Caso o governo estadual decida fazer alguma flexibilização no decreto de isolamento, que vale até o próximo dia 4 de abril, ele só deverá permitir a reabertura de empresas pertencentes a atividades que não apresentem risco de aglomeração de pessoas. A informação foi dada ontem pelo secretário de Turismo do Estado, Fabrício Amaral. Segundo ele, alguns segmentos até já manifestaram o interesse de prolongar a quarentena porque não teriam um fluxo de clientes mínimo para viabilizar a reabertura. Já a Secretaria Estadual de Saúde defende a manutenção do isolamento atual para além do dia 4.“Existe uma grande expectativa, mas algumas empresas já atentaram para o fato de que se não tiverem um determinado fluxo, não valerá a pena abrir neste momento. Um aumento da contaminação será um preço alto”, afirma Fabrício. Segundo ele, pode haver flexibilização para segmentos que não estimulem um aumento do fluxo de pessoas no transporte público e aglomerações nos estabelecimentos. “A maior preocupação agora é cuidar da curva de contaminação, que não pode crescer. Para isso, é preciso priorizar o isolamento social e testar alguma movimentação do mercado que não prejudique isso”, diz. A medida provisória (MP) sobre o crédito emergencial que possibilitará o pagamento de salários de funcionários das micro e pequenas empresas, esperada para hoje, também deve influenciar na decisão de flexibilização do decreto estadual. Para o presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes de Goiânia (Sindibares), Newton Emerson Pereira, medidas como essa são primordiais para que as empresas consigam continuar fechadas. Ele informa que comunicou o governo estadual de que o setor reconhece a necessidade de conter o avanço da doença e que até poderá prolongar o isolamento por mais alguns dias, desde que tenha medidas de apoio, pois não possui capital de giro para sustentar seus custos fixos.“Temos cerca de 30 mil trabalhadores. Muitos moram na região metropolitana e usam o transporte público para se deslocar. Por isso, a decisão precisa ser responsável para evitar a propagação do vírus”, diz. Mas ele lembra que o governo estadual sequer prorrogou o pagamento do ICMS que vence agora e a Enel não suspendeu os cortes para as empresas do setor.“Cada um precisa fazer sua parte agora. Muitos bares não terão como pagar as contas de luz e não podem ficar sem o serviço porque têm muita coisa armazenada em freezers”, alerta Newton. Ele ressalta que, quando a reabertura for autorizada, precisará ser comunicada com antecedência para que as empresas se programem.O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, reconhece que alguns estabelecimentos, como bares e restaurantes, precisam de um fluxo mínimo para funcionar, pois têm um custo elevado de abertura. Situação semelhante é a da rede hoteleira. Porém, Marcelo lembra que outros segmentos, como escritórios de contabilidade e imobiliárias podem funcionar com poucos funcionários, pois precisam gerar guias para recolhimento fiscal e tributário e fazer o pagamento de folhas de funcionários de empresas. “A polícia está fechando estes estabelecimentos, que não geram nenhuma aglomeração. Ali não tem clientes, só funcionários”, destaca o presidente da Fecomércio. As atividades imobiliárias também poderiam ser exercidas de portas fechadas apenas para ajudar clientes no recebimento de aluguéis e devoluções de imóveis, por exemplo. “Temos muitas atividades de baixo impacto de serviços, que podem funcionar com agendamentos, já que o movimento agora será menor. Na área de comércio e serviços, toda semana é possível ir avaliando”, diz