Nove meses depois de ter sido rebaixado, o Goiás retornou à Série A com uma rodada de antecedência, nesta segunda-feira (22), após vencer o Guarani. O time esmeraldino chegou aos 64 pontos e não poderá ser alcançado por nenhum clube fora do G4. A campanha, porém, começou com um detalhe de desconfiança. O atual elenco foi montado às vésperas da competição, se provou em campo e conseguiu competir de maneira regular.O ano de 2021 é atípico no futebol. Por causa da pandemia da Covid-19, as competições de 2020 terminaram no início deste ano. O Goiás terminou a Série A em fevereiro, com um elenco que foi desmanchado após a queda. Do último jogo do Brasileirão 2020, na derrota de 3 a 2 para o Vasco, apenas o goleiro Tadeu e os zagueiros David Duarte e Iago Mendonça estiveram em Campinas nesta segunda-feira (22) no retorno do clube esmeraldino à 1ª Divisão.A atual diretoria, que assumiu o clube no início deste ano, optou por utilizar um elenco recheado de jogadores da base no Campeonato Goiano. A fórmula não deu certo, já que a equipe fez a pior campanha desde 1965. Terminou com a 7ª campanha do Estadual, garantindo a classificação ao mata-mata na última rodada da fase de grupos e caiu nas quartas de final para o rival Atlético-GO. Apesar disso, o discurso foi de que era um risco calculado e o foco estava totalmente na Série B.Na reta final do Goiano, o time esmeraldino já contava com nomes que se tornariam importantesna Série B. O principal deles foi o meia Elvis, que soma até aqui 11 assistências na competição nacional. É o líder no quesito. O técnico era Pintado, que começou a Segundona no comando do clube.Após o término dos Estaduais pelo país, o Goiás começou a receber jogadores que também foram destaques na campanha do acesso. Os artilheiros do Campeonato Carioca e Paulista, Alef Manga e Bruno Mezenga, respectivamente, começaram a Série B marcando gols. A defesa já tinha a presença de Reynaldo César, dos laterais Apodi e Hugo e o meio-campo contava com Caio Vinícius, Rezende e Elvis, além do polivalente Dieguinho, que atuou no ataque, lateral e meio-campo na Segundona.Primeira troca de comandoO começo da Série B não foi de domínio do Goiás. Apesar de figurar no G4 a partir da 5ª rodada, o time não apresentava um futebol que passasse confiança. Além disso, não conseguiu vencer jogos consecutivos. Uma sequência de quatro jogos entre as rodadas 9 e 12 determinaram a queda de Pintado do comando do Goiás após 13 jogos à frente do time (um pelo Goiano).O empate por 1 a 1 com o Vitória, fora de casa, a derrota para o Náutico, em casa (a primeira do time como mandante), a vitória de 1 a 0 sobre o CSA, como visitante, e o empate sem gols com o Londrina, na Serrinha, tiveram uma marca de atuações fracas. Civeram cobranças da torcida pela mudança no comando técnico. Mesmo com o time no G4, Pintado deixou a equipe após o duelo contra o Tubarão, que era o lanterna da competição.O melhor período do Goiás na Série B ocorreu logo após a chegada do técnico Marcelo Cabo. Nas tribunas do Engenhão, ele viu o time esmeraldino, sob comando de Glauber Ramos, vencer o Botafogo por 2 a 0, logo após ter sido anunciado como novo treinador. A derrota por 2 a 1 para a Ponte Preta, na rodada seguinte, foi a última antes de dez jogos de invencibilidade da equipe alviverde.Foram seis vitórias, contra Operário/PR, Guarani, Brusque, Confiança, CRB e Brasil de Pelotas, e quatro empates, com Coritiba, Remo, Sampaio Corrêa e Cruzeiro.Oscilação e queda de CaboMarcelo Cabo foi do céu ao inferno após a sequência invicta de dez jogos. Um período de três derrotas seguidas, que contou com revés para o Vila Nova, na Serrinha, no clássico goiano, deixou claro que a paciência da torcida havia acabado com o treinador - neste jogo os esmeraldinos pediram a saída do profissional após o apito final.O Goiás voltou a vencer, mas seguia com atuações que não passavam confiança. As exceções foram os triunfos contra Vitória (3 a 0) e CSA (3 a 1). Empates com Londrina e Botafogo foram com atuações abaixo da expectativa, com o time oscilando entre os tempos das partidas e o treinador foi demitido a seis jogos do fim da Série B.Alef Manga e confusõesUma coisa é certa, a passagem de Alef Manga pelo Goiás será marcante. Contratado por empréstimo do Volta Redonda, por R$ 500 mil, o atacante vai terminar a Série B como artilheiro do time esmeraldino - são dez gols marcados até aqui, com um jogo ainda a ser disputado. O jogador de 26 anos chegou com status de goleador do Campeonato Carioca, pelo Volta Redonda, com nove gols.O começo no Goiás, porém, foi devagar. O atacante fez um gol na vitória de 2 a 0 contra o Confiança, na 2ª rodada, mas depois voltou a marcar apenas na 11ª rodada. Neste intervalo, perdeu gols que irritaram a torcida. Um deles foi na primeira derrota da equipe como mandante, diante do Náutico, na 10ª rodada.Após o jogo, Alef Manga discutiu com torcedores que estavam na calçada da Serrinha. No jogo seguinte, Alef Manga fez o gol da vitória de 1 a 0 contra o CSA, fora de casa. Na entrevista ao Premiere, desabafou e revelou que havia sido ameaçado de morte por torcedores do Goiás.Outras confusões foram dentro de campo. Na derrota de 2 a 1 no clássico contra o Vila Nova, o atacante discutiu durante uma pausa para hidratação com o técnico Marcelo Cabo. O atrito ocorreu durante o 1º tempo, no intervalo o atleta foi substituto.Outro momento quente foi durante o revés para o Náutico, por 3 a 2. Alef Manga, ainda em campo após o término da partida, se envolveu em uma confusão com o goleiro Anderson, da equipe pernambucana. Foi contido por outros jogadores e, na saída do gramado, também bateu boca com torcedores.Volta por cimaO ano de 2021 para Glauber Ramos começou com ele comandando o Goiás na reta final da Série A. Ele foi o técnico do rebaixamento da equipe à Série B. Também foi o escolhido pela diretoria para comandar o clube nos seis jogos finais da atual Segundona.Em entrevista ao POPULAR, Glauber Ramos falou que o ano de 2021 foi de experiência que jamais havia vivenciado em mais de 13 anos no Goiás. O treinador deu sequência a período invicto, que iniciou ainda sob comando de Marcelo Cabo: oito jogos que a equipe não perdeu na Série B, três com Cabo e cinco com Glauber.Com tropeços de rivais e vitórias em confrontos diretos, a última diante do Guarani nesta segunda-feira (22), o treinador deu a volta por cima na temporada junto com o clube e vai estar na história do Goiás como o técnico do jogo do acesso à Série A.