A fabricação de etanol de milho cresceu quase 4.000% nas últimas seis safras em Goiás, passando de 10, 2 mil metros cúbicos (10,2 milhões de litros) para 412,6 mil metros cúbicos (412,6 milhões de litros). Mas o balanço da última safra 2021-2022 do setor sucroalcooleiro, divulgado pelo Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado (Sifaeg) e Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado (Sifaçúcar) mostrou queda na produção total de etanol hidratado de cana e milho, e na fabricação de açúcar.Houve redução de 6,3% no volume de cana processada devido à renovação dos canaviais, seca e geadas, e maior concorrência com o plantio de grãos.Leia também: - ANP autua postos de combustíveis em Goiás- Preço da gasolina sobe pela segunda semana e bate recorde em GoiásO presidente do Sifaeg e Sifaçúcar, André Rocha, lembra que o milho registrou aumento da área plantada, não sofreu tanto com problemas climáticos como a cana, e tem mais janelas de safra. “A cana teve dois anos de clima ruim e renovação de canaviais, além de redução de área e de produtividade, o que afetou a fabricação de etanol.”A safra goiana de cana é sempre mais alcooleira: enquanto o Brasil produz até 52% de etanol, em Goiás este índice está em 77%. Mas houve uma forte queda do consumo em 2020, por causa da pandemia. Segundo André, em 2021 veio a recuperação, mas não havia cana suficiente para fabricar mais etanol.Ao contrário da produção de etanol hidratado e de açúcar, houve aumento na fabricação de etanol anidro. O presidente do Sifaeg e Sifaçúcar lembra que ocorreu queda no consumo de etanol hidratado e aumento no de gasolina C no início de 2021, o que levou as usinas a produzirem mais anidro. E não havia cana suficiente para atender a demanda de combustíveis com aumento da oferta de hidratado.Isso só começou a mudar após as altas no preço da gasolina. Na primeira quinzena de abril, não houve produção de etanol anidro. “Reprocessamos o que estava em estoque e transformamos em hidratado porque não tínhamos o produto e havia demanda”, conta André.Em Goiás, cinco usinas flex produzem etanol de milho. Para André, o estado está perdendo a oportunidade de produzir mais combustível derivado do grão. Em 2021, a produção goiana chegou a 412 milhões de litros, já a indústria mato-grossense atingiu 3 bilhões de litros.Este ano, só uma planta no Mato Grosso do Sul produzirá mais etanol que Goiás. “Estes outros dois estados do Centro-Oeste souberam adotar uma política de incentivo à produção de etanol de milho. Já Goiás mantém uma política de incentivo às exportações do grão”, adverte André. Para ele, o incentivo ao processamento do grão no estado resultaria no fortalecimento da cadeia produtiva, com maior agregação de valor, e mais geração de emprego e renda.Na próxima safra, Goiás deve chegar aos 500 milhões de litros de etanol de milho, Mato Grosso do Sul aos 600 milhões de litros e Mato Grosso pode ultrapassar os 3,5 bilhões de litros.Mais combustível na próxima safraPara esta próxima safra 2022-2023, a expectativa é de uma fabricação de etanol um pouco maior que a do ano anterior, mas ainda menor que em 2019, porque há renovação de canaviais.“Tivemos dois anos tão secos que o bom volume de precipitações este ano ainda não foi suficiente para amenizar os impactos anteriores”, diz o presidente do Sifaeg e Sifaçúcar, André Rocha. Segundo ele, para garantir uma produtividade melhor dos canaviais, ainda será necessário chover neste mês de maio.De acordo com ele, dos cerca de 1 milhão de hectares cultivados em Goiás, 800 mil foram afetados por geadas, o que levou a redução de mais de 6% no Açúcar Total Recuperável (ATR), que representa a qualidade e capacidade da cana em ser convertida em açúcar ou álcool.ndré lembra que a renovação dos canaviais foi maior em 2021 que em anos anteriores. Mas a concorrência com o plantio de grãos, que registraram melhores preços, acabou elevando o custo de produção para as usinas porque o preço do arrendamento de terras para o cultivo de cana disparou.A alta no preço da gasolina também elevou o consumo de etanol. Todos estes fatores fizeram com que o etanol mantivesse uma trajetória de alta de preços este ano, mesmo após o início da moagem da safra de cana no Centro-Sul.“Mas Goiás ainda registra preços mais competitivos para o etanol que outros estados”, ressalta André. Ele alerta que os preços do combustível já registraram forte queda nas usinas na última semana, o que precisa resultar em redução para o consumidor.-Imagem (1.2448067)