Na manhã do último dia do ano, neste sábado (31), o gerente comercial Cleber Roberto Porto, de 47 anos, viverá uma sensação inédita. O corredor vai percorrer os 15 km da São Silvestre, tradicional prova que encerra a temporada de corridas e que reúne um “mar de gente” pelas ruas de São Paulo.Para Cleber, a São Silvestre remonta aos pensamentos e expectativas da infância. “Desde criança, ficava esperando a São Silvestre. Era o momento de virar o ano, a prova que a gente via na televisão”, conta após definir que “na São Silvestre, a gente zera a vida”.A preparação dele para a São Silvestre começou em novembro, quando Cleber fez a inscrição. O corredor pratica corrida há pouco mais de um ano e já disputou duas meias maratonas (21km). Mesmo com um percurso menor, apesar de desafiador, a tradicional corrida paulista é diferente.“Corri duas meias, mas tenho quase certeza que a São Silvestre vai ser a mais emocionante. O coração vai batendo mais forte. É uma vibe totalmente diferente. Acho que vai ser gratificante terminar e ter a medalha”, espera Cleber, que ainda não foi mordido pelo “bichinho” da maratona, mas não descarta correr os 42km no futuro.Cleber buscou informações sobre a disputa. A subida da Avenida Brigadeiro Luis Antônio, que é longa e fica no fim da prova, é um temor para os corredores. O corredor de Goiânia fez treinos específicos para encarar o trecho e longões para disputar a São Silvestre.“Dizem também que não dá para correr muito, o pelotão te segura. Você consegue fazer mais focado algumas outras provas, no seu ritmo. Agora, vamos fazer a festa, nos divertir, cuidar da saúde e comemorar cada chegada”, prevê Cleber, que buscou a corrida porque estava muito sedentário e perdeu 44 quilos com a corrida, que ele pratica três vezes por semana combinando com treinos de musculação.“Comecei a correr e não parei mais. Com equipe, é gostoso. O legal é estar junto com uma turma bacana. Tempo é o de menos”, atesta Cleber, que aproveitou para levar a família - a mulher e dois filhos - para passar o réveillon em São Paulo.Viagem em grupoNa última terça-feira (27), um grupo de 35 pessoas embarcou em um ônibus para São Paulo. São 28 mulheres e 7 homens acostumados a viajar juntos para disputar corridas. Quem lidera a turma é Marcione Santos, de 48 anos.Marcione, que é cabeleireiro, vai disputar sua quarta São Silvestre, mas está com saudade. Depois de estrear em 2017 e correr as edições de 2018 e 2019, o corredor retorna após três anos. Em 2020, a São Silvestre não foi realizada por causa da pandemia. Em 2021, Marcione decidiu não ir por entender que o risco sanitário ainda existia.“Foi triste porque eu mencionei várias vezes que poderia estar lá. Se o mundo estivesse normal, teria cinco edições da São Silvestre já. Mas, ao mesmo tempo, estou muito agradecido por estar vivo. Lembrei de várias pessoas que se foram, amigos que perderam parentes”, relata.Agora, Marcione voltará a viver a sensação que será inédita para o outro corredor de Goiânia, Cleber, já sabendo como é. “Quem participa dela vive um momento que nunca imaginou viver”, afirmou Marcione. “Chamo de cereja do bolo, é festejar com chave de ouro.”Corredor desde 2014 e com calendário cheio - disputou 22 corridas em 2022 -, Marcione pretende percorrer os 15km em 1h15. Sua melhor marca é 1h18, feita em 2019.Leia também:+ Adversários do futebol goiano reverenciam Pelé+ Eterno Rei: o mundo se despede de PeléMarcione conta que não se sente mal com a multidão. Ao contrário, recebe incentivos. “Tem que curtir. Largo sempre no setor verde, o primeiro depois da elite 1 e 2. Como não chego muito cedo, acabo ficando um pouco atrás. Olha para a frente, tem um ‘mar’. Se olhar para trás, tem outro ‘mar’. É muita gente, mas você não se sente sufocado. É uma emoção contagiante ter sempre alguém do seu lado, as pessoas te dando a mão nas ruas”, explica.A subida no fim é vencida com incentivos. “Quando chega na Brigadeiro, tem pessoas oferecendo água, suco, cerveja, refri. É como se você fosse um herói para elas. Qualquer pessoa pode fazer (corrida), mas quem não faz vê quem faz como uma pessoa diferente.”No grupo de 35 pessoas coordenado por Marcione, o mais velho corredor é Mauro Cesar da Rocha, de 76 anos, que vai disputar sua quinta São Silvestre e pretende fazer os 15km em 1h30 depois de conseguir fazer a corrida em até 1h15. “A perspectiva é fazer um bom tempo”, contou Mauro.A edição de 2022 da São Silvestre será a 97ª da tradicional prova, perto de se tornar centenária. A primeira largada neste sábado (31) ocorre às 7h25. As saídas seguem até 8h05, a partir de quando larga o último grupo. Largadas e chegadas são na Avenida Paulista.-Imagem (Image_1.2586923)