Inaugurado em dezembro na BR-153, em Aparecida de Goiânia, o Laboratório de Aerodinâmica Aplicada de Furnas realiza pela primeira vez no Brasil pesquisa sobre fundação de uma torre eólica feita com a utilização da tecnologia expander bodies, desenvolvida pela empresa Dywidag-Systems International. Os testes serão realizados com a instalação de aerogerador de 30 kW no topo de uma torre metálica com 40 metros de altura.Essa tecnologia pode contribuir para a implantação de novos parques, inclusive em Goiás, onde os ventos já estão sendo avaliados há um ano e meio nas usinas hidrelétricas de Furnas de Itumbiara, de Batalha, em Cristalina, e de Corumbá, em Caldas Novas. Essas pesquisas devem durar três anos. “Onde estamos avaliando, os ventos têm de 40% a 50% de força na comparação com os do Nordeste”, informa Renato Cabral, gerente do Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas.Segundo Cabral, a nova tecnologia vai permitir a instalação de torres mais baratas, que podem viabilizar o uso desse tipo mais fraco de vento, principalmente com a integração da energia eólica a outros sistemas de geração, como hidrelétricas e energia solar. Além de maior rapidez na execução, em comparação com os custos do projeto de um modelo tradicional, as fundações utilizando o sistema expander body são cerca de 20% mais baratas.ParquesGrandes parques de energia eólica dependem de leilão pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas o projeto pode ser específico para atender empresas ou grupos, observa Cabral. “Vamos pesquisando e olhando para frente, para os próximos cinco a dez anos”, prevê, lembrando que a demanda por energia limpa e renovável tende a crescer.“Estamos criando um campo experimental, onde o objetivo principal não é geração de energia, mas testar os materiais na realidade, monitorar as cargas atuantes na torre”, descreve Cabral.As cargas, explica ele, referem-se à força do vento que pode causar deformações tanto na fundação quanto nas torres. Além da resistência do material, no laboratório verifica-se a funcionalidade dos equipamentos.O estudo vai permitir uma melhor previsão do desempenho dos sistemas instalados, que, no caso dos empreendimentos eólicos, consiste na produção de energia e análise de comportamentos de pás, torres e fundações em longos prazos. Foram investidos R$ 5 milhões no projeto como um todo, desde a montagem do Laboratório de Aerodinâmica ao monitoramento em campo e capacitação da equipe.Para as avaliações, será utilizado o primeiro túnel de vento do Brasil, inaugurado em dezembro do ano passado. O túnel tem 27 metros de comprimento, foi construído durante um ano e é considerado fundamental para o desenvolvimento de pesquisas sobre geração de energia eólica com estruturas e equipamentos mais baratos e eficientes.A torre eólica de 40 metros, bem menor que a dos parques existentes no Nordeste, que têm cerca de 120 metros, possibilitará o monitoramento ao longo dos anos. A previsão, segundo Cabral, é de que a torre seja instalada em julho. Já está pronta a fundação e foi iniciado o bloco, laje de 3 metros a 4 metros de espessura onde vai ser apoiada a torre. Após a instalação desta, começam os testes. “Em um ano, temos um ciclo completo das variações dos ventos”, observa Cabral.A tecnologia já está sendo testada também em campo, em parque eólico no Ceará. Os parques do Nordeste devem ser os primeiros a se beneficiar dos avanços alcançados.