Os clubes brasileiros iniciam, nesta semana, o período de preparação antes do início das competições do ano. A pré-temporada volta a ocorrer depois de 16 meses de um ano emendado ao outro, 2020 e 2021, sem período ideal de paralisação entre duas temporadas no futebol.Entre agosto de 2020 e dezembro de 2021, jogadores foram submetidos a uma sequência desgastante de jogos. Depois do período de férias, uma nova temporada apertada de janeiro a novembro se inicia em poucas semanas.Para que os jogadores atravessem essa sequência forte de jogos com o máximo de rendimento possível, os clubes estudam a melhor forma de realizar uma pré-temporada eficaz em um curto espaço de tempo. “Existe uma preocupação muito grande porque o tempo é curto. Nós nos reapresentamos no dia 3 e, 19 dias depois, temos de competir com necessidade de vitória em alto nível”, frisou Robson Gomes, que é preparador físico do Náutico e admite que o ideal seria uma pré-temporada com pelo menos mais dez dias de duração.Para o preparador físico, que já trabalhou no Goiás, o período de descanso dos atletas é fundamental. Se o jogador aproveita bem o período e alivia o estresse acumulado na temporada, a resposta na pré-temporada será mais satisfatória. “Defendo que os atletas usem as férias como férias mesmo, pois o nível de exigência psicológica e trabalho é muito alto. Isso gera um estresse. É interessante que o atleta tenha um nível de relaxamento”, explicou.Preparador físico do CRB na Série B, Fabrício Rosenau, de 47 anos, lembra que, em cada elenco, existem grupos de jogadores com níveis físicos diferentes: aqueles que mais jogaram, os que foram suplentes a maior parte dos jogos e ainda aqueles que normalmente treinam mais do que jogam. Por isso, é preciso uma boa avaliação no início da pré-temporada para planejar da melhor maneira as cargas de exercícios.“Precisamos pensar em uma estruturação e ela precisa ser planejada. Temos jogos a curto prazo, mas temos de determinar alguns períodos aos atletas para que tenham um lastro que dê suporte a eles durante toda a competição”, frisou. O preparador físico disse que é importante que, apesar do descanso e recuperação, os atletas não fiquem destreinados por completo neste período para que a pré-temporada seja melhor aproveitada.Para Rosenau, que elogia o nível de profissionais da área no futebol brasileiro, os clubes de Série A ou mais estruturados possuem capacidade de trabalhar esse período de pré-temporada porque conseguem levar as competições estaduais com maior rodízio do elenco. Ex-preparador físico do Operário-PR, Rodolfo Mehl, de 68 anos, corrobora com essa opinião.“Se tivermos uma normalidade para as equipes realizarem uma pré-temporada, o ideal seria usar uma equipe mista preservando os titulares que vão dar sustentação ao longo do ano e aumentar a pré-temporada dessa turma. Mas isso é muito particular de cada comissão técnica”, salientou o experiente profissional, que também trabalhou no Japão e lembra que, no país asiático, a pré-temporada dura quase 40 dias.