O Atlético-GO inicia mais uma Série A com uma pretensão básica que, se concretizada, estabelecerá outra marca do clube - a de maior número de presenças seguidas na 1ª Divisão do Brasileiro. O Dragão disputa pela terceira vez consecutiva a elite nacional e quer emendar a quarta edição para se firmar no torneio como emergente do cenário brasileiro. Se não for rebaixado em 2022, garante a meta.Desde a fase de reconstrução do clube, a partir de 2006, os atleticanos jogaram seis temporadas da Série A: 2010, 2011, 2012, 2017, 2020 e 2021. A partir deste sábado (9), chegará a sete jornadas e igualará os três anos em sequência no início da década passada (2010, 2011, 2012).É um dado e uma pretensão significativa. Na Série A, o Atlético-GO sabe que terá retorno certo, marca valorizada, crescimento da torcida e continuidade de uma trajetória de avanço na estrutura física. Em campo, o primeiro objetivo é não ser rebaixado. Desde que voltou a disputar a elite nacional, o Dragão sempre tornou pública essa primeira meta. Assim, tudo o que vier será lucro esportivo e financeiro.Leia também:+ Atlético-GO empresta volante para a Ponte Preta+ Edson diz que Dragão tem que pensar grande na Série ABoas campanhas, nos critérios da competição, garantiram ao clube vagas na Copa Sul-Americana. Ano passado, após instabilidade, sequência sem vitórias em casa (2º turno) e de empates (reta final), o clube ficou a um ponto de superar o América-MG para garantir presença na fase preliminar da Libertadores. Seria uma vaga histórica. Não foi, mas o clube descobre outro espaço continental - é a terceira vez que se vê dentro da Sul-Americana.A juventude é um traço atleticano no Brasileirão 2022. O elenco e o técnico, Umberto Louzer, são jovens. O treinador tem 43 anos e inicia, no Dragão, a segunda participação dele na Série A. Ano passado, dirigiu o Sport (rebaixado) durante 17 jogos, no 1º turno - foram três vitórias, seis empates e oito derrotas.No Atlético-GO, o saldo dele é positivo. Está invicto - são 11 partidas (três empates e oito vitórias), duas classificações na Copa do Brasil e um título do Goianão. Em pouco mais de um mês de clube, o trabalho de Louzer é satisfatório no Dragão.A conquista do Goianão é combustível, mas há consciência de que a energia do título local não garante por si só a estabilidade e a força na Série A. A base do elenco é jovem, turbinada por alguns nomes mais experientes: o goleiro Renan e o atacante Diego Churín, ambos de 32 anos, são os mais velhos, enquanto a maioria tem menos de 30 anos.Três atletas chegaram por último: o volante Edson Fernando, o zagueiro Gabriel Noga e Churín. O clube deve trazer mais peças até terça (12), quando fecha a primeira janela de transferências internas, nas séries A e B.Há outros nomes com bagagem no torneio, como Dudu, Marlon Freitas, Edson e Jorginho. Um dos destaques do time, Wellington Rato tem 29 anos e só agora poderá estrear no Brasileirão.O Dragão pode ter, também, um trio de ataque com sotaque castelhano: o uruguaio Leandro Barcia, o argentino Diego Churín e o paraguaio Brian Montenegro. Dos titulares, só o meia Jorginho é goiano - o lateral Jefferson e alguns jovens da base nasceram em Goiás, mas são reservas.Autor de gols históricos avalia elenco e disputaO Atlético-GO clube entrou na disputa do Brasileirão, em 1979, e a estreia na elite se deu no dia 23 de setembro de 1979, na derrota de 4 a 3 para o Gama-DF, no Estádio Bezerrão - posteriormente, a CBF reconheceu a Taça Brasil como equivalente ao Nacional. “Era um time bom. Me lembro do jogo. Levei muita pancada, saí com uma contusão no tornozelo, estava fazendo gelo na entrada do túnel e ainda fui provocado por um adversário”, detalha o ex-jogador Reinaldo Souza, de 68 anos e autor do primeiro gol do Dragão naquele Brasileirão.Foi jogo marcante e um gol histórico. Um, não. Reinaldo marcou duas vezes, enquanto Gilberto fez outro gol rubro-negro.“O Atlético-GO demorou a entrar no Brasileiro. Era bem diferente de hoje. Não tinha mídia, como agora. Nem sempre os estádios eram bons. Mas havia muita qualidade técnica e costumava ter alguém (de fora), observando (jogos), buscando informações”, explicou Reinaldo Souza, que integra uma família de jogadores que fizeram história. Os irmãos foram zagueiros: Bezerra (campeão do Brasileirão 1977, no São Paulo) e Joãozinho (primeira geração dos Meninos da Vila e campéão do Paulistão 1978).Reinaldo Souza lembra que Gilberto (atacante) se destacou e foi para o Fluminense, assim como o lateral Ademar foi para o Cruzeiro. O Dragão era comandado por Paulo Gonçalves, ficou no Grupo C e ficou na 1ª fase. O time da estreia teve Itamar; Carlúcio, Wilson Sorriso, Darcy Menezes, Ademar; Celso (Valtair), Duarte, Maurinho; Gilberto, Reinaldo e Bugre.Aposentado e ex-técnico da base do Atlético-GO por sete anos, Reinaldo usa o tempo livre para assistir aos jogos. Segundo ele, “a mídia” é um dos diferenciais do Brasileirão. “Todo mundo vê e acompanha os outros times. Tem muita marcação, força física, bons jogadores. Mas está faltando um pouco de qualidade técnica”, analisa Reinaldo, que é natural de Altair-SP.Sobre o Atlético-GO, ele acredita que está no caminho certo. Aliás, bem diferente dos tempos dele como jogador. “Mudou muito e para melhor. Acho que está na hora de (Atlético-GO) buscar uma posição melhor. Tem de se firmar (na Série A), mas pode pensar grande.”Sobre a equipe, Reinaldo Souza elogia o capitão Marlon Freitas. “É volante e meia. Muito importante. A bola chega e ele dá ritmo ao time.” Para Reinaldo, Marlon Freitas dá o “carimbo” na bola.Além do capitão, Reinaldo Souza vê Jorginho em grande fase, mas diz que o time não pode jogar na dependência dele. O ex-jogador também adverte que o clube precisa de mais três ou quatro contratações, pois disputa outros torneios fortes (Sul-Americana e Copa do Brasil) e precisa qualificar o elenco e ter mais opções para reposição.