Tudo indica que o remédio amargo que o Banco Central tem dado para a economia, os juros altos para conter a inflação, deve continuar em 2023 com o novo governo. Mas, apesar da medida ajudar a frear a atividade econômica, a perspectiva é de que o Produto Interno Bruto (PIB) feche o ano com resultado positivo. Este cenário econômico e o contexto político em 2023 foram discutidos ontem, em Goiânia, durante evento promovido pelo Banco ABC Brasil.O atual cenário de polarização política, não só no Brasil, prejudica o desempenho da economia, segundo o cientista político Ricardo Ribeiro. “É normal que num período de transição o clima de incerteza ainda predomine, pois o novo governo ainda não está formado e os sinais ainda não são claros em relação à composição ministerial”, admite. Mas é importante chegar a uma pacificação para retomar o crescimento.Para ele, isso é possível porque o Brasil tem um Congresso e poderes institucionais fortes, que devem atuar e colocar o País na direção certa. Ricardo Ribeiro acredita que o Banco Central fez um bom movimento de antecipação de aumento das taxas de juros, que terá efeito sobre a inflação, apesar da perspectiva de baixo crescimento do PIB. “A maior parte dos analistas e economistas prevê crescimento de até 1%, o que não é uma maravilha, mas com redução da inflação, o que ainda vai depender da direção do novo governo para a política econômica”, prevê.Leia também:- Outback Steakhouse oferta 20 vagas; confira- Aparecida oferta 974 vagas de emprego nesta semana; confira- Descontos e promoções se avolumam próximos da Black Friday em GoiásDe qualquer forma, a perspectiva não é de grandes rupturas, pois o Brasil conta com instituições e democracia já consolidadas. “O receio quanto ao governo Lula em relação a rupturas e comprometimento com a democracia é exagerado, da mesma forma que foi em relação ao governo Bolsonaro”, afirma o cientista político.Atuação do BCO Banco Central deve continuar independente e cauteloso em relação aos juros e à meta inflacionária. Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, isso implicará em ambiente de juros ainda elevados, com a Selic (taxa básica) indo dos atuais 13,75% para 10,25% no final do próximo ano. “Este movimento é importante para desacelerar a inflação, que ainda está alta. Mantendo os juros neste nível, ela deve desacelerar para 4,8% ao ano”, estima.Quando comparados a outras economias globais, os juros brasileiros são atraentes para investimento de curto prazo, com tendência de apreciação da moeda brasileira. Juntando todos estes pontos, explica Daniel, existem elementos para um cenário que não é catastrófico, como alguns podem prever. “É um ano de início de governo com ajustes econômicos. A taxa de juros é um ajuste pra controlar a inflação e não é o fim do mundo. Sempre tivermos estas idas e vindas do ciclo econômico e não há motivo para pânico”, avalia.O economista lembra que o Congresso está mais direcionado para centro-direita e fará oposição ao governo Lula. Por isso, medidas extremas não tendem a ser implementadas. “Será um ano de ajuste, não de ruptura. Temos bases que dão um potencial positivo para o Brasil”, afirma. A projeção é de um crescimento do 0,8% do PIB em 2023, com potencial de atingir 1,5% até 2025. Já o PIB agrícola deve crescer bem mais”, diz.O vice-presidente comercial do Banco ABC, Antonio Sanchez, disse que estes eventos, realizados desde o início do processo eleitoral, buscam aproximar a instituição de atuais e potenciais clientes. “Neste momento de incerteza e ansiedade, com o resultado das eleições e o cenário pós-eleições, promovemos um debate e entendimento, passando a visão do banco sobre cenários econômicos e o impacto nos próximos anos para que as empresas possam se planejar e ter mais horizonte de necessidades de proteção e ânimo para fazer investimentos”.