-Imagem (Image_1.2447223)Conversas, ajustes nos treinos e muito equilíbrio mental são os caminhos apontados por treinadores de goleiros e ex-jogadores para clubes lidarem com falhas de atletas da posição. Dois camisas 1 do futebol goiano passaram por erros, em partidas recentes, que custaram pontos para seus times. No caso de Luan Polli, do Atlético-GO, a falha contra o Cuiabá causou o afastamento da equipe. O Vila Nova absorveu o prejuízo na tabela e o desfalque no jogo seguinte, e Georgemy segue titular.Profissionais da área entendem que o dia seguinte, e, em alguns casos, o segundo dia após uma falha deve ser para conversa e analisar com o intuito de fazer correções, se forem necessárias.Luan Polli errou na saída de bola pelo alto após cobrança de escanteio na partida contra o Cuiabá, pela Copa do Brasil. Na sequência do lance, o atacante Elton marcou o gol de empate (1 a 1). O caso de Georgemy ocorreu após pressão na saída de bola com os pés, na derrota de 3 a 1 para o Ituano. O vilanovense errou em tentativa de drible, perdeu a bola para o atacante Rafael Elias e fez pênalti no adversário. O goleiro do Tigre foi expulso após a falta.“Geralmente, um dia após o jogo, a gente sempre conversa de maneira tranquila, analisa como foi. Quando existe um erro, algo que marcou mais, aprofunda a conversa. É algo lógico, até para entender como foi que aconteceu, como poderia ter feito e tudo mais. Não como forma de cobrança. Somos treinadores. Nós treinamos e preparamos. Se erra, a gente erra junto”, contou o ex-goleiro e treinador de goleiros da seleção brasileira e do Liverpool, Taffarel.Em outros casos, o treinador de goleiro prefere conversar com o atleta dois dias depois do jogo. A ideia, neste caso, é entender melhor o lance e tentar encontrar os motivos que ocasionaram a falha. O ponto, porém, é ter um debate e manter respaldo junto ao goleiro.“Nunca trabalho no outro dia, sempre no segundo. Quando me procura antes, eu falo, mas é recente. É uma forma também de estudar melhor o lance, ver o que ocorreu e colocar na ponta do lápis. A conversa é para dar força, trabalhar a parte mental e não costumo mudar (situações de treinos) para recuperar o goleiro”, descreveu o preparador de goleiros do Grêmio e ex-Corinthians, Mauri Lima.Erros fazem parte do futebol, mas, quando são cometidos por goleiros, a cobrança se torna maior. Uma falha defensiva pode ocorrer por problema de concentração ou técnico, mas também por outros motivos variáveis do jogo, como um quique errado no gramado, vento ou desvio, por exemplo.“Várias situações podem ocorrer para uma falha. A que pode ser evitada é a falha técnica”, resumiu Taffarel. “Esse é o pior erro para o goleiro. Não é aquele erro que a bola engana, desvia em alguém. O erro técnico te faz pensar bastante e refletir. Te deixa chateado. O caminho é trabalhar, trabalhar e trabalhar para que o erro não se repita”, salientou o ex-goleiro campeão do mundo em 1994.Aspectos que precisam estar unidos, segundo especialistas, são equilíbrio mental e bons treinamentos. Após falhas, se for analisado que o erro ocorreu por problema no gesto técnico, mudanças nos treinos são recomendadas.“Se for um erro de gesto técnico, pode mudar algo no treino. Elaboro treinos para ter uma melhora. Concilio a parte técnica com o mental. O atleta sem concentração motiva o erro de gesto técnico. Não adianta estar bem treinado, se não estiver concentrado”, explicou o preparador de goleiros, Marlos Gomes, que fez carreira no Goiás e atualmente trabalha no Amazonas.Para o ex-goleiro Márcio, porém, é preciso identificar exatamente o que pode ter motivado a falha, antes de definir uma possível mudança nos treinos. “Se estiver com dificuldade para sair do gol, não tem por que não treinar um pouco mais. Acho que isso agrega, mas existe o lado psicológico da coisa, que, para mim, é o mais importante. Se der muita ênfase, isso pode abalar (o goleiro) e ele pode chegar no jogo sabendo que está mal em determinado fundamento. Toda bola se torna mais perigosa”, ponderou o ex-goleiro.O poder mental é importante para o sucesso do goleiro. Em alguns casos, as conversas se tornam diárias ao ponto de um laço de amizade ser construído entre preparadores e jogadores. O treinador precisa intervir em casos em que o goleiro está desacreditado, sofre com críticas e precisa retomar a confiança.“Quando o goleiro erra, no dia seguinte é preciso levantar a moral do jogador. Falhas acontecem. Se for fundamento, é trabalhar, mas principalmente a cabeça, manter a concentração elevada para que, se ocorrer uma futura falha, não seja por problema de concentração. Existem situações de erros atrás de erros. Ter a cabeça no lugar é determinante”, acrescentou o preparador de goleiros Márcio Defendi, que está acertado para voltar a trabalhar na Anapolina, para a disputa da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano, a partir de julho.Especialistas trocariam goleiro em casos de repetição de erros ou falta de confiançaTrocar o goleiro após falhas nem sempre é visto como algo positivo entre profissionais que trabalham diretamente com treinos e são especialistas na posição. É recomendado que ocorra, no entanto, quando confirmado que fatores além da parte técnica possam atrapalhar o atleta. O recente caso no futebol goiano foi com Luan Polli, do Atlético-GO, que falhou contra o Cuiabá numa quinta, dia 21 de abril, sequer foi relacionado no empate do Dragão com o Botafogo no domingo (24) e voltou a ser integrado diante do Antofagasta, pela Sul-American se motivo do erro for além da parte técnicaa, na quarta-feira (27).“Eu nunca vi dessa forma de ter que tirar o atleta para preservar. Todos que entram em campo estão sujeitos a acertar e errar. Se ele (goleiro) está errando muito, tira porque está errando muito, não para preservar. Quando o atleta entende isso, trabalha para melhorar. Não quer dizer que tem que insistir em uma situação em que o atleta não consegue responder”, opinou o ex-goleiro Márcio.Entender como o atleta responde é parte do processo para recomendar ou não se o a “camisa 1” deve ser entregue para outro goleiro. Na opinião do preparador de goleiros Mauri Lima, é preciso, no dia a dia de treinos e nas partidas, perceber se o jogador está sem foco e confiança.“Uma troca de goleiro pode ocorrer se o goleiro demonstrar em campo que não tem confiança, que está inseguro e sem foco para recuperar. O erro pode acontecer, uma duas, três, quatro, cinco vezes, mas, se tiver confiança, foco e determinação, vai corrigir. Sem segurança, pode ter um motivo para troca”, completou o profissional, que frisa que a decisão final é do técnico, mas que o treinador de goleiros pode ajudar com a opinião.É certo que, quando um goleiro falha, imediatamente a dúvida é criada sobre sua sequência no time. Se o atleta estiver iniciando trajetória em uma equipe, a pressão costuma ser maior do que comparada com atletas experientes que defendem a mesma equipe há anos.“O melhor goleiro é aquele regular, nunca pode sair do bom para o péssimo. A maior função do goleiro é transmitir confiança de forma regular e linear. O grande desafio do goleiro é não repetir falhas”, salientou o ex-goleiro Taffarel.Longevo como titular, Tadeu segue destaque do GoiásA exigência sobre os goleiros aumenta a cada temporada por causa da evolução da posição ou do nível de competições que as equipes disputam, já que erros podem custar caro. O futebol goiano tem um exemplo prático e recente da cobrança que atletas da posição vivem. No Atlético-GO, Luan Polli, Ronaldo e Renan carregam o fardo de tentar manter o nível que Fernando Miguel (2021) e Jean (2020) apresentaram no Dragão nos últimos anos.A comparação do nível de atuação ocorre e o trio disponível no elenco do Dragão acaba tendo mais este fator a ser superado para render em campo.Entre as equipes da capital, Tadeu é o que está há mais tempo como titular. Em sua quarta temporada no Goiás, o goleiro, que acabou de renovar contrato e ficar no clube até 2026, voltou a conviver com um problema que passou em 2019, de sofrer muitos gols. Em 2022, porém, os problemas defensivos estão nas demais posições. O time ainda não encontrou a melhor formação e tem cedido espaços aos adversários.Por mais que Tadeu siga com defesas espetaculares durante as partidas, nem sempre o Goiás consegue deixar o gramado sem ser vazado. A equipe vem de uma sequência de sete jogos sofrendo ao menos um gol.Outro clube goiano que passou a conviver com problemas defensivos em 2022 foi o Vila Nova. A situação no Tigre é justificada no clube como “busca por equilíbrio entre ataque e defesa”. A defesa sólida de 2021 não conseguiu se encontrar ainda na atual temporada. Em 21 jogos, a equipe sofreu gols em 15.Diferente dos demais rivais, o Vila Nova conseguiu manter todo o sistema defensivo de 2021, trouxe reforços para a posição, mas ainda não encontrou o ritmo. Com isso, Georgemy tem sido mais exigido, em todos os aspectos, principalmente em defesa e início da construção de jogadas com os pés.Para comentarista, futebol goiano está bem servido na metaPelo menos três goleiros em cada um dos sete clubes goianos que disputam o Campeonato Brasileiro participam de treinamentos. Em alguns dias, até quatro profissionais são utilizados nas atividades. Para o ex-goleiro e atual comentarista da TV Anhanguera, Kleber Guerra, o estado possui atletas de qualidade e potencial nas equipes.Atlético-GO e Goiás, representantes da elite, vivem problemas defensivos. No Dragão, por falhas individuais. A última custou a posição para Luan Polli. No Goiás, o motivo não está no gol.“São três bons goleiros, o Atlético-GO está bem servido na posição. Luan Polli já vinha com dificuldades desde o Goiano, em alguns jogos ele errou, mas a equipe venceu. Continuava sendo cobrado. O Ronaldo vinha treinando bem, muito elogiado e teria oportunidade natural. Veio a calhar depois de mais uma falha do Luan. São atletas de potencial”, analisou Kléber Guerra.O Goiás ainda não encontrou a formação ideal entre zagueiros e laterais e tem sofrido com lesões de volantes. A falta de entrosamento resulta em falhas defensivas que forçam o goleiro Tadeu a trabalhar mais - o time começou a 4ª rodada como o mais vazado da Série A.“Ele (Tadeu) está exposto. Mesmo fazendo defesas dos jogos, ocorrem lances que até questionam o Tadeu. Não vejo motivos para transferir essa responsabilidade para ele, que é um dos melhores goleiros do Brasil. Matheus Alves vive um bom momento nos treinos, melhor que até o Rangel”, opinou o ex-goleiro.Quem passou por falha recente foi o goleiro Georgemy. No Vila Nova, além dele, Tony, Pedro Campanelli e Heitor estão no elenco.“O Georgemy é um goleiro excelente, de muito potencial. Precisa corrigir erros com o jogo com os pés, mas tem muito a evoluir. Tony eu conheço desde novo, está mais experiente e vivido. Atleta de potencial, que deixa o Vila Nova bem servido porque o Campanelli tem potencial para jogar com os pés, sabe a hora de driblar, bater para a frente e como sair em situação arriscada”, comentou Kléber Guerra.Dois clubes goianos, entre os que estão nas séries C e D, possuem figurinhas carimbadas em suas metas. Na Aparecidense, Pedro Henrique é titular absoluto. O mesmo vale para Cleriston, no Iporá. Os dois são considerados pelo ex-goleiro jogadores com credibilidade, que já mostraram motivos para seguir titulares. Os clubes, porém, têm atletas reservas com recursos técnicos para evolução, casos de Gabriel Félix (Aparecidense) e Alisson (Iporá).Na dupla de Anápolis, cada time possui jogadores de perfis diferentes. O Anápolis apostou na experiência, com atletas acima dos 30 anos e com passagens por clubes goianos. O Grêmio Anápolis, como filosofia de trabalho, buscou jogadores um pouco mais novos, na faixa de 25 anos. Em comum, são atletas considerados bons e com experiência por competições que passam tranquilidade aos clubes na disputa da Série D.