Acontece nesta terça-feira (15), Dia do Consumidor, um feirão de renegociação de dívidas que marca a inauguração do Núcleo de Apoio aos Superendiviados (NAS) do Procon Goiânia. O objetivo é atender consumidores de baixa renda que não conseguem pagar dívidas por ter de 60% a 65% da renda comprometida com despesas de sobrevivência.O evento é realizado na sede da Unialfa e teve participação do prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Nesta quarta (16), os servidores do órgão passam por capacitação e, a partir da quinta (17), o serviço começa a ser ofertado diretamente na sede do Procon Goiânia, no Setor Central. Os interessados devem solicitar agendamento da triagem dos débitos, por telefone ou presencialmente.Nova legislaçãoA medida foi publicada no Diário Oficial do Município de Goiânia no último dia 22 de fevereiro, com base na Lei do Superendividamento (Lei 14.101/2021), em vigor desde julho do ano passado. A nova legislação altera o Código de Defesa do Consumidor, criando um instrumento de renegociação de dívidas semelhante ao de recuperação judicial de empresas. O consumidor tem direito a uma conciliação com seus credores, criando um plano de pagamento compatível com sua renda.A conciliação deve ser homologada pelo órgão responsável pela renegociação, que especifica na sentença as condições do pagamento, tais como valor total da dívida, número de parcelas a serem pagas, descontos, multas, juros e duração do plano. Além do Procon e dos tribunais de Justiça, a lei também autoriza que a conciliação seja feita em outros órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, como Ministério Público e Defensoria Pública.Leia também:- Estudantes inadimplentes podem renegociar dívidas com Fies no dia 7- Congresso derruba veto à renegociação de dívida para MEIs e empresas do Simples NacionalDívidas mais comunsA presidente do Procon Goiânia, Carolina Pereira, explicou ao POPULAR que a maior procura tem sido para renegociação de dívidas bancárias e de cartão de crédito. Caso a triagem das dívidas aprove a renegociação, o órgão realiza uma audiência de conciliação com os credores. “A gente faz a mediação e mostra para o consumidor qual o melhor caminho”, explica Carolina.Existem dívidas que não podem renegociadas pelo programa, tais como débitos de impostos, pensão alimentícia, crédito habitacional, rural e serviços de luxo. Já as dívidas que podem ser renegociadas são as de consumo, carnês, boletos, financiamento bancário (casa, veículo, faculdade), cheque especial, cartão de crédito, crediários e parcelamentos.Leia também:- Consumidor poderá negociar dívidas em atraso em mutirão nacionalPopulação endividadaDe acordo com o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, elaborado pela Centralização de Serviços dos Bancos (Serasa), 531 mil goianienses estão com débitos pendentes. Esse número representa cerca de um terço da população da capital. No Centro-Oeste, Goiás é o estado que mais tem endividados, com mais de 2,1 milhões.Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em dezembro de 2021, o número de famílias brasileiras que relataram estar endividadas atingiu o percentual de 76%. É o maior valor desde 2010, quando esse tipo de pesquisa começou a ser feita.