Empresas do Grupo América, que controla os planos de saúde América e Promed, foram vendidas para a Hapvida Saúde de Odontologia, que tem sede em Fortaleza (CE), numa operação de R$ 426 milhões. Fundado em 1982, em Goiânia, o Grupo América é a operadora mais verticalizada da região Centro-Oeste, com carteiras de planos de saúde de cerca de 190 mil usuários e uma receita líquida aproximada de R$ 320 milhões em 2018.Com a operação, a companhia passará a deter, indiretamente, 100% do capital votante das empresas Hospital Jardim América, Hospital Multi Especialidades, Jardim América Saúde e América Clínicas, AME Planos de Saúde, Promed Assistência Médica, Hospital Promed, Clínica de Oftalmologia Jardim América, Centro de Diagnóstico e Laboratório Santa Cecília e 47% do capital votante da empresa Saúde–Instituto de Análises Clínicas.O Grupo América tem penetração no setor de saúde suplementar na Região Metropolitana de Goiânia e na cidade de Anápolis, atuando também na prestação de serviços hospitalares, de análises clínicas e diagnóstico por imagem. Em fato relevante publicado pela Hapvida e assinado por seu diretor superintendente Financeiro e de Relações com Investidores, Bruno Cals de Oliveira, a companhia informa que a operação será concretizada por meio da Ultra Som Serviços Médicos e da Hapvida Assistência Médica, sociedades de capital fechado controladas por ela.De acordo com a Hapvida, a aquisição trará sinergias operacionais relevantes que serão aproveitadas pela companhia, além de expandir geograficamente seu perfil de atuação, intensificando esforços na região Centro-Oeste, em linha com a estratégia de expansão e crescimento da abrangência nacional. O efetivo fechamento da operação ainda está sujeito à aprovação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além de parte da assembleia geral de acionistas da empresa.ConsequênciasA Hapvida abriu capital na Bolsa há um ano e, no último mês de maio, adquiriu o plano São Francisco, de São Paulo, por R$ 5 bilhões. O mercado de planos de saúde tem, hoje, cerca de 47 milhões de usuários no País. Para o advogado Lindojon Bezerra, especialista em Direito do Consumidor, geralmente existem duas consequências principais desta operação para os clientes das operadoras. A primeira, positiva, é a ampliação da rede de atendimento para todos os usuários dos planos envolvidos. “Assim, o consumidor final contará com mais lugares de atendimento”, prevê Lindojon Bezerra. Já uma possível consequência negativa é a redução da concorrência no setor, pois uma companhia muito maior costuma ter mais controle sobre os preços praticados, com a hegemonia de mercado. “A ideia deles é entrar nas cinco regiões do País”, alerta. A Superintendência de Combate à Corrupção da Polícia Civil investiga o grupo América. A investigação começou em 2012, quando Sebastião Ferro de Moraes, um dos sócios majoritários do Hospital e Maternidade Jardim América, assumiu o cargo de diretor de Saúde do Ipasgo. Há suspeita de desvios de recursos da autarquia para beneficiar o grupo. Procurado pela reportagem, o grupo América não quis se pronunciar.