Apesar de o mercado de investimentos ainda ser pouco popular entre mulheres, Goiás registrou aumento de CPFs cadastrados na Bolsa de Valores brasileira (B3). Dados da XP Monitor apontam que elas já representam 21,3% dos investidores goianos.Desde 2020, o país registrou alta de 46,1%, com 1,1 milhão de CPFs novos cadastrados e superando 5,1 milhão de mulheres neste mercado, até maio deste ano.Além das mulheres serem minorias em cargos de liderança em empresas do setor financeiro, de um modo geral, os salários também são menores que dos homens e a preocupação com as despesas da casa tornam as mulheres mais parcimoniosas na hora de investir.Para Vanessa Thomé, líder regional da XP Centro-Oeste, também é uma questão cultural. “Geralmente sempre era o homem que cuidava dos investimentos. Com clientes a gente vê isso. Algumas ainda dizem que vão ‘ver’ com o marido. Cada vez mais vem surgindo o interesse das mulheres em também aprender e trabalhar nesse mercado”, afirma.Leia também:- Dólar salta a R$ 5,43 com investidores à espera de recessão- Dólar tem forte alta com temor fiscal após PEC dos auxílios- Com alta da Selic, especialistas indicam melhores investimentos- Estrategista-chefe da XP destaca melhores setores para investirSegundo ela, esse despertar de interesse tem ocorrido independente de sexo, nacionalmente. “O brasileiro era voltado para poupança. O que ajudou a revolucionar o mercado foi a competitividade com o banco, uma alternativa diferente, mostrando que poupança não é a melhor opção. Há vários leques de investimentos de acordo com cada perfil de investidor. Na Bolsa de Valores, você busca ganhos maiores e, atrelado, tem riscos maiores”, pontua.E os investimentos também se tornaram febre nas redes sociais, com perfis sobre aplicações, cursos, simuladores de operações e outros que até fazem negociações pela própria rede.Vanessa cita alguns tipos de investimentos, como dividendos, day trade, cripto, que foram despertando interesse das pessoas. Concomitante ao crescimento desse setor no Brasil, ocorreu também a expansão das mulheres em cargos de chefia. “Na minha própria operação somos 45 pessoas, das quais 27 são mulheres. Dos seis cargos de liderança, cinco são ocupados por mulheres”, destaca.InvestidoraPara a jornalista e investidora Larissa Ximenes, o começo foi mais um teste que um investimento.“Senti muita insegurança, por isso comecei com pouco, como teste mesmo, para testar o ambiente. Meu cunhado me apresentou uma corretora que não cobra corretagem e me ajudou nos primeiros passos. Depois disso comecei a pesquisar mais sobre o assunto e segui sozinha”, conta.Sua primeira operação foi em 2020. Ela tinha um dinheiro parado, mas não queria aplicá-lo na poupança.Na opinião de Larissa, as mulheres investem menos porque conhecem menos do mercado. “Hoje em dia está tudo muito acessível. Muitas pessoas ainda têm em mente aquela imagem de vários homens gritando na bolsa, nas vendas das ações. Mas hoje qualquer pessoa consegue investir na bolsa com pouco dinheiro. As pessoas acreditam que somente grandes quantias de dinheiro podem ser aplicadas. O que não é verdade. Existe ainda um receio de ter prejuízo, mas penso que todos os tipos de investimentos têm riscos”, afirma.Ela conta que conhece outras mulheres investidoras, mas que ainda não teve oportunidade de trocar experiências e dicas. “Acho que ainda é um assunto que não está nas pautas entre as mulheres. Mas é uma boa oportunidade para criarmos um grupo”, diz Larissa.Ela conta que realiza investimentos pelo swing trade, porque esse tipo de operação permite com que ela tenha mais tempo para buscar retorno para seu capital. “Também opto por uma carteira diversificada para diminuir os riscos de um prejuízo”, acrescenta.