Os mercados imobiliários de Goiânia e Aparecida fecharam o ano passado com um forte crescimento no número de lançamentos e de vendas. Em 2021, as empresas do setor lançaram 39% mais unidades e venderam 19% mais imóveis que no ano anterior, o maior patamar dos últimos 10 anos.Entre os motivos para este bom desempenho, estão a busca das famílias por imóveis melhores e a queda dos juros no ano passado. Mesmo com os juros mais altos agora, 2022 também começou aquecido: em janeiro, foram vendidas 1.042 unidades, 45% mais do que o mesmo mês de 2021.Com mais vendas e uma alta nos preços médios, o valor geral de vendas (VGV) efetuadas em 2021 somou R$ 4,7 bilhões, contra R$ 3,8 bilhões em 2020, crescimento de 44% no período. Já o VGV de lançamentos superou os R$ 5,8 bilhões, 102% mais que no anterior. Os dados são de pesquisa divulgada nesta terça-feira (5) pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), realizada pela Brain Inteligência Estratégica.O diretor de Incorporação da EBM Incorporações, Marcos Túlio Campos, informa que a empresa registrou um crescimento de 50% nas vendas e nos lançamentos de novos empreendimentos em 2021. “Se considerarmos também os empreendimentos horizontais, estes índices dobram”, ressalta. Segundo ele, o cliente estava mais comprador no ano passado, buscando fazer um upgrade em seu imóvel. A queda nas taxas de juros também ajudou.E a incorporadora já começou 2022 com um crescimento de 70% nas vendas do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2021. “No início de março, fizemos um lançamento que foi 80% vendido em apenas 15 dias”, conta Marcos, lembrando que a empresa terá 10 novos empreendimentos em construção este ano, totalizando 20 canteiros de obras em Goiânia, Aparecida, Brasília e São Paulo. O presidente da Ademi-GO, Fernando Coe Razuk, diz que o desempenho do mercado em 2021 surpreendeu, com as vendas respondendo muito bem ao volume de lançamentos. Ele explica que isso é resultado de vários fatores, como a busca das famílias por imóveis melhores. “A pandemia levou as pessoas a valorizarem mais suas moradias e buscarem maior conforto. Por isso, muita gente fez um upgrade”, explica.Além disso, o País registrou o menor patamar de juros da história, com aplicações financeiras rendendo abaixo da inflação. Razuk explica que isso levou muitos investidores de volta ao mercado imobiliário e a valorização média dos imóveis no ano foi de 16,6%. Mas considerando apenas o último trimestre de 2021, o preço médio do metro quadrado saltou de R$ 5.529,00 para R$ 7.465,00, incremento de 35%.CustosMas o presidente da Ademi-GO explica que esta valorização foi resultado de um expressivo aumento no custo da construção. “Tivemos a maior inflação do custo de construção dos últimos 30 anos, que fechou em 15%”, destaca. Ele lembra que, considerando os últimos 24 meses, esta alta superou os 30%, impactando diretamente os preços dos imóveis.O problema é que os preços dos materiais de construção continuam em alta. “Este ano, ainda devemos ter uma forte pressão sobre o custo da mão de obra, por exemplo”, adverte Razuk. É que o grande volume de lançamentos e vendas no ano passado deve resultar num grande número de canteiros de obra abertos este ano. Com isso, a tendência é que a mão de obra fique bem mais disputada e cara. Outra pressão sobre os custos vem das altas nos combustíveis.Com os juros e custos mais altos, 2022 deve ser um ano mais desafiador para o mercado imobiliário conseguir controlar os custos e continuar tendo bons resultados. Mesmo assim, o presidente da Ademi-GO diz que a alta na taxa Selic não impacta diretamente os juros dos financiamentos de imóveis. “As taxas do crédito imobiliário não aumentam na mesma proporção da taxa básica. Enquanto a Selic subiu aproximadamente 10 pontos porcentuais nos últimos meses, os juros dos financiamentos imobiliários aumentaram algo entorno de 2%”, explica.Por tudo isso, Razuk adverte que o cenário indica novas altas de preços dos imóveis, por conta da forte pressão dos custos. “Quem investir em imóveis neste momento continuará ganhando com a valorização dos imóveis”, prevê. Com tantos lançamentos, o volume de unidades em estoque também fechou 2021 com crescimento de 10%.