As aulas no Centro de Atendimento Educacional Especializado Instituto Pestalozzi, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, tiveram de ser interrompidas por dois dias no início deste mês devido a falta de água na unidade estadual de ensino. O motivo, explica a coordenadora pedagógica Lindamar Abadia de Oliveira Morais, foi a falta de água decorrente de queda no fornecimento de energia elétrica.Ao longo de 2019, até o último dia 13, esse tipo de problema ocorreu mais de cem vezes na capital e em municípios de diferentes regiões do Estado. Em Rio Verde, o prefeito Paulo do Vale (sem partido) diz que frequentes quedas de energia e a demora no restabelecimento do serviço, principalmente de agosto a outubro, quando houve pelo menos quatro ocorrências, prejudicaram a captação no principal manancial, a do Ribeirão Abóbora/Marimbondo, a 6 quilômetros do centro da cidade.“Não tem motores adicionais (geradores) e chegamos a ficar até 12 horas sem bombear água”, relata o prefeito, apontando que o transtorno maior foi pela falta de água para uso doméstico. “Não tive manifestação no setor industrial, que costuma contar com sistema misto, de captação de poços semiartesianos.”Em Jataí, desde o início do ano a distribuição de água a alguns bairros, quase sempre os mais distantes da região central, foi prejudicada devido à falta de energia, o que se agravou no final do ano, informa Thiago Oliveira, diretor de Saneamento Básico da Prefeitura Municipal.Ele calcula cerca de dez interrupções no fornecimento de água desde outubro, a mais recente no dia 11 de dezembro, quando foram mais de duas horas até se restabelecer o serviço de energia elétrica. “Isso dificulta captar e tratar a água, o que acaba afetando a distribuição”, comenta.SaneagoA Companhia Saneamento de Goiás S/A (Saneago) confirma que, a partir de outubro, aumentou a duração das interrupções no fornecimento de energia em suas unidades, provocando desabastecimento de água e extravasamentos de esgoto, “gerando transtornos para toda a população e causando prejuízos econômicos e à imagem da companhia”.A região Sul do Estado, onde se acusa maior demora no restabelecimento após quedas de energia, vem sendo a mais afetada também pelo problema da falta de água, segundo a Saneago, que presta serviço em 226 municípios goianos e possui mais de 2.300 unidades consumidoras de energia com a Enel.Mas de acordo com a companhia de saneamento, o impacto no abastecimento de água é ainda maior em Goiânia, onde após o início do período chuvoso cresceu o número de episódios de falta de energia em unidades com grande capacidade de bombeamento de água.Nem todas as ocorrências desse tipo, porém, são divulgadas no site da empresa. Num mesmo município, há casos de unidades com mais de uma ocorrência de falta de água. Além disso, muitas vezes falta energia, mas a unidade afetada não repassa a informação para a empresa de saneamento por não ter sido afetado o abastecimento em função da capacidade de armazenamento de água tratada nos reservatórios. Tempo de interrupção é determinanteEm maio, foi realizada uma reunião de mediação entre Saneago e Enel-Goiás com representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), quando a companhia de saneamento apresentou pontos insatisfatórios no atendimento e fornecimento de energia elétrica em suas unidades consumidoras. Desde então, houve “uma melhoria no atendimento”, atesta a Saneago, salientando, contudo, que “alguns pontos ainda são debatidos e necessitam ser melhorados”. “O principal são as faltas de energia com longa duração que provocam o desabastecimento de água e causam transtornos para toda a população.”Em nota, a Enel Distribuição Goiás informa que realiza reuniões semanais com representantes da Saneago para receber as demandas da companhia e programar as ações necessárias para o atendimento. A empresa esclarece que em julho deste ano, após reunião com a direção da estatal, criou canais de relacionamento especiais para atender às demandas técnicas, comerciais e emergenciais da Saneago. A distribuidora acrescenta que todas as solicitações enviadas pela Saneago estão sendo tratadas e ressalta que, somente neste ano, já foram realizadas mais de 40 ligações novas e concluídas cerca de 90 análises de viabilidade técnica (liberação de carga).-Imagem (1.1954543)