Aos 11 anos, o mesatenista Flávio Coelho, de Goiânia, acaba de voltar de sua primeira competição internacional em alto nível no tênis de mesa. O garoto foi campeão de uma etapa do circuito mundial disputada em Lima, no Peru, na categoria sub-11, e ainda beliscou um bronze em uma categoria acima, a sub-13. Flávio tem qualidade e potencial reconhecidos nacionalmente e sonha em chegar ainda mais longe no esporte que aprendeu a amar.Flávio se interessou pelo tênis de mesa depois de acompanhar o pai Neivaldo Ghedim, que praticava o esporte para manter a forma física. O garoto ia aos treinos do pai para ajudar a buscar as bolinhas, mas logo começou a mostrar que tinha intimidade com a raquete. Tomou gosto pelo esporte.Nos últimos três anos, o garoto começou a praticar o tênis de mesa e o nível é crescente. Neivaldo conta que sempre incentivou o filho no esporte e o desafiava, mas, agora, o garoto já não tem interesse em jogar muito com ele. “De um ano para cá, não consigo mais vencê-lo”, contou o pai, orgulhoso pelo nível apresentado pelo filho.Flávio é um garoto ainda tímido com as palavras nas primeiras entrevistas que tem concedido como mesatenista, mas a timidez fica um pouco de lado quando o assunto é competição. Falar dos campeonatos que já participou e dos desafios futuros é algo que deixa o menino com brilho nos olhos.Leia também+ Atletas goianos conquistam vagas para os Jogos Pan-americano Universitários+ Goianos são destaques nos JUBs de PraiaAinda cansado da viagem que fez ao Peru, para competir no WTT Youth Contender, em Lima, Flávio já faz planos para disputa de uma nova etapa do circuito mundial em junho e também do Campeonato Sul-Americano, que serão disputados em Salta, na Argentina.Em Lima, Flávio foi campeão com relativa facilidade na categoria sub-11, que reúne crianças de até 11 anos, idade do goiano. Com o domínio no cenário, o mesatenista canhoto prefere competir com jogadores mais velhos. “É mais legal jogar no sub-13 porque é um nível mais difícil e porque sempre tem mais competidores”, contou o garoto, que está ansioso pela disputa na Argentina. “O Sul-Americano vai ser mais difícil porque vai ter mais pessoas. Vamos ter também disputa por equipes”, avaliou Flávio.Na Argentina, Flávio está inscrito na etapa do WTT Youth Contender nas categorias sub-11 e sub-13, com jogos entre 3 e 5 de junho, e vai participar do Campeonato Sul-Americano na categoria sub-11 simples e por equipe, entre 7 e 12 de junho.Flávio vive rotina com escola pela manhã e treinos no período da tarde, entre 14h e 18h diariamente. O garoto pratica o esporte na Associação Goiana de Tênis de Mesa sob a supervisão dos treinadores Reginaldo Alves e Valdneis Medeiros.Como não está elegível para programas públicos de incentivo ao esporte por causa da idade baixa, Flávio tem recebido apoio de alguns empresários amigos da família. No entanto, com o aumento de competições em cenário internacional e a evolução da carreira, o jovem prodígio está em busca de mais apoio para seguir perseguindo o sonho de ser um atleta olímpico no futuro. “Meu objetivo é ir treinando, competindo e melhorando para quem sabe chegar a uma Olimpíada”, disse Flávio, que tem como espelho o brasileiro Hugo Calderano, que é o número 4 do ranking mundial do tênis de mesa.Descoberto pelo programa “Diamantes do Futuro”, da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Flávio participou de uma semana de treinos da seleção brasileira, entre o final de abril e início de maio, no Rio de Janeiro. Na ocasião, os atletas das categorias de base puderam fazer intercâmbio com os mesatenistas da seleção principal e trocar experiências. Flávio chamou atenção por ser o mais jovem do evento e ganhou elogios de Calderano.Promessa para ciclo a partir de 2028Flávio Coelho se tornou um “diamante” do tênis de mesa após ser descoberto pelo Programa de Detecção Nacional de Talentos. O jovem mesatenista chamou atenção dos treinadores e selecionadores por reunir características como habilidade, inteligência e capacidade de resolver problemas sozinho.Após análise de vídeos pelos treinadores da seleção brasileiro, o garoto goianiense foi convocado para avaliações presenciais e passou por todos os testes. “O Flávio chamou bastante atenção pela capacidade que tem de resolver problemas sozinho. Apesar da pouca idade, ele consegue ter essa virtude. Ele encontra soluções durante os jogos, é um ponto positivo”, relatou Sandro Abrão, que é líder de desenvolvimento da CBTM.O mesatenista goiano também é elogiado por sua técnica apurada e foco nos treinos e durante os jogos. Técnico das categorias de base da seleção brasileira de tênis de mesa, Jorge Fanck rasgou elogios a Flávio.“Vim os o Flavinho na detecção de talentos e ele chamou atenção pela desenvoltura para realizar os golpes, mas principalmente pela inteligência. É um guri que está sempre questionando e anotando as dicas, as informações. Nós vimos que ele compreendia muito bem quando passávamos qualquer tipo de desafio ou exercício novo, sempre era o primeiro a compreender e achar a solução. O lado cognitivo chamou muita atenção”, relatou Jorge Fanck. “Estamos gostando bastante dele. Tem um potencial muito bom”, completou o treinador.O caminho para Flávio chegar ao ápice do tênis de mesa ainda é muito longo e vai exigir que o garoto passe por todas as etapas traçadas. A ideia é que ele seja um atleta olímpico no futuro. É importante frisar que nós respeitamos todas as etapas do desenvolvimento físico e psicológico dele. Nos preocupamos muito em relação à especialização precoce. A proposta que temos para o Flávio é trabalhar para daqui a dois ciclos olímpicos. Estamos falando de 2028 para frente”, explicou Sandro Abrão.