Uma das preocupações relacionadas à Copa do Mundo do Catar, desde que o país foi eleito para sediar a competição, em 2010, são as altas temperaturas no Oriente Médio.Tanto que, em medida tomada para tentar contornar a situação, a Fifa decidiu realizar a competição no final do ano, e não na metade, como é praxe.O motivo: fugir do calor escaldante do verão catariano, no qual os termômetros ultrapassam facilmente os 40° C, tornando inadequada a prática do futebol.Com o Mundial em novembro e dezembro, as temperaturas caem, mas permanecem elevadas. Nesta semana, a máxima prevista é de 32° C, e no domingo (20), dia do jogo de abertura (Catar x Equador), pode chegar a 29° C.Leia também- Argentina corta Nico González por lesão, Ángel Correa é chamado no lugar- Sadio Mané, astro do Senegal, está fora da Copa após não se recuperar de lesãoQuem se preocupa com jogadores exaustos em campo, suplicando por água e sem condição física para atuar até o final das partidas –várias vezes isso se viu no Aberto da Austrália de tênis–, pode, contudo, relaxar.Pouco se comentou nos noticiários, e por isso muita gente não sabe, que sete dos oito estádios que receberão jogos na Copa do Catar são climatizados.Assim, calor mesmo só fora deles. As seleções podem sofrer com o clima nos treinamentos, e os torcedores, nas ruas. Nas arenas, não.Estádios do Mundial possuem sistema de ar condicionado que amenizará o calor sentido não só pelos atletas como pelos fãs que estarão acompanhando presencialmente os jogos.Isso graças ao trabalho na área desenvolvido por um docente da Universidade do Catar, o engenheiro sudanês Saud Abdul Ghani, que passou a ser conhecido como Dr. Cool (Doutor Refresco).Texto no site da Fifa aborda o sistema de climatização dos estádios, destacando os tópicos inovação e sustentabilidade, e enaltece a atuação de Abdul Ghani, que desenvolveu a tecnologia de resfriamento.De acordo com a organizadora da Copa, "usando energia solar, o ar externo é resfriado e distribuído por meio de painéis nas arquibancadas e grandes bocais nas laterais do campo. Os sistemas usam isolamento e resfriamento pontual para torná-los o mais ecológico possível".O Dr. Refresco conta no artigo como chegou ao resultado final de seu projeto de ventilação: "Meu estudo de doutorado concentrou-se no ar condicionado de um carro, e aplicamos a mesma teoria aos estádios da Copa do Mundo, mas obviamente em uma escala muito maior".Ele prossegue: "Nossa técnica de circulação de ar o esfria, filtra-o e o empurra para os jogadores e torcedores. Cada estádio é refrigerado a uma temperatura confortável de cerca de 20 graus, com resfriamento local que reforça nosso compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente".O sistema não é patenteado, o que significa que qualquer um, seja ente público ou privado, de qualquer lugar do mundo, pode utilizá-lo."Essa tecnologia é um divisor de águas em potencial para países com climas quentes. É por isso que me assegurei de que qualquer pessoa possa usá-lo", afirma Abdul Ghani.Um dos resultados práticos, diz o pesquisador, pode ser visto em fazendas, nas quais a tecnologia permite o cultivo de alimentos de forma eficiente mesmo nos meses mais quentes do ano."Tenho muito orgulho de que essa tecnologia, originária do Catar, possa ser adaptada por outros países e empresas. É um dos muitos presentes do Catar para o mundo, resultante da realização da Copa do Mundo", conclui o Dr. Refresco.A única arena da Copa do Catar a não fazer uso do ar condicionado é a 974, em Doha, cuja ventilação é natural.Construído a partir de contêineres e de aço modular, o estádio 974 é desmontável. É também o local do segundo jogo da seleção brasileira, no dia 28, contra a Suíça.