A pressão do aumento dos custos do diesel às peças do caminhão têm feito muitos caminhoneiros goianos abandonarem a profissão. Um movimento de descontentamento que tem sido informado por sindicatos da categoria, especialmente após anúncios de alta no diesel, o que impacta em cheio os profissionais autônomos. Dados da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) revelam que no Brasil os transportadores autônomos de carga tiveram redução de 14,3% em cinco anos. Diretor do Sindicato dos Caminhoneiros de Goiás, Jaci Alves de Souza faz parte do grupo dos que desistiram de rodar. “Estou parado há 30 dias, porque o frete não compensa e o preço na bomba hoje é R$4 mil”, relata. Há 42 anos na profissão, ele conta que nunca tinha vivenciado uma situação semelhante. Acostumado a fazer a rota de Goiânia à Belém (PA), ele decidiu vender o caminhão porque a negociação do frete não tem acompanhado os custos. “Agora, com o aumento da Petrobras, muitos também não devem dar conta. As empresas não querem aumentar o frete, apenas a diferença do diesel, sendo que não é só isso. Peças subiram 200%.” GreveApesar desse descontentamento, não há movimento de greve sendo organizado pela categoria no Estado. Presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiás (Sinditac), Vantuir Rodrigues diz que os profissionais estão “no mesmo barco que o restante da socieade”. “Aumento de custos empobrece todos os trabalhadores”, ressalta ao lembrar que há influência direta do preço do frete no custo de diversos produtos.Ele também está com o caminhão parado por não compensar o gasto com a oferta de frete. “Tem muitos parando e não é somente em Goiânia. A categoria está parando paulatinamente por não dar mais conta de trabalhar, o que pode acontecer também com taxista, motoboy, porque ninguém dá mais conta.” Vantuir estima que pelo menos 500 da categoria já pararam no Estado. “Antes da pandemia, eram cerca de 49 mil autônomos e agora muitos sumiram.” A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) também manifestou indignação com o novo aumento do diesel. Em nota divulgada à imprensa, a entidade defende que com a decisão do governo “o fantasma da inflação voltou”. Isso porque o impacto é direto e rápido sobre os produtos que são transportados pelos caminhões. Assim, a Abrava defende o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI). Aumento O aumento de 8,87% no diesel foi anunciado na segunda-feira (09) pela Petrobras e passa a valer nesta terça-feira (10). Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, esse reajuste deve chegar rápido aos consumidores e já era sentido antes do tempo, porque alguns postos reclamaram que distribuidoras tinham antecipado a alta. Leia também: -Em 6 anos, Goiás perde 15% dos motoristas profissionais -Após três semanas, etanol e gasolina têm redução no preço em Goiás