Aos 29 anos, o paulista Guilherme Dellatorre está de volta a Goiânia, onde morou na infância, dos 2 aos 7 anos, e tem raízes maternas. A mãe, Rose Dellatorre, é da vizinha Guapó. Por falar em vizinhança, a avó do jogador, Vanda, é uma ilustre moradora das imediações do Estádio Antônio Accioly, no tradicional Bairro de Campinas.A chance de retornar à capital goiana, onde viveu uma fase lúdica e de boas lembranças, apareceu quando o atacante foi procurado pela direção do Atlético-GO para reforçar o time em 2022. Dellatorre gostou da proposta e do projeto, tentou manter sigilo da negociação com o clube, até que a avó ficou sabendo pela imprensa.Dona Vanda não é de acompanhar tanto o futebol, de acordo com o neto, mas aprovou a mudança. A avó terá a chance de sentir da sala de casa as vibrações da torcida atleticana e dos gols que espera que o neto possa marcar no reduto atleticano. “Ela (Vanda) viu pela televisão. Eu nunca tinha jogado próximo da minha família, aqui. Mas a minha escolha foi muito pelo lado profissional. Depois, ela me ligou e contei que havia acertado com o Atlético-GO. Ela ficou muito feliz”, revelou Dellatorre, que usa o sobrenome italiano e costuma ser chamado pelos amigos de Della.Do gramado do Antônio Accioly, o atacante poderá exercer a arte de fazer gols e dedicá-los à avó, enquanto recebe em campo as vibrações positivas de Vanda. Na infância, mesmo depois de se mudar da capital, ele voltava à cidade para passar o Natal. Chegou a trazer as chuteiras para fazer testes num clube goianiense, mas geralmente o período coincidia com as férias nas agremiações locais. Não aconteceu, mas a vida proporciona ao jogador, agora, a chance de retornar às origens de um paulista com sangue goiano.Dellatorre foi um dos primeiros jogadores contratados pelo Atlético-GO após o Campeonato Brasileiro. O jogador chega com a responsabilidade de sanar uma das deficiências do Dragão na Série A 2021 - o baixo número de gols marcados.Artilheiro e com rodagem no futebol brasileiro e internacional, Dellatorre adquiriu a experiência de ter vivido em outras culturas e centros do futebol - atuou no futebol português, cipriota, inglês e tailandês -, e de ter aprendido com as situações, favoráveis e adversas.Paulista de São José do Rio Preto-SP, Dellatotrre recebe, no Atlético-GO, o primeiro desafio no Centro-Oeste. A última passagem foi pelo CSA-AL, no qual teve a melhor temporada da carreira, marcada pela regularidade em número de atuações (52), gols (24), assistências (4) e de amadurecimento profissional e pessoal.“O ano de 2020 não foi bom, mas foi completamente oposto o ano passado (2021)”, comparou o atacante. “Agora, terei aqui os desafios traçados pelo clube, como passar de fase na Copa Sul-Americana, fazer uma grande campanha na Série A”, citou Dellatorre, que jogará por um clube que projetou atacantes como Fábio Oliveira, Anselmo, Marcão, Juninho, Júnior Viçosa, Luiz Fernando, Renato Kayzer, Pedro Raul, Mike e Janderson.Ano passado, a pré-temporada na equipe alagoana foi fundamental, segundo ele, para retomar o nível de atuações de quando despontou jovem, como goleador de torneios importantes e pela presença em partidas decisivas. Na estreia pelo Rio Preto-SP, fez dois gols na vitória de 3 a 1 sobre o América-SP, no clássico da cidade de São José do Rio Preto (SP), em jogo pela Copa Paulista 2010. Melhor, impossível, pois era Dia dos Pais e ele pôde homenagear o dele, João Dellatore.Nesta fase inicial da carreira, o atacante disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior (2011) pelo Desportivo Brasil-SP e foi artilheiro. “A Copinha alavancou a minha carreira do ponto de vista da visibilidade”, avalia Dellatorre. Os sete gols - dois sobre o Goiás, na fase classificatória - e a presença na semifinal da Copinha foram fundamentais para que o Inter o levasse para a base do clube.Dellatorre foi artilheiro na base colorada, ganhou títulos no time principal e estreou no Brasileirão 2011 diante do time atual, o Atlético-GO, no empate de 0 a 0 no Beira-Rio. “Tudo foi muito precoce e aconteceu muito rápido na minha carreira. Era imaturo”, comentou o jogador, ao explicar a transição da base para o profissional.No exterior, jogador atuou em quatro países diferentesA primeira experiência internacional de Dellatorre se deu no Porto (Portugal), mas atuando pela equipe B na 2ª Divisão. O atacante marcou 13 gols em 36 partidas. “Foi uma experiência muito importante, de trabalho forte. A língua (português) ajudou bastante, mas tive momentos difíceis e amadureci”, contou Dellatorre, que teve companhia da mãe, Rose, durante a passagem de um ano no futebol lusitano, de 2012 a 2013.Quando ele estava a caminho do Estoril, para continuar em Portugal, Dellatorre foi negociado com o Athletico-PR. O retorno foi importante, pois fez parte do elenco que fez temporada vitoriosa no Furacão, vice-campeão da Copa do Brasil e 3º colocado do Brasileirão 2013 após sair da zona do rebaixamento e ganhar posições na tabela. Na semifinal da Copa do Brasil, Dellatorre fez, sobre o Grêmio, o gol que garantiu o time paranaense na final, em que o Flamengo foi o campeão.Em 2014, o atacante foi jogar no Queens Park Rangers, da Inglaterra. Porém, ficou pouco tempo. “Cheguei machucado e me machuquei de novo”, lembrou o goleador. Não foi possível disputar a Premier League, mas ainda foi aproveitado no time B, marcando dois gols em quatro jogos. Ainda em 2014, voltou para o Furacão em bom nível.Dellatorre jogou na Tailândia, pelo Suphanburi. Mesmo distante de grandes centros do futebol mundial, a experiência foi proveitosa. “Isso me ajudou muito. Evoluí e amadureci. Morava com a minha esposa, pudemos crescer como casal, família.”Em outra mudança de ares e país, o atacante chegou ao Apoel, do Chipre, em que disputou jogos da fase classificatória da Liga dos Campeões e Liga Europa. Ganhou títulos, teve boa média - dez gols em 20 partidas - e, em Nicósia, viu o nascimento do filho, Lorenzo. Foi outro momento de aprendizado. “Foi bom pela experiência de jogar competições importantes na Europa, mesmo que fossem playoffs”, destacou o atacante, que teve passagens pelo Mirassol-SP e Brasil de Pelotas-RS, antes de chegar ao CSA.