Oliveira é o jogador mais longevo do elenco do Atlético-GO e foi um dos atletas que ganharam chances nas rodadas finais da Série A, marcada para o Dragão como a melhor da equipe em pontuação e posição em nove participações na elite. No clube desde 2018, o zagueiro de 25 anos já disputou 133 partidas pelo rubro-negro e quer mais.Mãe do zagueiro, Maria José da Cruz Oliveira, de 70 anos, conhecida como Dona Zeza, diz que Oliveira nem tinha tamanho quando a bola de futebol passou a ser a diversão favorita do zagueiro. Nenhum outro esporte o atraía. De brincadeira quando criança, a bola virou profissão e o meio para realizar sonhos antigos.O zagueiro do Dragão é carioca de Duque de Caxias, tem uma irmã, Sheila Oliveira, e não esquece suas origens, mesmo a pouco mais de 1,2 mil km de distância de casa. Como muitos garotos, Oliveira teve em seus pais as primeiras inspirações para não desistir do longo caminho que um garoto precisa percorrer para realizar o sonho de virar jogador.“Uma vez, meu pai sumiu com uma panela de casa. Minha mãe ficou sem entender e ele (Ivanildo Pereira de Oliveira, 74 anos) amassou a panela toda para vender no ferro velho e arrumar ‘10 conto’ para eu comprar passagens para ir treinar”, conta Oliveira, com os olhos lacrimejando em conversa com o POPULAR.Oliveira é um cara família, sonha em ser pai, mas não por agora. Em Goiânia, o zagueiro mora com a namorada Beatriz, mas nos períodos de férias, como o atual, faz questão de visitar os pais em Duque de Caxias para matar a saudade de familiares e amigos.Seus pais estão diretamente ligados ao seu crescimento como jogador. Antes do futebol, Oliveira jogava futebol de salão. “Minha mãe que me levava, jogava no ‘Clube dos 500’. Eu era fominha, cheio de energia e não cansava. Teve uma vez que um cara me viu, procurou meu pai e falou sobre um projeto chamado Leme. Foi lá que meu caminho para jogar futebol começou, iniciei na categoria infantil”, lembra atleticano, que tem os zagueiros Sergio Ramos, Thiago Silva e Varane como principais inspirações em sua posição.No começo, o pai tomou a frente em dedicar seu tempo a Oliveira. “Uma vez consegui um teste no Flamengo. O Zé Ricardo era treinador no sub-20. De onde eu morava, tinha que pegar uma van e quatro ônibus. Quando eu acordava 4 horas da manhã sem vontade de ir para o treino, meu pai já estava pronto, com café pronto. Parecia que ele queria mais do que eu. Foi aí que falei para mim mesmo que isso não podia acontecer e eu teria que sonhar mais que ele pra dar certo. Deu certo”, diz Oliveira.Antes de chegar no Atlético-GO, o zagueiro jogou no São Cristóvão, Tigres do Brasil e Bangu. Foi no Tigres do Brasil que Lucas da Cruz Oliveira se tornou apenas Oliveira.“Tinha bastante Lucas quando cheguei no Tigres, uns cinco. O treinador (Aurélio) chegou em mim, perguntou meu nome e falei: Lucas. Ele respondeu ‘eita, tem muito Lucas aqui já’. Falei: ‘ué, vai me chamar de quê então? Da Cruz?’. Ele falou que não, que zagueiro não pode ter ‘Cruz’ no nome e que seria Oliveira”, relembra o atleticano, que tem em sua lista de sonhos construir uma casa para a mãe.Segundo o zagueiro do Atlético-GO, ele ainda precisa crescer como jogador para chegar no dia que terá condições de realizar esse sonho. Isso o motiva a evoluir.“Eu ainda não cheguei nesse nível de poder dar uma casa para a minha mãe, e ela também fala que não quer sair de onde mora. Mas quando precisa de algo, uma reforma, eu ajudo. Esses dias me falou sobre um portão novo, disse para comprar. Faço tudo pela minha família, eles me incentivaram a vida inteira. Tudo era contado em casa, meus pais sempre foram batalhadores”, fala Oliveira, que vai curtir parte das férias com sua família em Duque de Caxias e retorna para Goiânia em 2022 para a disputa da quinta temporada pelo Atlético.“O Atlético-GO abriu as portas para o meu crescimento profissional. Eu sei como é torcer para o Atlético, como é o torcedor do clube. Vim com sonho de jogar a Série A, quero agora crescer meu nível como atleta e ajudar na evolução do clube”, reforça Oliveira.Zagueiro vira atacante nas brincadeiras de fim de anoZagueiro, mas se precisar também joga de volante e marca golaços. Oliveira é defensor quando atua como profissional, mas, nos rachões no Atlético-GO, se arrisca como atacante, posição em que também atua nas peladas de final de ano. “Sou zagueiro o ano inteiro. Nas peladas, tenho que ser atacante”, brinca o zagueiro do Dragão.Pelo Atlético-GO, Oliveira marcou seis gols em 133 partidas. Um deles foi um golaço contra o Atlético-MG, na Série A 2020, com lindo chute da entrada da área. Poderia ser sete, caso o gol de bicicleta contra a Chapecoense no Brasileirão deste ano não tivesse sido anulado pelo VAR.“Quando era mais novo, chutava muito, já tinha um chute acima dos outros meninos, com muita força. E sempre cobrei faltas. Quando fui para volante (com Vagner Mancini, em 2020), me adaptei rápido e pude marcar gols bonitos”, lembra Oliveira.O jogador voltou para sua posição de origem depois da passagem de Vagner Mancini e espera seguir em evolução. No Atlético-GO, Oliveira já foi treinado por nove técnicos.“Sou um cara que pergunta muito. Sei que posso evoluir aqui, nisso ali, mais um pouco aqui e assim vai. Quando não estava jogando, ficava me perguntando o que eu não fazia que o Nathan (titular) estava fazendo. O Barroca me orientou muito, o Mancini me ajudou bastante e o Jorginho é um técnico muito inteligente. Por ele, eu até tinha um carinho já antes de vir para o Atlético-GO, cara da seleção brasileira”, comenta o zagueiro, que falou sobre o impacto da chegada de Marcelo Cabo no clube.O treinador assumiu o Dragão na 31ª rodada e terminou o Brasileirão invicto com quatro vitórias e quatro empates, sequência que levou o time aos 53 pontos na 9ª colocação - recorde de posição e pontuação do Atlético na Série A.“Ele (Marcelo Cabo) sabe o linguajar do jogador. A gente ficou mais à vontade com ele. Não que não ficamos com Barroca, Jorginho, Eduardo (Souza) e João (Paulo Sanches), mas o Marcelo já conhece alguns jogadores da última passagem, eu trabalhei com ele. É paizão, conversa com todo mundo, se precisa chega no particular. Nos ajudou bastante no ambiente”, conta Oliveira.