Uma decisão do ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), adicionou novo episódio ao vaivém judicial envolvendo a paralisação que caminhoneiros tentam fazer. Na tarde desta quarta-feira (3), o ministro revogou uma sentença do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) que autorizava o bloqueio de estradas federais por motoristas grevistas. Com isso, a ocupação e obstrução de rodovias voltam a ficar proibidas.No sábado (30), a Justiça Federal proibiu o bloqueio de estradas em diversos estados, com multas que variam de R$ 5.000 a R$ 1 milhão para pessoas físicas e jurídicas que descumprirem a ordem. Ao todo foram 29 liminares concedidas - em favor da União e de concessionárias de estradas-com o objetivo de impedir manifestações da paralisação de caminhoneiros anunciada para a última segunda-feira (1º).Apesar das decisões, a convocação se manteve, mas a greve acabou não tendo força. Lideranças culparam as decisões judiciais como causa da baixa adesão da categoria.Nesta terça (2), a desembargadora federal Ângela Catão derrubou 11 liminares que proibiam a categoria de se manifestar nas vias. Catão atendeu a uma solicitação da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), mas sem considerar o mérito das paralisações. Em sua decisão, a desembargadora disse que a Justiça do Trabalho é o órgão competente para processar e julgar questões referentes ao direito de greve.A sentença foi assinada às 17h48 de terça e chegou a liberar protestos em estradas de nove estados - Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Piauí, Roraima e Tocantins.Contudo, na tarde desta quarta-feira, Fux atendeu a um pedido da AGU (Advocacia-Geral da União) e suspendeu os efeitos da decisão. O ministro concordou com o argumento de que a ocupação e obstrução de rodovias acarreta grave risco de prejuízos econômicos generalizados. Fux apontou “risco à ordem e à saúde pública consistente na possibilidade de desabastecimento de gêneros alimentícios e outros de primeira necessidade”. A decisão foi compartilhada no Twitter pela página do Ministério da Infraestrutura. “Com a decisão do ministro Luiz Fux, essa interpretação não poderá mais ser usada pelo TRF-1 e deve servir como diretriz para outros tribunais”, diz o ministério. Em vídeo, Wallace Landim, o Chorão, que foi um dos líderes da greve de 2018 e atualmente é presidente da Abrava, disse que o departamento jurídico da entidade busca acesso ao embargo no STF e poder recorrer.