Como foi ficar de fora do jogo do acesso (estava suspenso na penúltima rodada, o jogo contra o Guarani, fora)?É muito difícil ficar na arquibancada torcendo pelos companheiros. Fiquei chateado, estava doido na arquibancada. Queria ajudar no campo, mas meus companheiros deram conta do recado. É doloroso ficar fora. Quando o jogo acabou, parecia que eu estava jogando. A adrenalina estava alta, os minutos não passavam, mas deu tudo certo. O Goiás merecia o acesso, não merece estar na Série B.Você ainda não jogou na Série A. O que essa competição tem de diferente na sua opinião?O jogo na Série A é mais dinâmico, é um jogo mais rápido, com mais espaços nas zagas adversárias. Na Série B, por exemplo, você recebe a bola e já tem dois, três (defensores) próximos de você. Eu queria jogar bem a Série B, estou muito feliz pelo acesso e a tendência é que eu jogue a Série A. Quero ajudar o Goiás.O presidente Paulo Rogério Pinheiro disse que o que falta para você ficar para 2022 é pagar o Volta Redonda. Então você vai ficar para 2022?A tendência é ficar, mas tenho bastante proposta de dentro e fora do país. Entendo que ficar pode ser o caminho. As pessoas gostam de mim aqui, quero muito jogar a Série A. Não chegou nada para mim diretamente sobre renovação, talvez para o meu empresário, mas o presidente sabe que eu quero ficar aqui.As últimas duas temporadas têm sido as mais especiais da sua carreira (após a paralisação do futebol, Alef jogou a Série D pelo Coruripe-AL, retornou ao Volta Redonda e veio para o Goiás jogar a Série B)?Fui muito feliz no início pelo Coruripe-AL, marquei gols e de lá fui jogar a Série C no Volta Redonda. Joguei a Copa do Brasil, fui muito feliz no Estadual (Carioca) neste ano. Pude me tornar o artilheiro com nove gols. Sou muito grato a todos os clubes, especialmente ao Goiás. Confesso que tive medo de jogar a Série B por ser um campeonato mais pegado, nunca tinha jogado antes. Fui bem, marquei gols e estou muito feliz pelo acesso. O Goiás merecia voltar.Nesta Série B você trabalhou diretamente com três treinadores: Pintado, Marcelo Cabo e o Glauber Ramos. O que cada um ajudou no seu futebol?O Marcelo Cabo, já enfrentei como adversário, quando joguei pelo Coruripe-AL. Gosto dele como pessoa, dentro e fora de campo. Ele me ajudou muito na questão do posicionamento em campo e marcação. Sou grato a ele por tudo que já falou para meu crescimento. O Pintado me ajudou a chegar aqui. Sou grato e foi uma honra trabalhar com ele. Assim como o Glauber, me deu muita liberdade. Jogo mais solto no campo, posso me movimentar mais pelos lados, mas não deixo de marcar. Tenho a confiança dele (Glauber Ramos).Você ficou surpreso com a saída do Marcelo Cabo a seis rodadas do fim?Me surpreendeu, sim. Fiquei sabendo da demissão pelas redes sociais. É um cara que sabe trabalhar, mas a gente sabe que a diretoria pensa no que pode ser o melhor para o clube. Foi assim que o Glauber assumiu. Demos confiança para ele, mas a história dele e do Leandrão (preparador físico) ajudou todos nós a entrarmos na história do Goiás com esse acesso.Virou notícia nacional a discussão que você teve com o Marcelo Cabo durante a pausa para hidratação no clássico contra o Vila Nova. Houve algum atrito entre você e o treinador antes daquilo?Nunca tive problema com nenhum treinador, nem antes com o Cabo. Comecei a trabalhar com ele aqui (no Goiás). Naquele dia, foi meu temperamento mesmo. Era um clássico, a gente estava perdendo no primeiro tempo. Queria mostrar para a torcida que era capaz, mas, naquele dia, nós não funcionamos. Pedi perdão a ele depois do jogo, estava muito nervoso e passei dos limites. Depois daquele dia, dei a volta por cima. Sou muito grato ao Cabo por tudo que ele falou e contribuiu para o meu crescimento.Depois do jogo contra o CSA, no Rei Pelé, você deu uma entrevista na qual disse ter sido ameaçado de morte por torcedores. Você tomou alguma medida sobre o assunto?Não levei para o lado do coração. As pessoas que me criticaram e ameaçaram de morte estão me aplaudindo hoje. O torcedor fanático só pensa no clube. Dei a volta por cima, escutei quieto (as ameaças). Fiquei chateado, muito chateado, porque, quando estou jogando, quero dar o meu melhor sempre. Nem sempre vou marcar gols. Foi difícil chegar aonde estou hoje, mas fiquei feliz por dar a volta por cima. Marquei bastante gols, espero continuar marcando ano que vem. Sei da responsabilidade que é vestir a camisa do Goiás.Na recepção da torcida em Goiânia, você foi um dos jogadores mais procurados. Como é essa relação, de ter sido ameaçado por alguns e amado por outros?Lembro que comentei (entre os jogadores) que, quando a gente saiu do aeroporto e vi aquele monte de gente, foi incrível. Comecei a passar ali, o segurança não conseguiu segurar aquele tanto de gente. Tiraram fotos comigo, deram beijos, pediram autógrafos. É gratificante ter esse reconhecimento de trabalho. Recebi críticas, mas dei a volta por cima. Como falei, hoje estão me aplaudindo. Não esperava esse momento, estou até ansioso para o jogo contra o Brusque (domingo, 28) porque será um jogo para nunca mais se esquecer. Vamos celebrar o acesso, estou com muita vontade de jogar essa partida.Você achou ruim ter ficado de fora daquele jogo contra a Ponte Preta?Todo jogador não quer ficar no banco. Fiquei triste e chateado mesmo. Sabia que podia entregar mais. Naquele momento, não marcava há dois ou três jogos. Fiquei chateado, mas torci muito no banco (de reservas). Não sou melhor do que ninguém. Entrei no segundo tempo, pude empatar o jogo e quase viramos com o Mezenga. Se tivesse mais uns três minutos de jogo, a gente ganhava. Estou muito feliz hoje. Conversei com o presidente (Paulo Rogério Pinheiro), o Glauber e o Leandrão. Pedi desculpas para eles porque sabia que poderia entregar mais. O atleta profissional vive de altos e baixos. Respeitei a decisão deles e trabalhei quieto para dar a volta por cima.Qual dos dez gols que você marcou pelo Goiás até aqui foi o mais bonito?Foi o gol contra o Brusque (na 19ª rodada). Aquele jogo foi muito difícil, não dava para enxergar muito bem por causa da iluminação que não é boa (jogo foi às 19h). Fiz uma jogada individual depois do lançamento do Tadeu, avancei e bati da entrada da área para marcar. Foi o mais bonito que fiz pelo Goiás. Quem sabe não posso repetir no domingo (28).O que você quer conquistar como atleta?Quero jogar na seleção brasileira. Sei que tenho potencial para jogar. Vejo o (Gabriel) Jesus, o Gabigol, Bruno Henrique sendo convocado e sonho com isso. Quero um dia sair daqui para jogar na Europa também, para ajudar minha família. A gente sabe que todo jogador de futebol tem o sonho de jogar em um clube grande na Europa. Tenho essa meta de sair pela porta da frente e jogar uma Champions League.Já decidiu o que vai fazer nas férias antes da temporada 2022?Vou ficar só uma semana em casa com minha mãe (Marcelli), ela tem ficado aqui em Goiânia comigo. Depois, vou voltar aos trabalhos para chegar em 2022 com melhor ritmo. Gosto muito de cuidar da parte física, musculação. Pretendo treinar em alguma praia também (ainda não decidiu qual será).O que você curte fazer nos momentos de folga?Sou um cara caseiro, de verdade. Gosto muito de assistir futebol e novela com minha mãe. Sou noveleiro (risos). Na maioria das vezes, evito sair e fico em casa. Quando quero dar uma espairecida, vou ao shopping.