Os jovens estudantes do ensino médio, superior e até de pós-graduação terão mais oportunidades para ingressar no mercado de trabalho através de programas de aprendizagem e estágio este ano. No início deste ano, as empresas instaladas em Goiás já ofereceram até 28% mais vagas de emprego nestes programas que no ano passado. Somente o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) tem mais de 1.500 vagas abertas para vários níveis de formação, que devem ajudar a reduzir o alto índice de desemprego entre os jovens.Em 2021, enquanto a taxa geral de desemprego estava em 14,7% em agosto, entre jovens a fatia de pessoas à procura de trabalho era de 31% do total. Uma das maiores barreiras para o ingresso desta faixa da população no mercado de trabalho é a falta de experiência, exigida por muitas empresas. Como não exigem experiência, os programas de aprendizagem e o estágio são consideradas portas mais largas de acesso ao primeiro emprego para estudantes, do ensino médio à pós-graduação.O gerente regional de Atendimento do CIEE em Goiás e no Distrito Federal (DF), Cláudio Rodrigo de Oliveira, lembra que a maior oferta de vagas para estágio está ligada à melhora da economia e há uma retomada mais acelerada no momento. O resultado, segundo ele, são mais de 1.500 vagas abertas em várias áreas, com destaque para estágio nas áreas de Administração e Direito.“Há uma maratona nacional de oferta de vagas este ano. No mês de janeiro, tivemos um crescimento de 17,5% sobre o mesmo período de 2021”, conta o gerente do CIEE. Para ele, isto mostra que, mesmo com a pandemia ainda, as empresas hoje estão mais dispostas a retomar seus projetos, abrindo novas filiais e aumentando suas linhas de produção. Dentro destas oportunidades abertas, 220 são para estudantes do ensino médio.Cláudio lembra que as empresas são obrigadas a manter uma cota de 5% de seu quadro para contratação de aprendizes e têm retomado as contratações para aprendizagem, com o aumento da fiscalização e até da conscientização. “Os programas de estágio e aprendizagem são os carros-chefe para o ingresso no mercado de trabalho e os empresários estão mais sensíveis em relação ao problema do grande desemprego entre os jovens”, acredita.A plataforma do CIEE também disponibiliza mais de 50 cursos gratuitos para os candidatos melhorarem sua qualificação e terem mais chance de conquistar uma vaga.FacilidadeA agência privada de estágios Super Estágios, que tem 72 unidades no Brasil e está fisicamente em Goiânia há um ano e meio, tem hoje mais de 230 vagas abertas. Em janeiro, houve um incremento de 28% na oferta. A diretora franqueada Vanildes Oliveira explica que hoje os estudantes contam com uma grande agilidade nos processos de inscrição e recrutamento para as vagas. Em uma plataforma online, eles se inscrevem, anexam documentos, têm acesso a cursos e podem fazer até a assinatura do termo de compromisso de estágio.“Nosso trabalho é abrir portas para os estudantes nas empresas que oferecem vagas de estágio”, destaca Vanildes. A empresa tem parceria com diversas empresas e grandes órgãos, como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), e hoje oferece oportunidades de trabalho para vários níveis de formação, em áreas como saúde, educação, tecnologia, administração, eletrônica e até gastronomia.Os estagiários recebem como remuneração uma bolsa que varia de R$ 700 a R$ 1,2 mil para estágio no curso superior para uma jornada de até seis hora diárias. Vanildes explica que, quando surge uma oportunidade para o candidato, ele é imediatamente contactado para se inscrever no processo seletivo e recebe todas as orientações necessárias. “O processo é muito rápido e leva até uma semana para preencher a vaga”, ressalta. Segundo ela, o índice de efetivação é crescente e, hoje, está em 70%.As agências de estágio estão aprimorando seus canais de comunicação com os estudantes. O CIEE já conta com um canal pelo WhatsApp e a Super Estágios também divulga as vagas disponíveis em sua página no Instagram.Cursando o terceiro período do curso de Pedagogia, a universitária Isabella de Sousa Freitas acaba de iniciar seu estágio no Colégio Simetria, em Goiânia, onde atua como auxiliar de professores na educação infantil. Para ela, esta foi uma boa oportunidade para ingressar no mercado de trabalho em sua área para adquirir a experiência que a grande maioria das escolas exige.“Esta experiência que estou adquirindo agora também me ajudará a exercer meu trabalho com melhores resultados depois que me formar”, prevê a estudante, que vai receber R$ 750 mensais de bolsa.Aos 17 anos, auxiliar financeiro Nycolli Rebeca da Silva Martins entrou na indústria GSA Alimentos como Jovem Aprendiz no Televendas e, antes de finalizar seu contrato, com 11 meses de casa, foi efetivada. “Nunca tinha trabalhado formalmente e aprendi a me esforçar, ter dedicação e responsabilidade. Agora sei dialogar com clientes e vendedores”, afirma. Empresas estão investindo mais em jovens aprendizesPara as agências que fazem as contratações de estagiários e jovens aprendizes, hoje as empresas estão investindo mais na aprendizagem para completar seus quadros funcionais. Para participar do Programa de Aprendizagem, a pessoa precisa, obrigatoriamente, estar regularmente matriculada na rede de ensino. Com uma renda média de meio salário mínimo, o menor aprendiz tem a carga horária semanal de 20 horas, dividida entre formação teórica e a prática na empresa.Além de aprender a atuar em diversas funções, o jovem tem a sua primeira fonte de renda, passando a administrar um orçamento pessoal e começando a entender a relação entre trabalho e educação financeira. A GSA Alimentos conta atualmente com 34 jovens aprendizes, sendo 32 trabalhando em Goiás e outros dois no Tocantins, e mais 12 estagiários, atuando em áreas como administração e indústria. Raynara Souza Almeida, analista de Recursos Humanos (RH) da GSA Alimentos, conta que os processos seletivos acontecem de acordo com a demanda da empresa e buscam o perfil mais adequado para cada área. Os selecionados são encaminhados para uma empresa terceirizada, a Renapsi, que faz a gestão das as contratações. Já a gestão dos contratos do programa de estágios tem o suporte da plataforma IEL.Os aprendizes ficam de 11 meses a dois anos e os estagiários têm contrato de um ou dois anos. Segundo Raynara, o índice de efetivação é maior no programa de estágio, até pela necessidade da idade mínima de 18 anos para contratação pela empresa. “Estes programas são uma forma de preparar melhor a mão de obra dentro do perfil da empresa. Temos gerentes que começaram aqui como estagiários”, lembra.Thayslaine Silva Neves, de 17 anos e estudante do ensino médio, é uma menor aprendiz que atua no RH da empresa desde julho de 2021. Ela lembra que conseguiu esta primeira oportunidade de emprego após enviar currículos para algumas empresas. “Mas a maioria das empresas exige experiência e pela aprendizagem ficou mais fácil entrar no mercado de trabalho”, avalia a estudante, que quer ser efetivada na empresa.Aos 16 anos, Lucas Nascimento entrou na GSA como menor aprendiz e ocupou o cargo por um ano, depois de ter acabado de concluir o ensino médio. Iniciou o curso superior de Marketing e Vendas e, ao mostrar seu potencial, ganhou um subsídio para pagar sua faculdade. Foi efetivado na empresa, onde já está há nove anos, e hoje é analista sênior de trade marketing. Programa prepara para o mercadoA rede de supermercados Bretas contrata até 90 aprendizes todos os anos, de acordo com a demanda de suas operações. O gerente regional de RH da rede, Gilberto Caetano, conta que os jovens entre 14 e 17 anos realizam funções em diversas áreas, como reposição, caixas, administração e logística. Eles recebem uma bolsa de meio salário mínimo para uma jornada de 20 horas semanais, sendo quatro horas em aulas teóricas em cursos voltados para suas áreas de atuação na empresa.Segundo Caetano, eles têm a chance de efetivação quando completam 18 anos. “Os colaboradores que passam pela aprendizagem costumam ser mais engajados e muito produtivos, se tornando bons funcionários”, destaca o gerente. Por isso, o programa contribui para o crescimento dos jovens, sendo cada vez mais importante para as famílias e a sociedade. “Muitos conseguem fazer carreira e podem até chegar a cargos de diretoria na empresa, que sempre os acolhe”, destaca.O operador de supermercado, Pedro Henrique Arantes de Sousa, 18 anos, entrou como Jovem Aprendiz na loja de Rio Verde com 17 anos para trabalhar como repositor de mercearia. Antes de acabar o contrato, foi efetivado. “Antes, eu cheguei a entregar vários currículos, mas as pessoas não gostam de contratar quem não tem experiência. A aprendizagem foi uma grande oportunidade pra mim. Fora dela, é muito mais difícil.”Ele conta que fez cursos oferecidos pelo CIEE, que ajudaram muito na sua adaptação ao mundo do trabalho. “Sempre me esforcei para ser efetivado porque gosto de trabalhar aqui. Minha meta agora é chegar a gerente um dia”, avisa Pedro Henrique, que conquistou sua independência financeira.Ronaldo Ribeiro da Costa Júnior, de 19 anos, também conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada após ser jovem aprendiz, contratado via CIEE por dois anos. Foi efetivado como assistente de inventário da loja de Formosa no ano passado. Para ele, o programa foi fundamental para adquirir experiência, mais responsabilidades e a carteira assinada. -Imagem (1.2410790)-Imagem (1.2410788)