A desigualdade de renda é outro ponto visível na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE. As maiores quedas nos rendimentos ocorreram entre as classes mais pobres da população: os 5% com menores rendimentos receberam R$ 92 em 2021, 24% menos que em 2020.Para o mestre em Economia e professor da PUC Goiás, Wagno Costa, o maior impacto é a redução do poder de compra das pessoas, o que afeta diretamente o desempenho da economia. “Com menos renda, as pessoas compram menos e o giro da economia é menor”, explica. Ele alerta que se não houver uma recuperação do rendimento este ano, o poder de compra e de investimentos ficarão cada vez menores. Isso porque as famílias têm despesas fixas no orçamento. “As pessoas tendem a gastar cada vez mais só com coisas básicas e não sobra nada para outras necessidades de consumo que poderiam ajudar a reaquecer a economia”, explica.Por isso, o professor acredita que esta queda no rendimento seja hoje o maior desafio do governo. “Se não houver um melhor olhar sobre isso, com políticas desenvolvimentistas de incentivo à produção e queda nos juros, e não eleitoreiras, que melhorem os indicadores econômicos, a economia continuará estagnada”, alerta.O economista Marcus Antônio Teodoro lembra que o ideal é que a renda suba acima da inflação, com as pessoas conseguindo consumir mais e pagar suas contas. Mas isso não tem acontecido. “A inflação corrói a renda e afeta a retomada da economia, que gira menos que o ideal”, diz.