-Imagem (Image_1.2028935)Se o futebol faz falta para torcedores e amadores, para os profissionais que vivem do esporte a ausência é ainda mais dura. Jogadores e técnicos passam pela abstinência e tentam suprir a falta de alguma forma.É o caso do meia Matheuzinho, do Atlético, que contou que o baque veio logo no terceiro dia após a paralisação dos treinos no Dragão. “Eu sou uma pessoa bem ativa e isso nos pegou de surpresa. No terceiro dia, eu já estava sentindo falta dos treinos, dos jogos, de ver jogos na televisão. Estamos acostumados a ter um ou dois dias livres, só que, mais que isso, já começou a pesar bastante”, explicou.Para driblar a angústia do afastamento forçado dos gramados, Matheuzinho procura ver vídeos com seus lances no celular. O jogador rubro-negro curte também jogadas de outros craques. “Nunca vi tanto o meu DVD como estou vendo ultimamente. Vejo também vídeos de jogadores que admiro, como o Cristiano Ronaldo e o Messi. Fico vendo os lances. Jogo videogame também”, explicou o jogador, que não se limita a jogos de futebol no mundo virtual.Outra forma de conexão com o futebol é por meio da leitura. Matheuzinho disse que está lendo alguns livros como as biografias de Cristiano Ronaldo, do ex-zagueiro Paulo André e do ex-goleiro Marcos.O livro também é companheiro do zagueiro Danrlei, do Vila Nova. Gaúcho de Capivari do Sul, cidade de 5 mil habitantes, que fica no litoral, o jogador colorado optou por permanecer em Goiânia para não correr riscos na viagem. Para amenizar a saudade do futebol, Danrlei mergulha nas páginas da biografia do técnico português José Mourinho. “Eu não sou tão fã de videogame, jogar sozinho não me agrada muito. Estou lendo ‘Mourinho Rockstar’, que conta histórias bem legais”, frisou.Danrlei se intitula como um aficionado por futebol. O zagueiro diz que gosta de treinar, de jogar e de assistir futebol. Por isso, esses dias de quarentena estão sendo bem complicados para ele. Para piorar, o jogador colorado vê todos os dias, da sacada de seu apartamento, o Onésio Brasileiro Alvarenga. “A verdade é que eu sinto saudade a todo momento, quando olho para o estádio”, enfatizou o jogador.Volante do Goiás, Sandro também vive a expectativa pelo retorno ao futebol. O meio-campista esmeraldino passou a última temporada sem jogar muito e, quando estava voltando ao ritmo de jogo e apresentando evolução com a camisa alviverde, veio a paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus.“Como a gente já estava no ritmo dos jogos, eu senti falta no primeiro fim de semana sem jogos. Faz muita falta pra nós, ainda mais num momento que estava me sentindo bem, as coisas caminhando bem”, comentou Sandro, de Riachinho (MG).O experiente jogador tem sido bem ativo em suas redes sociais nos últimos dias para mostrar como tem sido sua adaptação ao período de quarentena. Sandro até simulou uma entrada em campo ao lado dos filhos Mateus e Gabriel. “A saudade de entrar em campo e estar com meus companheiros é grande, mas, nesse momento difícil, vamos fazer nossa parte.”Se para os jogadores é difícil sair da rotina imposta pelo futebol, para os treinadores não é muito diferente. Isso porque os técnicos vivem conectados além dos momentos de jogos e treinos.“Está fazendo muita falta a adrenalina que colocamos nos jogos e nos treinamentos, além do contato com os atletas. Torcemos para que isso passe logo e possamos voltar à rotina normal”, comentou o técnico Hemerson Maria, ex-Vila Nova e recém-contratado pelo Brasil de Pelotas.Para compensar a falta de futebol, Hemerson Maria tem utilizado o tempo para analisar uma lista de jogadores com potencial para reforçar o Xavante, além de assistir em média a três jogos por dia. “Tenho aproveitado para estudar, para pegar informações sobre atletas que podem ser reforços. Tenho uma relação de 800 atletas, de todas as posições e divisões possíveis, que observo. Estou assistindo a todos os jogos do Brasil de Pelotas na temporada para fazer análises individual e coletiva”, explicou Hemerson Maria, que tem aproveitado para passar os dias com a família.Quem também valoriza os momentos com seus familiares é o técnico Wagner Lopes, que coloca a importância do futebol em segundo plano neste momento de crise. “O futebol não está fazendo falta em meio a tantas coisas que são mais importantes. Por exemplo, a saúde da população mais carente. Onde poderão procurar socorro se for preciso?”, ponderou.O técnico destacou um lado positivo que é o de estar perto da família. “O mais importante nesses dias de isolamento social é focar no convívio com a família. Estamos trancados em casa por mais de 15 dias e tenho feito atividades com meus filhos que há muito tempo não fazia. Outra coisa muito legal é poder ajudar nos afazeres da casa no dia a dia. Há muito tempo, não cooperava e convivia com minha família. Treinador de futebol tem uma rotina muito solitária”, frisou.Para matar um pouco da saudade do futebol, Wagner Lopes tem recorrido a séries de televisão com a do craque Maradona no México e uma série que mostra o início do futebol na Inglaterra.-Imagem (Image_1.2028934)