O afunilamento das fases decisivas nas copas em meio à disputa do Campeonato Brasileiro força os clubes a tentar competir em alto nível para seguir na briga em três competições diferentes. Cinco clubes brasileiros, entre eles o Atlético-GO, vivem o cenário e começam a conviver com dilema de prioridade.Além do Dragão, que está vivo no Brasileirão e nas copas Sul-Americana e do Brasil, Athletico-PR, Corinthians, Flamengo e São Paulo seguem em três frentes. A partir deste fim de semana, o quinteto vai iniciar sequência de pelo nove partidas no intervalo de 28 dias - há possibilidade de um duelo, de cada clube, na Série A ter data alterada, mas isso ainda será confirmado pela CBF.Analistas consultados pelo POPULAR entendem que o desafio para esses clubes é grande, mas, quando o planejamento ao longo da temporada é bem feito, existe uma chance de sucesso mesmo com a sequência pesada de jogos por competições diferentes. As equipes começam o ano, antes mesmo do início dos Estaduais, cientes dos torneios que vão disputar na temporada.Leia também:- Atlético-GO x América-MG: tudo sobre o jogo deste domingo (24)- Dragão regulariza últimos reforços“Ter uma boa formação de elenco é um dos segredos (para o sucesso). Para isso, é preciso ter recursos necessários, o financeiro entre eles, e planejamento para tentar montar um elenco que consiga manter a competitividade nas três competições. Entendo que um clube que disputa três competições precisa ter pelo menos 18 titulares de olhos fechados”, opinou João Paulo Medina, especialista e fundador da Universidade do Futebol.O calendário do futebol brasileiro, no entanto, não facilita o sucesso das equipes. Do quinteto que está vivo em três competições, o São Paulo foi o que mais jogou, com 49 partidas. O Atlético-GO aparece na sequência, com 48 duelos - Fortaleza e Palmeiras também. O Athletico-PR entrou em campo 47 vezes, o Flamengo jogou 46 jogos e o Corinthians fez 44 duelos.O Dragão pode, caso chegue às decisões das copas do Brasil e Sul-Americana, terminar o ano com 77 jogos.“Infelizmente, no Brasil você precisa ter um exército para jogar. Você pega Corinthians e São Paulo, por exemplo, e já tiveram quase um time de desfalques. O futebol brasileiro é criminoso. As pessoas que mantêm esse calendário com esse tipo de funcionamento lesam o próprio futebol brasileiro e seus jogadores. É um ponto dramático. Consertamos ou os clubes pequenos vão viver na gangorra”, analisou o jornalista do grupo Disney, Paulo Calçade, que concorda que o elenco ideal tem de ser numeroso e com mescla de jovens, maduros e veteranos.As fases finais das copas coincidem com a virada de turno no Brasileirão e isso reflete no número de atletas utilizados. O Atlético-GO, entre os que seguem em três competições, é o que menos utilizou atletas nas competições. Foram 25 no Brasileiro e na Sul-Americana e 24 na Copa do Brasil.Nas copas, o São Paulo escalou 37 atletas na Sul-Americana. Já Corinthians e Flamengo utilizaram 29 na Copa do Brasil. Os três lideram o número de jogadores utilizados nesses torneios. Os dois paulistas foram os que mais escalaram jogadores no Brasileirão, com 34 atletas.Ter opções no elenco pode facilitar para uma equipe conseguir manter o alto nível em diferentes competições. É algo que o Atlético-GO, por exemplo, não tem conseguido. O Dragão vai bem nas copas, mas passou 13 das 18 rodadas do Brasileirão na zona de rebaixamento.“Vejo a situação do Atlético-GO como dramática. É um time de orçamento menor (entre os que estão vivos nas três competições), que tem mais dificuldades e coloca em risco a permanência na Série A. É preciso estar bem no Brasileiro. Se for deixar algo de lado, tem de ser as copas. Ir para a Série B significa operar com receita menor, o que pode fazer o time demorar a retornar (à Série A)”, opinou o jornalista Paulo Calçade.A opinião é compartilhada por João Paulo Medina, que usa o Athletico-PR como exemplo. O Furacão costuma montar elencos maiores e consegue mesclar formações nos torneios. Por anos, não brigou na ponta do Brasileirão, mas recentemente foi campeão da Sul-Americana (2021), da Copa do Brasil em 2019 e vice do torneio nacional no ano passado.“Correr o risco de ser rebaixado não é legal, talvez seja preciso abrir mão de uma das copas. Você vai bem nas copas, mas pode ser tarde no Brasileiro. Quando a possibilidade de rebaixamento vier, a intranquilidade emocional com uma eliminação em alguma Copa, por exemplo, pode atrapalhar ainda mais. Nunca é bom correr esse risco (de ser rebaixado)”, completou o fundador da Universidade do Futebol.O papel do treinador neste momento pode ser importante, mas geralmente a palavra do clube é a que pesa. Dirigentes entendem que as equipes precisam ir o mais longe no máximo de torneios.“Essa é uma variável interessante. Quase sempre o dirigente fala a palavra final. É ele que contrata, que investe. O treinador às vezes pode não querer nem se meter (em opinar sobre prioridades). Cada treinador tem um perfil diferente e tem dirigente que faz questão de interferir”, comentou João Paulo Medina.-Imagem (Image_1.2496334)-Imagem (Image_1.2496335)