O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em Goiânia chegou a 2,1% em março de 2022, o maior porcentual desde o mesmo mês do ano de 1994, antes da implantação do real. O resultado foi puxado principalmente pela alta no preço dos combustíveis, que alcançou 6,54% no último mês. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o acumulado do IPCA nos últimos 12 meses chega a 12,18% na capital. O índice é usado para observar a inflação. A alta significa que a população perde poder de compra. No Brasil, a inflação aumentou 1,62% em março. O resultado nacional também é o maior para o período desde 1994. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de 11,3% no País (o porcentual é maior que os 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores). O chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, explica que componentes que são essenciais para a população ou que são importantes para a formação de preços de outros produtos foram os responsáveis por pressionar a inflação na capital. O primeiro é o grupo de transportes, que teve variação de 3,64% no mês em Goiânia. O maior aumento foi do óleo diesel, de 14,87%. A gasolina vem em seguida, com 6,78%. Outro item neste grupo que tem destaque é o transporte por aplicativo, que teve variação de 5,49% em março (terceiro lugar na lista), mas acumula 73,31% nos últimos 12 meses. Ainda em relação aos itens que têm efeito sobre outros setores, Edson também destaca os aumentos relacionados a habitação. O grupo foi o segundo com maior aumento na capital no último mês, de 3,46%. O aumento de 10,43% no gás de botijão foi o principal responsável pelo resultado.Neste grupo, também chama atenção a variação de 4,56% na energia elétrica residencial. No acumulado dos últimos 12 meses, este item já registrou crescimento de 43,12%. Edson afirma que, apesar de o dado representar o aumento da despesa para residências, a energia também foi mais cara para outros setores, custo que pode ser repassado para o consumidor. EssenciaisJá o grupo de alimentação e bebidas registrou aumento de 1,96%, com destaque para os porcentuais do pão francês (3,81%) e óleo de soja (14,21%). Edson explica que os valores dos produtos são influenciados pelos preços de commodities agrícolas, que sofrem impactos internacionais, como do conflito entre Rússia e Ucrânia. Edson também cita aumentos de insumos agrícolas e do frete, este último com influência da alta nos combustíveis. “Temos também os problemas climáticos, com chuva em excesso em algumas regiões e seca em outras. Tudo isso pressiona muito o poder de compra da população”, disse. Questionado sobre qual a perspectiva para os próximos meses, Edson afirmou que o Índice de Preço ao Produtor está atualmente duas vezes acima do IPCA. “Isso sugere que ainda temos pressões de custos que não foram completamente repassadas aos consumidores”, afirma. Alívio O governo federal anunciou nesta semana bandeira verde para todos os consumidores de energia elétrica, medida que começa a valer a partir de 16 de abril, com expectativa de validade até o fim do ano. O impacto estimado pelo governo federal é de redução de cerca de 20% na conta de energia dos consumidores. Economista e mestre em finanças, Marcus Antônio Teodoro afirma que a medida pode representar alívio porque o índice tem impacto na cadeia de produção. Por outro lado, diz Teodoro, o resultado poderá ser avaliado apenas no fim do mês, por causa das incertezas do mercado. O economista também cita a influência do conflito entre Rússia e Ucrânia, além dos juros no Brasil e nos Estados Unidos. Brasil Em nível nacional, a inflação de março também foi impactada por combustíveis e alimentos. O resultado de 1,62% fez o mercado financeiro elevar as projeções para o IPCA no acumulado de 2022. A LCA Consultores, por exemplo, subiu nesta sexta a estimativa de inflação de 7,5% para 8% ao final de 2022. O Santander Asset deve aumentar sua estimativa de 7% para perto de 7,5%. O Itaú Unibanco revisou a projeção para o IPCA de 6,5% para 7,5%. Já a Ativa Investimentos aumentou de 6,85% para 7,06%. O aumento dos preços pressiona também o Banco Central, que tende a ampliar o ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic.