As famílias goianienses conseguiram reduzir seus níveis de endividamento do ano passado para cá. O porcentual de endividados foi reduzido de 72,5% em junho de 2020 para 52,5% este mês. O volume de endividados com contas em atraso caiu quase pela metade: 28,1% para 14,8% no mesmo período. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) nas capitais brasileiras, feita pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Entre as razões para este melhor desempenho do orçamento, estão justamente a queda no consumo e o aumento da poupança.Em junho de 2020, 378.426 famílias goianienses estavam endividadas, número que teria caído para 275.545 no mês passado. Entre as famílias nesta situação, a maioria (32,5%) se considera pouco endividada e apenas 6% se disseram muito endividadas.O economista Bruno Ribeiro, assessor de investimentos e consultor em Assuntos Financeiros para Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio-GO), lembra que as atividades econômicas passaram por muitas oscilações desde o início da pandemia, com períodos de abertura e fechamento, mas a queda do nível de endividamento foi linear.Isso significa que o número de famílias endividadas veio caindo mês a mês. Ele ressalta que também houve uma queda muito significativa do porcentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas: de 14,3% em junho de 2020 para atuais 5,5% das 500 famílias ouvidas na pesquisa. Mas, segundo o economista, o grande destaque da pesquisa foi o fato de que Goiânia está na contramão da média das demais capitais brasileiras, onde o porcentual de endividados subiu de 68% para 70%.Reversão“O porcentual de pessoas que não terão condições de pagar suas dívidas também se manteve praticamente estável em outras capitais, enquanto Goiânia teve uma redução bastante acentuada”, destaca Bruno Ribeiro. Ele lembra que, em junho de 2020, a capital estava com todos os seus indicadores acima da média nacional e reverteu este quadro.O cartão de crédito continua sendo o grande vilão do endividamento para 78% das famílias endividadas, por ser um crédito mais acessível e rápido, mas também bem mais caro. Como quase sempre acontece, aquelas com menor renda continuam tendo mais dificuldade para pagar suas contas. Entre as famílias com contas em atraso, a maioria tem renda de até 10 salários mínimos.Um dado preocupante da pesquisa é que, entre as famílias com contas em atraso, a grande maioria revelou que só terá condições de quitar suas dívidas parcialmente ou nem poderá pagá-las no próximo mês. A maioria tem contas em atraso há mais de 90 dias e está com o orçamento comprometido com dívidas por mais de um ano. Além disso, 62% das famílias têm entre 11% e 50% da renda comprometida com dívidas.PerspectivasPara o presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, a queda do endividamento está diretamente relacionada à redução do consumo desde o início da pandemia. Neste período, as famílias viajaram menos e foram bem menos a restaurantes e eventos sociais, por exemplo. O resultado das restrições às compras e aos gastos foi que o nível de poupança aumentou muito no País em 2020.A boa notícia para o comércio da capital é que esta redução no volume de dívidas das famílias pode trazer bons reflexos para datas comemorativas no segundo semestre e, principalmente, para as vendas de fim de ano. “Neste ritmo, as famílias goianienses devem chegar ao fim do ano com uma maior capacidade de endividamento, especialmente no Natal”, prevê Baiocchi.O presidente da Fecomércio lembra que, somando esta melhor situação financeira à chegada do 13º salário e até à poupança acumulada neste período, o resultado deve ser um bom desempenho para as vendas no fim do ano.-Imagem (1.2277132)