A indústria goiana registrou recuo na produção de 1,9% em março se comparado com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) do IBGE, divulgada nesta terça-feira (10). O resultado é explicado especialmente pelo recuo na fabricação de combustíveis (-20,8%) – com destaque para o etanol – e na industrialização de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,3%). Como principal responsável por puxar o primeiro resultado negativo da indústria no ano, a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis acumula queda de 16,1% no ano. A redução nas produções de biodiesel e álcool etílico foram as principais responsáveis pelo resultado. Segundo o chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, problemas climáticos que afetaram plantações de cana-de-açúcar e o período de início de safra podem ajudar a explicar o resultado negativo alcançado em março. As usinas no Estado pararam a produção mais cedo, em 2021, e começaram mais tarde este ano. Medicamentos A produção industrial de farmoquímicos e farmacêuticos teve o segundo recuo no ano. Em 12 meses, a diminuição foi de 18,1%, puxada pela redução da fabricação de medicamentos. “Foi uma queda que não aconteceu só em Goiás e, sim, em nível nacional.” De acordo com Edson, o resultado pode ser entendido especialmente pela variação cambial no período. “Temos uma indústria que produz genéricos e precisa da importação de insumos. Houve uma dificuldade nacional, tanto que houve autorização em abril para elevação dos preços.” O peso desse segmento para a economia goiana também fez o resultado negativo pesar mais localmente. Outro setor importante é o de alimentos, que em 12 meses recuou a produção física em 4,9% no Estado. Neste, a redução no leite esterilizado, carnes e miudezas de aves congeladas é a principal explicação para o recuo de março (-0,7%).“A indústria alimentícia representa mais de 40% da indústria goiana. Quando tem queda em três segmentos, pela importância, impacta o resultado”, avalia o chefe do IBGE ao citar que esse desempenho, por outro lado, não é pode servir de termômetro para o desempenho da economia como um todo. “Em março, o comércio veio na contramão, por exemplo.” Leia também: -Após três semanas, etanol e gasolina têm redução no preço em Goiás-Impacto dos juros nas eleições DesempenhoEm março, foi a primeira vez que a seção de transformação registrou recuou este ano. Uma redução de 2,7% foi suficiente para reverter as altas alcançadas em janeiro (1,9%) e fevereiro (1,1%) de 2022. Para o vice-presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Flávio Rassi, há fatores imediatos e de longo prazo que afetam os resultados. Se para o etanol há moagem e fatores climáticos como influência, no farmoquímico ele cita a mudança no cenário pós-pandemia. “Tivemos a produção aumentada na pandemia e agora volta para um padrão anterior. Muitas indústrias estavam com produção em mais turnos para que fosse capaz de atender a demanda do período.” Ele pontua que a atividade industrial goiana também ficou aquecida para atender outros Estados, o que derruba também o desempenho a nível nacional. No Brasil, de 15 unidades da federação pesquisadas, Goiás faz parte dos seis que tiveram redução na produção. “Por outro lado, tivemos recuperação na indústria automotiva, que sofreu na pandemia”, pondera sobre o crescimento de 27,1% em março. Por outro lado, para um melhor desempenho, Rassi defende atenção à política de industrialização para atrair e manter empresas no Estado para conseguir compensar impactos que podem deixar de ser momentâneos, como aumento de custos.