A paisagem em Doha foi perdendo o tom amarelo aos poucos. Com o Brasil eliminado da Copa do Mundo nas quartas de final - derrota para a Croácia nos pênaltis, por 4 a 2, após empate por 1 a 1 -, o que se viu foi uma debandada de brasileiros e de fãs de outras nacionalidades do futebol canarinho das ruas e estádios no Catar. Porém, alguns resilientes não refizeram os planos e seguem acompanhando o Mundial até o seu desfecho, que ocorre neste domingo (18), com o confronto entre Argentina e França, no Estádio Lusail, ao meio-dia (Horário de Brasília).A família Romanholi tem tentado curtir a reta final da Copa. A programação feita por eles foi arriscada. Os cinco assistiram ao confronto do Brasil nas quartas de final no aeroporto. “Embarcamos com as crianças chorando, foi um voo difícil quando viemos para cá, mas estamos aqui pelo futebol”, contou o pai Robinson Romanholi, de 41 anos, que está no Catar acompanhado da mulher Aline, 41, e dos filhos Luca, 10, Isabela e Eduardo, ambos de 8 anos.“Agora, as crianças estão mais tranquilas, até jogam bola na frente do estádio”, brincou a mãe Aline. “Depois que o Brasil caiu, torcemos para essa final, pois teríamos que ter uma final boa. Agora, entre Argentina e França, sinceramente, vou torcer pelo Messi, pois acho que ele merece demais, mas como brasileiro é difícil falar isso”, revelou Robinson.Aliás, o fator Messi é o que leva muitos brasileiros que estão em terras cataris a apoiar os argentinos na busca pelo tricampeonato no domingo (18). “Sem o Brasil, a Copa fica nas mãos do Messi. Estamos desde o início e é uma pena o Brasil não estar conosco, mas os jogos, a cada dia que passa, ficam mais emocionantes e estamos esperando uma final bacana. Vamos torcer pelos argentinos. Vamos torcer pelo Messi e pela Argentina”, comentou o brasiliense Flávio Gonçalves, de 46 anos.Leia também:+ Argentina x França: qual astro vai levar sua seleção ao tri?+ No Catar, fator Messi leva parte dos brasileiros à torcida pela ArgentinaSeu companheiro de viagem, Thiago Vilhena, 41, vai além em sua justificativa pela torcida para que os hermanos levantem a taça. “Queríamos ter visto um Brasil x Argentina na semifinal, pois seria um jogo que entraria para a história. Como não deu certo, o Brasil deu um vacilo contra a Croácia, vou torcer pela Argentina, que tem uma cultura futebolística mais parecida com a nossa. São apaixonados pelo futebol como a gente e a França ganhou o título anterior.”Entre voltar para casa e permanecer para acompanhar de perto a reta final da Copa, pesou a segunda opção. “Tivemos essa mesma experiência na Rússia, quando o Brasil perdeu nas quartas de final e não sabíamos o que fazer, se íamos embora ou ficaríamos. Ficamos até a final e valeu muito a pena”, revelou Thiago. “Fizemos quatro anos de programação. Viemos para viver a Copa. Se o Brasil chegasse à final, ótimo, mas, se não acontecesse, curtiríamos a Copa do mesmo jeito”, falou Flávio.Para Ricardo Cusnir, 56 anos, que chegou ao Catar no dia do jogo do Brasil contra a Croácia, o rótulo de pé frio não é válido. “Já fui pé frio e pé quente também. Desde 1994, estou presente em Copas. É triste, mas a Copa é essa festa que estamos vendo. Ficamos tristes, mas vamos acompanhar até o final. Fazer o quê?”O que ainda divide os brasileiros é a torcida na decisão. “Estamos discutindo isso. Alguns torcem pela Argentina e outros para a França. Eu acho que vai dar França, pois tem mais conjunto. Só o Messi não vai ser capaz de levar o título para os argentinos.” O filho de Ricardo, Rafael, 32, discorda, em partes, do pai. “Sempre contra a Argentina, mas a parte do Messi mexe com o coração. O cara merece demais. Para a história, vai ser bom o Messi ganhar, mas vou de França”, finalizou.-Imagem (Image_1.2579578)