Pouca gente sabe que o contribuinte brasileiro pode fazer doações aos Fundos da Criança e do Adolescente e do Idoso diretamente na Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (Dirf), sem gastar nada do próprio do bolso. É possível destinar até 6% do imposto devido, mesmo quando houver restituição a receber. Mas, em 2021, apenas R$ 6 milhões foram doados em Goiás, para um potencial estimado em R$ 230 milhões. Para este ano, a estimativa da Receita Federal é de um potencial de R$ 300 milhões no estado.Os beneficiados podem ser o Fundo Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fecad), o Fundo Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa (Fedpi/GO), ou outro fundo municipal, desde que ele tenha sido cadastrado na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República até 15 de outubro do ano passado. Dos 246 municípios goianos, 186 estão aptos a receber doações pelos Fundos da Criança e Adolescente e 54 pelos Fundos do Idoso.No ato da declaração, o próprio sistema mostra a lista dos municípios com fundos aptos a receber as doações e calcula o valor máximo que pode ser doado. O contribuinte escolhe o fundo de sua preferência e terá o valor subtraído do imposto a pagar ou acrescido na sua restituição, dependendo da situação. No caso de restituição a receber, a pessoa faz o recolhimento e, quando ela ocorrer, o valor é devolvido corrigido pela taxa Selic. Apesar do grande potencial de recursos que podem ser doados, as doações realizadas por pessoas físicas têm alcançado apenas de 2% a 3% do total que poderia ser arrecadado se todos os contribuintes utilizassem o incentivo fiscal. O supervisor do Programa do Imposto de Renda da Receita Federal em Goiânia, Jorge Francisco Martins, informa que um levantamento revelou que o potencial de doação em Goiás era de R$ 230 milhões em 2020, mas as destinações somaram apenas R$ 2,3 milhões. No ano passado, foram destinados R$ 6 milhões.Na tentativa de elevar este valor, a Receita Federal tem feito palestras informativas em todo estado. “É importante ressaltar que o contribuinte não tira nada de seu próprio bolso. Se tiver imposto a pagar, o valor doado é descontado dele. Se tiver restituição a receber, recolhe a doação e, depois, tem o valor devolvido junto com a restituição”, explica Jorge.Para ele, o número de doações só não é maior por desconhecimento das facilidades e benefícios. Ao invés de mandar todo o montante do IR para o caixa único da União, o contribuinte garante que parte seja aplicada em projetos de apoio a crianças, adolescentes e idosos. “Além disso, ele pode beneficiar uma instituição que pode fiscalizar e acompanhar a aplicação dos recursos”, ressalta.O administrador aposentado Edi Wilson Vitorino Soares faz parte do grupo Conecta do Bem, que apadrinha projetos sociais e incentiva a doação aos fundos com os recursos do IR entre os amigos. Atualmente, eles beneficiam fundos de Goiânia e Itumbiara. Ele lembra que, em 2019, Itumbiara tinha um potencial estimado de R$ 4,1 milhões em doações, mas menos de R$ 17,5 mil foram repassados. Em Goiânia, o grupo já responde por metade dos repasses. “No ano passado, só nosso grupo destinou este valor aos fundos do município. Não entendo porquê o volume doado é tão pequeno se a pessoa não tira nada do bolso. Só repassa o que já vai pagar”. ProrrogaçãoA Receita Federal prorrogou para o dia 31 de maio de 2022 o prazo final para a entrega da declaração de ajuste anual do Imposto de Renda. Jorge Francisco Martins informa que a prorrogação é resultado de uma demanda apresentada, principalmente, por contadores. De acordo com a Receita, objetivo é diminuir eventuais efeitos da pandemia da Covid-19 que possam dificultar o preenchimento e envio das declarações, pois alguns órgãos e empresas ainda não estão com os serviços de atendimento totalmente normalizados.