A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) encerrou nesta sexta-feira (5) o leilão do 5G. A quinta geração da internet deve chegar às capitais até julho do ano que vem, conforme prevê o edital do certame. Porém, as perspectivas para Goiânia não são boas, já que a capital bem como as outras cidades goianas ainda não fizeram adaptações, especialmente na legislação municipal, para facilitar a implantação da nova tecnologia.Segundo levantamento do Movimento Antene-se – que reúne sete entidades, entre elas a Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) –, apenas 27 cidades do País contam com regulamentação atualizada ao menos pelo Legislativo e adaptadas às novas necessidades. Nenhuma em Goiás. Na capital goiana, um projeto de lei sobre o tema foi rejeitado na Câmara Municipal no mês passado.O 5G vai exigir cinco vezes mais infraestruturas de telecomunicação do que o 4G para cobrir a mesma área, por isso, leis antigas são apontadas como um problema para a rápida expansão. Elas não consideram as novas antenas de pequeno porte, por exemplo. Isso significa que mesmo que as operadoras iniciem a oferta dentro do prazo definido pela Anatel, a internet 5G não deve chegar de forma plena com a velocidade e a latência prometida, além de não alcançar a cidade como um todo.Presidente do Movimento Antene-se, Luciano Stutz avalia que a capital pode ficar para o fim do prazo e as operadoras tendem a seguir à risca apenas as obrigações por conta da morosidade local. Já para o interior, a expectativa é de maior abrangência para a internet de quarta geração, em primeiro lugar. “As cidades menores, que não têm 4G, devem ganhar agora. Aquelas que se adaptarem para o 5G, também devem ser atendidas, mas o cronograma é até 2029.”Para a reportagem, a Secretaria Municipal de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sictec) informou por nota que faz mapeamento no sentido de demarcar pontos para instalação da infraestrutura em Goiânia. Ressaltou também que atuará em todas as vertentes necessárias para garantir a implantação da tecnologia 5G na capital, seguindo as normas de segurança determinadas pela legislação federal.Mudanças A expectativa é de que o cenário possa mudar com a proposta de lei estadual. Assim como em Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, há projeto modelo em Goiás para que os municípios possam seguir. Conforme informou o secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, em conjunto com a Anatel foi desenvolvida uma minuta padrão que deve ser encaminhada à Assembleia Legislativa para que prefeituras possam fazer adesão e assim simplificar e padronizar os processos no Estado.“Isso trará agilidade para que Goiás possa receber o 5G.” Adriano diz também que a expansão da conectividade em estradas e cidades de pequeno porte vai contemplar o Estado, que foi pioneiro nos testes para uso da tecnologia no campo. “Um dos avanços recentes dos experimentos foi identificar quais pontos da lavoura precisam de aplicação de herbicida e ter o processo complementar em que o drone aplica.” As pesquisas, como revela, continuam.Para o agronegócio, entretanto, a chegada de sinal 3G ou 4G já é algo que poderia auxiliar a implantação de novas tecnologias. Pois a zona rural vive em uma sombra, grande parte das áreas não possui internet. Gerente de inovação do Senar Goiás, Fernando Borges pontua que a expectativa é de que a quinta geração chegue para possibilitar a internet das coisas, que amplia as possibilidades de maior assertividade. “Como em Rio Verde, com drones que fazem e transmitem imagens da lavoura em tempo real. Mas ainda é algo futurístico, o que se espera ainda é ter 4G para conseguir conexão”, reforça.Ainda assim, pontua que há uma estruturação para conhecer as tecnologias disponíveis e as possibilidades para as fazendas com o 5G. O presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação Goiana de Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Célio Eustáquio de Moura, explica que o setor industrial também mapeia as possibilidades. O segmento é apontado no País como um dos primeiros que devem usufruir das evoluções agora possibilitadas.“Para funcionar, precisa da infraestrutura e por isso há a preocupação também do setor, que vai se beneficiar de forma bastante importante pela internet das coisas, robotização e automação.” Explica também que indústria farmacêutica e alimentícia são dois exemplos de segmentos que já trabalham com equipamentos modernos e que podem despontar no uso da quinta geração de internet.A reportagem procurou as operadoras que atenderão o Estado, mas os posicionamentos ainda não revelam quando devem iniciar a oferta para Goiás.-Imagem (1.2349536)