As discussões em torno da Reforma da Previdência deixaram muita gente preocupada sobre como será sua renda na hora da aposentadoria. Com as novas regras, o contribuinte já sabe que não colocará no bolso tudo que contribuiu. Por isso, alguns investidores voltaram suas atenções para a construção de uma renda complementar. Com o portfólio das carteiras de aplicações mais diversificado, os produtos direcionados à aposentadoria ganham mais espaço.Pesquisa da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) mostrou que 81% dos entrevistados dependerão apenas do benefício do INSS quando pararem de trabalhar, enquanto apenas 19% já têm um planejamento para alcançar seus objetivos. “Construir uma renda forte para quando deixar de trabalhar deve ser uma preocupação”, alerta o sócio-fundador da plataforma de investimentos personalizados Mais Retorno, Danilo Ardenghi.O sócio da Centro Norte/XP Investimentos, Leandro Maia, informa que alguns investidores já estão investindo em fundos de previdência a partir de R$ 100 mensais. “Muitos são funcionários de empresas privadas que já contribuem com a Previdência pública e estão preocupados com a redução do teto e aumento da idade mínima”, destaca Maia. Ele prevê que isso se torne uma tendência após a aprovação da reforma. “As pessoas agora começaram a entender o impacto das mudanças para suas vidas”, destaca.De acordo com o agente autônomo de investimentos da Vertente Capital, representante do BTG Pactual Digital, Nilton Miranda, de alguns anos para cá aumentou a preocupação em formar essa poupança para renda extra. Além disso, com as taxas de juros menores, a diversificação do portfólio se tornou quase uma exigência para bons retornos. “As pessoas estão se conscientizando de que precisam trabalhar mais para fazer seu dinheiro render”, alerta. Neste cenário, entram instrumentos como os fundos de previdência privada, fundos imobiliários, ações, imóveis e títulos públicos. “Temos políticas de investimentos que consideram os objetivos de risco e retorno de cada pessoa, de acordo com o perfil, para direcionar os produtos adequados”, diz Nilton.Os fundos de previdência são uma opção para o pequeno investidor que não quer correr riscos e não participa de planos fechados (fundos de pensão). O agente de investimentos explica que os planos abertos (PGBL e VGBL) permitem programar o tempo de contribuição para usufruir por um período da renda complementar.Para Danilo Ardenghi, a vantagem é que o investidor se torna responsável direto por sua aposentadoria, sem depender de terceiros.Nilton Miranda lembra que todo plano de investimento precisa considerar o momento de vida e necessidades de cada pessoa. Quem planeja investir num fundo de previdência, precisa definir os aportes inicial e mensal, o período e a forma de retirada, ou seja, se ela será mensal ou saque único. Para quem tem um horizonte maior de investimento, o ideal é o PGBL, que tem tabela de Imposto de Renda regressiva. Já o VGBL é mais indicado para quem está mais próximo de se aposentar, pois o imposto só incidirá sobre o rendimento do período.O investimento em ações está mais atrativo neste momento de Bolsa em alta e o mercado financeiro é um dos que possuem maior potencial de rentabilizar a carteira. Nilton Miranda lembra que, hoje, o investidor está conhecendo melhor o processo e sabe que é preciso diversificar, investindo em ações para melhorar o retorno. Tudo indica que a Bolsa tenha um futuro mais promissor, com a aprovação da Reforma da previdência e o ajuste fiscal. “A expectativa é de que ela chegue aos 140 pontos, graças à retomada da confiança de empresários e investidores”, destaca.Por ser um ativo gerador de renda e com rendimentos isentos de IR, os fundos imobiliários são outra alternativa, pois possuem imóveis diversificados, de alto padrão e bem localizados. “É uma maneira simples de receber aluguéis de diversos imóveis, mesmo sem ter a quantia de dinheiro para tal. Hoje, é possível investir em fundos a partir de R$ 100”, explica Ardenghi. Também é possível investir em notas do Tesouro Nacional do tipo B, que protegem o capital da inflação, com o menor risco.O personal trainer Rodrigo Correa Bittencourt já está aplicando em fundos de investimento com o intuito de complementar a aposentadoria futura. “Com essa Reforma da Previdência, vi que não posso esperar muito do governo para me aposentar”, reconhece. Ele diz que, hoje, está muito mais fácil investir, pois o mercado de investimentos está mais transparente, com muitas informações disponíveis. “De agora para frente, quero até ousar mais em minhas aplicações”, informa.