Carro do prêmio virou casa da mãe de artilheiro do GoiásFinais de campeonato marcam eternamente a vida dos campeões. O título de 2009 do Goiás contra o Atlético-GO ajudou um dos artilheiros da decisão, o atacante Felipe, a construir a casa de sua mãe (Vercinda da Silva) no interior do Rio Grande do Sul. O time esmeraldino venceu o Dragão por 2 a 0, na ocasião, e o último gol foi marcado pelo ex-jogador aos 44 minutos do 2º tempo.“Eu tinha feito um bom campeonato, fui artilheiro (com 16 gols), mas o Atlético tinha a vantagem. Fizemos 1 a 0 e, no final, pressionaram para empatar e ficar com o título. Fiz o gol no finalzinho e acho que esse gol me fez ser eleito o melhor jogador do campeonato. O prêmio era um carro, acho que um Gol. Nem peguei o carro, pedi em dinheiro e construí a casa da minha mãe”, contou Felipe, que virou fazendeiro e possui lavoura de soja em Ernestina, no Rio Grande do Sul.“Às vezes, dá saudade dos tempos de jogador, vejo notícias do Goiás, mas já passei tanto tempo longe da família. Agora, tenho que aproveitá-la. Quero cuidar da minha lavoura de soja. Já fiz o que eu tinha que fazer no futebol”, salientou Felipe, que acredita na virada do Goiás na decisão deste ano.Desde o retorno do Atlético à elite estadual, o Goiás venceu o rival rubro-negro em quatro ocasiões. A primeira delas foi em 2006, ano marcado pela participação esmeraldina na Libertadores.“Lembro que a preparação e foco eram para a Libertadores, tanto é que o grupo foi separado. Não jogamos todo o Campeonato Goiano com a equipe principal. Tínhamos times diferentes por causa da preparação”, lembrou o ex-volante Danilo Portugal, cria da base alviverde.A rivalidade em 2006 entre os clubes existia, mas em proporção menor do que é comparada com 2022.“Independentemente da situação que eles (Atlético) viviam naquele momento, tinha uma rivalidade. Na fase de grupos, eles venceram a gente por 3 a 0, tinham um time qualificado e jogadores de qualidade. Dentro de campo ficou evidente essa rivalidade, os jogos eram duros, difíceis. Todos queriam ser campeões”, comentou o ex-jogador, que é formado em Educação Física e é personal soccer, com treinos de fundamentos para crianças e adolescentes.Apenas um jogador do Goiás foi campeão contra o Atlético nos quatro títulos, desde 2006: o ex-lateral direito Vitor, que hoje trabalha como treinador e busca um novo clube após deixar o comando do Goiânia no final de 2021.O ex-defensor possui lembranças de cada conquista. “Em 2006, foi o ano da Libertadores, conhecia poucos jogadores do Atlético, mas já sabia da história do clube”, contou. “Em 2009, a rivalidade já tinha aumentado, os jogos foram mais competitivos. O Goiás tinha um timaço, com Iarley, Felipe”, lembrou ele, que deixou o Goiás em 2010 e voltou em 2012.“Dos títulos, 2012 foi um dos que menos joguei (9 partidas). Tinha voltado para o Goiás e sofri uma lesão muscular na reta final do campeonato. Estava na reserva na final, lembro que me comportei como técnico do lado do Enderson. Não aguentava ficar sentado (risos)”, detalhou Vitor, que conquistou seu último título pelo Goiás em 2013.“Ficou praticamente todo mundo que foi campeão da Série B. O Egídio e Goulart saíram, mas, nessa época, a rivalidade já estava grande, dentro e fora de campo. Dois times fortes, o Atlético já tinha se consolidado. Ali percebi que um sempre ia querer estar na frente do outro. Hoje dá para confirmar com várias disputas intensas nesses clássicos”, comentou.Ex-atleticanos participaram da reconstrução desde 2006O gol marcado pelo ex-atacante Anailson, que deu o título do Atlético-GO contra o Goiás em 2007, é sempre lembrado por muitos torcedores e personagens da história rubro-negra. o ex-volante Pituca, que conquistou há 15 anos seu primeiro de três títulos de Goianão com o Dragão, não é diferente.“É o que vem imediatamente na minha lembrança, o gol do Anailson. Todo mundo lembra. O Serra lotado, com as duas torcidas. O Wesley foi para a direita, tocou para ele (Anaílson) e chutou de fora da área. Foi um golaço”, lembrou o ex-volante, que já percebia, em 2007, uma tensão entre os times.“Eles entraram de salto alto naquela final porque ganharam em 2006. Tinham vindo de um ano que jogaram a Libertadores, foram jogos tensos, com discussões. Como o Atlético perdeu em 2006, meio que tinha que dar uma resposta. Aquele título foi o começo do grande ressurgimento que o Atlético teve até hoje”, opinou Pituca.Campeão em 2014, o ex-atacante Juninho se recorda das polêmicas que marcaram o 2º tempo do 2º jogo da decisão. “Teve pênalti (para o Goiás) que o Márcio (ex-goleiro) pegou, eu fiz um gol legal, que foi anulado. Eu sei que foi legal porque vi nas imagens depois. No final, a torcida (do Goiás) já estava gritando campeão quando o Lino fez o gol de cabeça”, citou Juninho, que estava dentro da área no momento do escanteio.“Quando ele cabeceou, a bola passou por cima de mim. Só virei e vi (a bola) entrando. Não sabia nem para onde correr”, falou o ex-atacante, que acredita que a diferença naquela final foi a concentração do Dragão, que não desistiu e marcou o gol do título no último minuto dos acréscimos da etapa final.Dos campeões pelo Atlético em 2019, um já pendurou as chuteiras. O ex-atacante Gilsinho, que atuou por último no São José-RS, no ano passado, optou por encerrar a carreira. No Dragão, além do Goianão de 2019, fez participou dos acessos à Série A em 2016 e 2019.Na decisão estadual contra o Goiás, Gilsinho abriu o placar na vitória de 3 a 0 no jogo de ida. “No vestiário (no primeiro jogo), eu sentia que seríamos campeões. Percebi o foco em cada jogador, na comissão técnica. Mostramos isso em campo. Tive a felicidade de marcar o gol de pênalti, responsabilidade grande porque foi no começo do jogo e foi o primeiro. Não deixamos (o Goiás) jogar, o Goiás se expôs, buscamos os contra-ataques e matamos o jogo”, explicou o ex-atacante.Gilsinho considera o título de 2019 um dos mais especiais da carreira por ter sido o primeiro depois do seu retorno ao Dragão após o título da Série B em 2016. Ele deixou a equipe rubro-negra após a conquista nacional, jogou no Japão e no futebol paulista, antes de voltar ao clube.“Foi uma campanha boa, bem regular. Em 2016, nós não jogamos nada bem, recuperamos no Brasileiro. Esse ano de 2019 foi diferente, o time estava entrosado desde o começo. Quando todos remam para o mesmo lado, as coisas fluem. Foi assim com a gente, sem vaidade e focado em vencer”, argumentou Gilsinho, que não vê muitas diferenças no nível da rivalidade entre as equipes.“Antigamente o mais forte era Goiás x Vila, mas hoje Atlético x Goiás possuem uma rivalidade grande. O Atlético está com uma estrutura muito boa, anos seguidos na Série A, jogando a Sul-Americana. Cresceu muito. Acredito até que é a maior rivalidade no atual momento (do futebol goiano). Tem tudo para ser uma grande final no sábado, espero que seja um grande jogo. Como tenho passagem boa pelo Atlético, vou torcer para que conquiste”, avisou Gilsinho.