Goiás entrou para a categoria de estados bons pagadores ao subir sua classificação de C para B no selo de Capacidade de Pagamento (Capag), concedido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Economia. A conquista deste posicionamento foi possível graças à melhora na situação fiscal do Estado, que passa a ter mais facilidade para obter o aval da União na busca por financiamentos para investimentos e condições mais favoráveis junto a fornecedores em geral.Desde que o indicador foi elaborado, em 2016, Goiás sempre teve Capag C. O indicador, que mede a saúde fiscal, ou seja, o risco fiscal do estado ou município, é o instrumento mais observado por bancos e pelo governo federal para concessão de qualquer política. Em dezembro de 2018, a STN chegou a informar que o Estado seria rebaixado para a nota D se algumas medidas não fossem tomadas a partir de janeiro de 2019. Na ocasião, havia transferências constitucionais da saúde em atraso, merenda e transporte escolar há mais de 12 meses sem pagamento e o governo era cobrado por milhares de fornecedores.“Naquele momento, éramos o quarto pior estado em situação fiscal. Se não tomássemos medidas a partir daquele momento, seríamos incluídos na categoria D”, conta a secretária da Economia, Cristiane Schmidt. Para que isso não acontecesse, ela lembra que foi preciso um esforço de melhoria em sistemas e procedimentos, que ganharam mais transparência, além de medidas estruturais e orçamentárias visando o ajuste fiscal. Leia também:- Goiás contabiliza R$ 4,7 bilhões em investimentos em 2021- Daniel Vilela diz que recuperação fiscal "talvez seja principal motivo" de conciliação com Caiado- Candidato do PL, Vitor Hugo diz que estado precisa “renegociar o regime de recuperação fiscal”“Eliminamos mais de 20 fundos de 2019 para 2020 e fizemos reformas como a da previdência estadual, sempre com o apoio dos demais poderes, na busca por uma melhor situação fiscal”, destaca. Mas a secretária ressalta que mudanças estruturais são demoradas e exigiram paciência, perseverança e persistência. Para ela, a conquista da classificação de risco B é o resultado de um grande esforço conjunto, que envolveu o corpo técnico da Secretaria de Estado da Economia, e é o reconhecimento de que as medidas tomadas nos últimos anos resultaram na atual situação fiscal. “Melhorar nossa classificação e terminar o mandato do atual governo com selo Capag B era meu maior objetivo quando cheguei ao Estado”, diz.IndicadoresA Capag considera três indicadores: endividamento, poupança corrente e índice de liquidez. Em 2021, o Estado teve nota B no primeiro e no segundo e A no terceiro, por ter obrigações financeiras de R$ 496,8 milhões e disponibilidade de caixa de R$ 4,4 bilhões. Somente estados com Capag A ou B podem obter garantia da União nas contratações de financiamento. Atualmente, somente cinco estados têm a classificação nota A e Goiás passa a figurar entre os 16 entes federativos com nota B. Para Cristiane, a classificação é o reconhecimento de que a condução da gestão fiscal prima por uma gestão técnica, responsável e ética no direcionamento correto do dinheiro do contribuinte. Ela acredita que o maior desafio de agora em diante será manter esta nova classificação. “Embora tenhamos superávit primário e orçamentário, ainda temos que melhorar muito na comparação com outros estados para mantermos o selo B com segurança”, alerta. Mas ela acredita que Goiás também pode almejar a Capag A, por ser um estado rico e de grande potencial. O selo de bom pagador deve beneficiar as licitações para compra de produtos e serviços pelo Estado, que terão os preços reduzidos em função do menor risco, pois as empresas ficarão mais seguras ao vender para Goiás. “Ao passar para o mercado que somos bons pagadores, os fornecedores não precisam adicionar prêmio de risco alto ao preço. Risco elevado deixa tudo mais caro”, destaca Cristiane.A meta é continuar atendendo as demandas da população com dinheiro em caixa. “Não existe responsabilidade social sem responsabilidade fiscal”, destaca a secretária. Segundo ela, um equilíbrio nas contas públicas beneficia toda sociedade, pois, além de suprir as necessidades da população em situação mais vulnerável com programas sociais, também permite atender as maiores demandas do setor empresarial, que gera empregos e renda. O governador Ronaldo Caiado ressalta que recebeu o governo numa situação fiscal difícil, totalmente endividado. Mas todos os compromissos foram pagos. “Com muita dedicação e trabalho recuperamos as contas do Estado e podemos avançar no que é fundamental, como saúde, educação, infraestrutura e programas sociais, depois de todas as reformas”, ressaltou. Mas, este ano, a receita estadual já deve ter uma queda de R$ 2 bilhões em função da redução de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações.