Após as críticas recentes do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta segunda-feira (17) que pretende colocar em votação uma proposta para segurar a alta dos preços dos combustíveis na volta do recesso parlamentar, em fevereiro.O projeto de lei que será analisado pelos senadores, no entanto, não é o que foi alvo de cobrança de Lira ao longo do fim de semana, que propõe alterações na cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis - que se tornou ponto de atrito entre as duas casas.Os senadores devem apreciar uma proposta que cria um programa de estabilização do preço do petróleo e derivados. O projeto de lei foi aprovado no início de dezembro na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.Sem mencionar a polêmica ou rebater diretamente Lira, a presidência do Senado divulgou um comunicado referente ao projeto de lei 1472, que é de autoria da bancada do PT. A proposta é relatada pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN).“Submeterei à avaliação do Colégio de Líderes no início de fevereiro. A intenção é pautar. O senador Jean Paul Prates será o relator e está se dedicando muito ao tema”, afirmou o presidente do Senado no comunicado.No domingo (16), Arthur Lira usou suas redes sociais para cobrar o Senado por engavetar a proposta aprovada na Câmara para tentar segurar o preço dos combustíveis. Lira também aproveitou para criticar os governadores, que decidiram na semana passada descongelar a cobrança do ICMS dos combustíveis.Dessa forma, o descongelamento do imposto deve acontecer como previsto inicialmente, em 31 de janeiro.A previsão é que o preço da gasolina suba nos próximos dias. “A Câmara tratou do projeto de lei que mitigava os efeitos dos aumentos dos combustíveis. Enviado para o Senado, virou patinho feio e Geni da turma do mercado”, escreveu o presidente da Câmara dos Deputados.“Diziam que era intervencionista e eleitoreira. Agora, no início de um ano eleitoral, governadores, com Wellington Dias à frente, cobram soluções do Congresso. Com os cofres dos Estados abarrotados de tanta arrecadação e mirando em outubro, decidiram que é hora de reduzir o preço”, completou.O deputado ainda acrescentou que os governadores haviam apresentado resistência a reduzir as alíquotas do ICMS. E concluiu jogando a responsabilidade final ao Senado.“Podiam ter pressionado ainda ano passado. Por isso, lembro aqui a resistência dos governadores em reduzir o ICMS na ocasião. Registro também que fizemos nossa parte. Cobranças, dirijam-se ao Senado”, escreveu Lira.A escalada de preços virou um dos principais problemas para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que reiteradamente afirma que tributos locais contribuem para a alta. O preço dos combustíveis, no entanto, segue a paridade internacional. Quando o petróleo sobe, o preço sobe, e vice-versa. Além disso, o dólar, hoje em alta, impacta nos valores.