Historicamente, os Estaduais são conhecidos por serem “trituradores” de técnicos. Na atual edição do Campeonato Goiano, cinco dos 12 clubes da disputa trocaram de comando em seis rodadas. Duas mudanças ocorreram após pedidos de demissões - Atlético-GO e Morrinhos - e as outras três, no Iporá, Grêmio Anápolis e Goiatuba, foram divulgadas como “comum acordo” pelas equipes.(Veja, após este texto, todas as trocas de técnico no Goianão e os números dos treinadores)O número é o mesmo de trocas feitas no Goiano de 2021 e 2020, no mesmo período de rodadas. Em 2019, primeiro ano com o retorno de 12 participantes no Estadual, foram sete mudanças de treinadores após seis rodadas.Dos cinco clubes, apenas Atlético-GO ainda não tem o substituto definido. O Goiatuba, que anunciou a saída de Gilberto Pereira, na segunda-feira (14), acertou com Ariel Mamede.Há, porém, diferenças notáveis entre os clubes na busca por novo técnico. O calendário de competições e objetivo no Estadual são considerados na hora de contratar. O perfil do novo comandante geralmente é definido pelo modo de trabalho que o clube possui.“Quando a gente buscou um novo técnico, a primeira coisa que definimos é que precisava ter conhecimento do futebol goiano e um retrospecto recente bom. O Lucas (Oliveira) é da nova geração, possui bons resultados nos últimos anos e sabemos que podemos ter resultado em campeonato de tiro curto”, contou o presidente do Morrinhos, Leandro Nato, que precisou contratar um novo treinador após o pedido de demissão de Giovanni Rosa, após a 2ª rodada do Goianão.Dos clubes que já tiveram trocas de treinadores, apenas o Grêmio Anápolis não teve melhora no aproveitamento. O atual campeão goiano trouxe Wender Said após saída de William de Mattia. Os números seguem os mesmos, de 33,3% de aproveitamento.“Nossa ideia foi encontrar um treinador que tivesse conhecimento do projeto do Grêmio. Alguém com profundo conhecimento da área, mas acima de tudo que soubesse o modo de trabalho que temos e tivesse aproximação do mercado do exterior, que é o nosso foco. O Wender (Said) foi treinador na Segunda Liga (de Portugal), trabalhou com jovens e atendeu nosso perfil”, explicou Pedro Correia, diretor de futebol do Grêmio Anápolis.Das equipes que já trocaram de treinador, três possuem mais de uma competição no calendário anual. Além do Atlético-GO e Grêmio Anápolis, o Iporá jogará a Série D em 2022. A ideia é manter o atual técnico, Edson Silva, no comando, mas o resultado no Estadual fará a diferença.Quando optou pela saída de Everton Goiano após a 5ª rodada, a direção do Iporá entendeu que precisava buscar um treinador que trouxesse mudança rápida, já que o novo comandante teria apenas cinco jogos para mudar o rumo do Lobo Guará na competição.“Não poderíamos errar. O Edson (Silva) estreou bem, com vitória contra o Vila Nova. Foi nosso perfil encontrar um treinador que aceitasse o desafio de reverter uma situação complicada. O time vinha de derrota, não tinha vencido ainda. Ele já teve resultados em outros trabalhos de pegar o time em má fase e evitar rebaixamento e até avançar ao mata-mata. Aceitar o desafio foi importante para nós”, contou o presidente do Iporá, Tiago Dantas.Na opinião do ex-goleiro e comentarista da TV Anhanguera, Kléber Guerra, a troca de treinador nos clubes do interior pode ser considerada normal, já que as direções dessas equipes geralmente buscam resultados imediatos no Estadual.“Há o parâmetro de que, quando um treinador chega, costuma mexer com o grupo e mexe na motivação. A tentativa é de tratamento de choque para que o clube reaja. Três pontos neste campeonato, com diferença mínima de pontos, fazem a diferença”, opinou o comentarista.O clichê de “não pode errar” na hora de contratar um treinador é considerado, principalmente, para os clubes que optam por trocar treinadores durante o Estadual e possuem calendário cheio. É o caso do Atlético - Marcelo Cabo pediu demissão após a derrota para o Vila Nova, por 3 a 2, na 4ª rodada.“Tem que ter muito mais critério (na hora de contratar). Nossa margem é menor de erro porque temos que chegar preparadíssimos nas competições que temos pela frente e são importantes para o clube”, resumiu o presidente Adson Batista, que admitiu que o clube tem “as portas abertas” para o técnico Vagner Mancini e pode procurar o treinador nos próximos dias.“O Atlético-GO olha para a frente para tomar a decisão. Já houve casos de saídas de treinadores com resultados negativos ou até mesmo positivos, mas que tinham problemas internos. Acho que o Adson vai aguardar um pouco mais para definir o treinador, já que será alguém para Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileiro”, disse Kléber Guerra.Dos 12 participantes do Goianão 2022, apenas um começou o ano com um treinador interino: o Goiás, com Glauber Ramos. O clube admitiu que busca um novo treinador, considera estrangeiro, mas sem prazo definido. “Internamente, um início ruim como foi esse ano poderia gerar um desgaste. Manter o Glauber foi bom para preservar no Estadual”, opinou Kléber Guerra.-Imagem (1.2402983)