Os queijos estão marcando cada vez mais presença nas festas de fim de ano. Mesmo com a alta de preços desde o início da pandemia, quando o consumo cresceu consideravelmente no Brasil, os revendedores de queijos especiais em Goiânia registraram uma grande procura pelo produto e tiveram de correr para conseguir atender todos os pedidos recebidos. Já o preço do leite iniciou uma trajetória de queda para o produtor nos últimos meses, com o início do período chuvoso.De acordo com uma pesquisa feita pela Tetra Pak em 9 países, em parceria com a consultoria global de mercado Lexis Research, no Brasil, 46% dos entrevistados aumentaram o consumo de queijo durante a pandemia. O índice é ligeiramente acima da média global, de um terço dos entrevistados.Na PC Queijos e Vinhos, a demanda por queijos finos para as festas de fim de ano cresceu, pelo menos 500% neste mês de dezembro. Mesmo com o preço médio do quilo de queijos como gouda, reino, edam, grana padano, parmesão e gruyère na faixa de R$ 100, a procura é grande. “Nunca conseguimos atender toda a demanda. Não tem crise para nós”, garante o proprietário da PC Queijos e Vinhos, Paulo César de Oliveira.Leia também:- 52% dos brasileiros querem trabalho remoto ou híbrido; 45% preferem presencial, diz Datafolha- Pilotos e comissários recusam nova proposta do TST e mantêm greve nesta sexta- Inflação: Goiânia registra em dezembro a maior variação do PaísEle contou que, última quinta-feira, já não conseguia mais pegar encomendas para o Natal. Paulo César diz que compra o produto dentro e fora do País e, atualmente, o volume de produção não consegue atender toda demanda. Uma das tábuas mais disputadas, com 20 tipos de queijos, cerca de 2,5 quilos e que serve cerca de 10 pessoas, é vendida por R$ 400.O empresário Paulo Henrique Pintor diz que a procura cresce a cada ano. Mas, no fim do ano, a alta é de mais de 100% em relação aos demais meses. “Por isso, alguns produtos que têm limitação de produção e são muito procurados, já se esgotaram no mercado”, conta. Segundo ele, a demanda pelo produto para as confraternizações de empresas e famílias foi muito aquecida em dezembro e aumentou ainda mais desde o início desta semana que antecede o Natal.PandemiaEste aumento da demanda após a pandemia, também ajudou a puxar os preços para cima. Paulo Henrique lembra que os valores praticamente dobraram de lá pra cá. Um bom exemplo é o do queijo gorgonzola, que era vendido por entre R$ 40 e R$ 50 o quilo e, hoje, já custa o dobro deste valor. “Como a procura no fim do ano dobra, quem não prepara seus estoques fica sem mercadoria”, destaca.A alta no custo de produção do leite também reduziu a captação da matéria-prima e elevou os valores dos queijos mais comuns nos últimos anos. Para Darlan Moreira, da Central Queijos, o maior problema foi a redução na oferta do leite, que provocou uma escassez do queijo curado no mercado e uma elevação dos preços. “O queijo minas meia cura, cujo quilo era vendido por R$ 35 antes da pandemia, hoje já está R$ 55. O mesmo aconteceu com o tipo canastra mais comum”, lembra o empresário. Mesmo assim, segundo ele, empresas perderam vendas por falta de produto.Já os produtores de leite estão amargando um período de queda nos preços da matéria-prima. De acordo com o Instituto para Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag), preço médio do produto caiu de R$ 3,24 em 20 de outubro para R$ 2,84 nesta última semana. “Hoje, há produtores que estão recebendo entre R$ 2,20 e R$ 2,90 pelo litro de leite, enquanto o custo de produção está em R$ 2,60”, conta o presidente da Comissão de Pecuária Leiteira da Federação da Agricultura do Estado (Faeg), Vinícius Correia.InstabilidadeDepois de viver um período de preços melhores em 2022, segundo ele, a baixa rentabilidade volta a preocupar o setor, que vive uma constante instabilidade de preços. “É um valor que desestimula a produção e incentiva o descarte de animais e a migração para outras atividades, como grãos e pecuária de corte. O resultado é uma nova queda da captação de leite e preços mais altos no futuro”, alerta.O diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindileite), Alfredo Luiz Correia, ressalta que o preço do leite teve um longo período de alta este ano, quando a indústria praticamente trabalhou no vermelho. Atualmente, segundo ele, o preço pago ao produtor ainda oscila entre R$ 2,50 e R$ 3,50, de acordo com o volume entregue, distância percorrida e qualidade.Alfredo lembra o quilo do queijo muçarela, por exemplo, ultrapassou os R$ 70 no varejo, enquanto o laticínio vendia o produto por R$ 30. O resultado do alto preço foi uma queda no consumo. “Agora, os preços dos derivados já caíram 13% em novembro e mais 6% em dezembro”, diz. O leite longa vida acumula uma inflação de 40% em Goiânia nos últimos 12 meses, segundo o IPCA.-Imagem (1.2583598)