Quase 40% da população adulta de Goiás está inadimplente com dívidas que somam R$ 8,7 bilhões, o maior montante entre os estados do Centro-Oeste. O Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, elaborado pela Serasa, mostra que montante de endividamento na região está em R$ 24,9 bilhões. O valor médio das dívidas somadas de cada consumidor inadimplente em Goiás é de R$ 4.092,41 acima da média nacional de R$ 4.022,52.O levantamento mostra que o montante de dívidas no Brasil já soma R$ 260,7 bilhões. A situação é preocupante, considerando que a renda média mensal no Estado era de R$ 2.396 no último trimestre de 2021, segundo o IBGE. A maior parte das dívidas em atraso dos 2,13 milhões de goianos inadimplentes é com bancos e cartões, estabelecimentos do comércio varejista e com os chamados utilities (dívidas com serviços básicos, como água, luz e gás).O gerente executivo de Marketing da Serasa, Ricardo Stefanelli, lembra que a inadimplência foi agravada pelo cenário de inflação elevada, onde a renda não acompanhou as altas de preços, principalmente por causa do reajuste dos combustíveis, que exercem forte pressão sobre o custo de vida. “Enquanto os preços subiam, o brasileiro teve uma redução da renda, com um alto índice de desemprego e informalidade”, destaca. Outra forte pressão veio da alta da taxa básica de juros, que ainda deve atingir os 11,75%. O mês de janeiro de 2022 surpreendeu com indicadores negativos de inflação, renda e aumento no número de consumidores negativados. O coordenador de Relações Pública da Serasa, Fernando Gambaro, ressalta que o número de inadimplentes chegou a 64,82 milhões no País, um volume próximo ao pico da pandemia, em abril de 2020. De acordo com a gerente do Serasa Limpa Nome, Aline Maciel, o Mapa da Inadimplência revela que o valor total das dívidas no País hoje é R$ 2 bilhões a mais do que naquele período, quando ocorreu o auge do lockdown. “Mas até fatores recentes, como a guerra na Ucrânia, têm reflexos imediatos na economia mundial e devem impactar mais a inflação, a inadimplência e o nível de endividamento dos consumidores no País”, prevê Stefanelli. BásicosA maior parte das dívidas dos brasileiros continua sendo com bancos e cartões, que costumam cobrar as maiores taxas de juros. Segundo Fernando Gambaro, chama atenção o aumento do endividamento e inadimplência com despesas mais básicas, como água, luz e gás, as chamadas utilities, que cresceram muito após a pandemia. Um levantamento mostrou que mais de 70% dos brasileiros compram alimentos com cartões de crédito. “O brasileiro está muito endividado por contas básicas, o que é preocupante”, ressalta o executivo.No Distrito Federal (DF), que tem o maior valor da dívida média por inadimplente no País, de R$ 5.940,57, o cenário também é preocupante. Por lá, o número de inadimplentes é o maior dos últimos três anos: 1,14 milhão de pessoas. Só em Brasília, são 972,7 mil negativados. Ao contrário da média nacional, as principais dívidas do DF são com utilities (30,7%), ou seja, com serviços básicos.Este panorama de alto endividamento nacional levou a Serasa a realizar o Feirão Limpa Nome emergencial, que começou no último dia 7 de março e vai até 31 de março, prometendo descontos de até 99% nas renegociações. Na visão dos executivos da Serasa, este momento de mais incertezas em relação ao desempenho da economia é ideal para renegociar dívidas e voltar à vida financeira, pois o feirão oferece uma maior flexibilidade no processo de negociação com as empresas participantes. O consumidor pode escolher a melhor forma de pagamento, com um parcelamento que caiba no seu orçamento.