sou defensora do setor pelo profissionalismo que traz a qualquer negócio. Nada dá certo se não tem foco, trabalho, mas franquia já traz experiência, know how, algo que já foi testado, o empreendedor não vai cometer erros que já foram corrigidos pelo franqueador.”Dentro do conceito de franchising, Claudia ressalta ainda o acesso a informações, padrões de marketing, treinamento e capacitação, e estratégias montadas para que o negócio já nasça com sucesso, porque muitas dificuldades já têm soluções apontadas. “O empreendedor não está sozinho, vai se unir a uma rede de pessoas que já têm experiência.”Sobre o capital necessário para abrir uma unidade, a executiva explica que depende do modelo de negócio, citando variações a partir de R$ 5 mil para franquia virtual, em que se trabalha em casa, até padrões internacionais, com investimento de R$ 2 milhões. A média de investimento é R$ 350 mil a R$ 400 mil, e de R$ 90 mil no caso microfranquias, em qualquer segmento, diz ela.“Com a pandemia, surgiram muitos modelos de negócios digitais, sem necessidade de lojas físicas, como as dark kitchens no setor de alimentação.” Porém, lembra ela, um dos setores que mais cresce é o de serviços, que exige atendimento presencial.Mais promissoresDe fato, o levantamento da ABF referente ao segundo trimestre de 2022 indica que os segmentos de Saúde, Beleza e Bem-Estar, Alimentação, Moda e Serviços respondem pela maior parte do faturamento e unidades de franquias do Centro-Oeste.As perspectivas favoráveis na região atraíram o odontólogo Felipe Rodrigues, que tem 44 unidades da Oral Sin Implantes em 7 estados, 8 delas em Goiás, onde pretende continuar expandindo a rede. São três em Goiânia e outras em Jataí, Itumbiara, Goianésia, Morrinhos e Jaraguá. A próxima unidade será em Trindade.“Temos um mercado fantástico em Goiás”, atesta, mencionando case de sucesso em Jataí e ressaltando que as clínicas em Goiânia “têm faturamento superbacana”. Em Goiás há um ano e meio, o odontólogo considera que em outras regiões o mercado já está muito explorado.Natural de Campo Mourão, no Paraná, Felipe conta que montou a primeira unidade em Toledo, em 2016. Deu muito certo o investimento em franquia, o que o levou a ter unidades na mineira Uberlândia, de onde vislumbrou espaço para crescer no mercado goiano. “Goiás tem horizonte maior que em outros lugares”, comenta.Fundada em 2004, no Paraná, a Oral Sin é a maior rede de franquias de implantes dentários do País e, desde 2009, atua no segmento de franquias. Faturou R$ 456,8 milhões no primeiro semestre de 2022, um crescimento de 46% comparado com os seis primeiros meses do ano anterior. São mais de 500 unidades em operação no país. No Centro-Oeste, a rede já conta com 56 unidades. O planejamento prevê mais 50 clínicas no Brasil até o fim de 2023, com um investimento de mais de R$ 30 milhões.Marcas tradicionais devem investir no Centro-Oeste O Centro-Oeste vem atraindo marcas de segmentos variados com planos de expansão, informa a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Entre as citadas pela ABF, que expõe planos de investimentos, estão redes tradicionais como Oral Sin, 5àsec, Água Doce Sabores do Brasil, Casa do Construtor, Divino Fogão, iGUi e Tratabem.Fundada na França, e no Brasil desde 1994, a 5àsec é hoje a maior rede de lavanderias no País. A franquia planeja abrir 20 unidades no Centro-Oeste, 15 delas em Goiás e no Distrito Federal. As novas implantações vão gerar, em média, R$ 7 milhões de investimento para a região, que hoje conta com 35 pontos de vendas.A Água Doce Sabores do Brasil está há mais de 30 anos no mercado de Food Service, com pratos e porções da culinária brasileira. Atualmente com 80 restaurantes no País, a rede planeja implantar uma operação em todas as capitais e em cidades acima de 100 mil habitantes no Centro-Oeste. Também no setor de alimentação, a Divino Fogão propõe comfort food e tem atualmente 199 pontos de vendas. No primeiro semestre deste ano, a rede abriu uma cozinha invisível em Goiânia e, ainda em 2022, planeja avançar na região com a abertura de oito restaurantes em shopping centers e de dark kitchen para delivery.A Casa do Construtor, maior rede franqueadora de locação de equipamentos para construção civil e soluções para o dia a dia da América Latina, conta com 500 unidades, das quais 496 no Brasil e 4 no Paraguai. De acordo com a ABF, estudos de mercado realizados pela empresa preveem que o Centro-Oeste comporta 179 unidades (75 delas em Goiás). Inicialmente, as cidades-alvo são Goianésia, Goiânia e Região Metropolitana. Já a iGUi, fabricante e comercializadora de piscinas produzidas em poliéster reforçado com fibra de vidro (PRFV), pretende abrir seis unidades no Centro-Oeste até o início do segundo semestre de 2023. Entre as principais cidades de interesse estão Goiânia, Brasília e Cuiabá, com previsão de investimento de mais de R$ 10 milhões. Da mesma rede, a Tratabem, pioneira na especialização em limpeza, assistência técnica, manutenção e venda de produtos para todos os tipos de piscinas e na formação de profissionais credenciados, treinados e especializados no tratamento de água, por meio de cursos específicos, pretende abrir 20 unidades no Centro-Oeste até o início do segundo semestre de 2023. Com previsão de investimentos da ordem de R$ 1 milhão, em Goiás as cidades-alvo são Goiânia, Rio Verde e Anápolis.